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PHYSICAL ACTIVITY, PHYSICAL FITNESS AND DEGREE OF DEPENDENCE ON BAVD’S and IADL’S
Comparative study of elderly women practitioners and non-practitioners
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Actividad Fisica, Condición Física y Grau de la Dependencia en las AA.BB.DD.VV´s y AA.II.VV.DD´s
Estudio comparativo entre personas mayores praticantes y no praticantes
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AUTORES: Rute Monteiro
Resumo
A prática regular de atividades físicas na terceira idade tem adquirido um importante papel na promoção da saúde e da qualidade de vida dos idosos, refletindo um envelhecimento ativo e mais independente. Este estudo tem o intuito de avaliar a influência da Atividade Física sobre os níveis de Aptidão Física relacionadas ao nível de dependência nas ABVD’s (Atividades Básicas da Vida Diária) e AIVD’s (Atividades Instrumentais da Vida Diária). Para realizar esta investigação foram comparados os resultados obtidos na bateria de aptidão física de Fullerton e nas escalas de Barthel e Lawton, de um grupo de idosas praticantes e um grupo de idosas não praticantes de Atividade Física. Os resultados do estudo indicaram que as idosas praticantes apresentavam bons níveis de autonomia para o desempenho das suas atividades quotidianas enquanto as idosas não praticantes expunham maior dificuldade e até mesmo dependência.
Palavras-chave: AIVD´s, Aptidão Física, Atividade Física, ABVD´s e Envelhecimento
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Abstrat
The practice of regular physical activity in old age has acquired an important role in promoting health and quality of life of older people, reflecting a more active and independent aging. This study aims to evaluate the influence of physical activity on levels of physical fitness related to the level of dependence in BADL’s (Basic Activities of Daily Living) and IADL’s (Instrumental Activities of Daily Living). To realize this research were compared to results obtained in a battery of physical fitness Fullerton and Barthel and Lawton scales, a group of elderly women practitioners and a group of elderly women non-practicing Physical Activity. The study results indicated that the elderly women practitioners had good levels of autonomy to carry out their daily activities while the elderly women non-practitioners exposed more difficult and even dependence.
Keywords: IADL’S, Physical Fitness, Physical Activity, Aging and BAVD’s.
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Resumen
La práctica regular de las actividades físicas en las personas mayores ha adquirido un papel importante en la promoción de su salud y su calidad de vida, lo que refleje en un envejecimiento más activo e independiente. Este estudio tiene como objetivo evaluar la influencia de la actividad física sobre los niveles de la Condicion Fisica relacionadas con el nivel de la dependencia en las AA.BB.VV.DD.´s (actividades basicas de la vida diaria) y AA.II.VV.DD´s (actividades instrumentales de la vida diaria). Para llevar a cabo esta investigación, se compararon los resultados obtenidos en la batería de la condición fisica de Fullerton y en las escalas de Barthel y Lawton, de un grupo de personas mayores praticantes y de otro grupo de personas mayores no praticantes de actividad fisica.Los resultados de eso estudio indicaron que los practicantes mayores tenían buenos niveles de autonomía para llevar a cabo sus actividades diarias mientras que las personas mayores no praticantes tenian gran dificultad e incluso dependencia.
Palabras clave: AA.II.VV.DD´s, condición física, actividad física, AA.BB.VV.DD.´s y envejecimiento
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Introdução
O tema da investigação a realizar é “A importância da Atividade Física (AF) na Aptidão Física (ApF) dos idosos relacionada ao nível de dependência nas ABVD’s (Atividades Básicas da Vida Diária) e nas AIVD´s (Atividades Instrumentais da Vida Diária)”, tendo como objetivo geral avaliar a influência da AF sobre os níveis de ApF relacionadas ao nível de dependência nas ABVD’s e AIVD’s, de idosas praticantes e idosas não praticantes. E portanto a pertinência deste estudo é justificada no sentido em que se pretende aprofundar o conhecimento da influência da AF na qualidade de vida, estreitamente correlacionada à capacidade funcional dos idosos na manutenção de uma vida independente, para melhor adequar as estratégias de intervenção, incluindo uma abordagem preventiva.
1. Enquadramento Teórico
Nos dias de hoje, vai-se tornando vulgar afirmar que o envelhecimento da população é um dos fenómenos mais importantes das sociedades contemporâneas. Carateriza-se por ser um fenómeno moderno e universal, que se traduz pelo facto de o grupo das pessoas idosas não parar de aumentar, simultaneamente ao facto de o número de indivíduos jovens não cessar de decrescer, especialmente nos países desenvolvidos. Estas alterações drásticas na estrutura da população refletem um duplo envelhecimento da mesma. Temos, então, uma população idosa que já supera, e a tendência diz que excederá mais, a população juvenil; uma população idosa, que já é bastante idosa, e cada vez o será mais, até porque as estatísticas revelam que o segmento mais idoso da população idosa é aquele que mais cresce (Simões, 2006:19). Este último grupo é constituído na sua maioria por mulheres, isto é, a proporção de indivíduos de sexo masculino relativamente aos de sexo feminino, é cada vez menor, à medida que se avança na escala da idade. Embora se desconheçam as razões para que as mulheres apresentem taxa de mortalidade inferior à dos homens, presume-se que estejam implicados fatores de natureza genética e ambiental, tais como os papéis sociais e estilos de vida. Em 2002, deparamo-nos com uma esperança média de vida para os homens de 73,68 anos e de 80,56 para as mulheres; um índice de envelhecimento de 105% e um índice de dependência dos idosos de 24,7% (Sequeira, 2010:15). Torna-se, então, evidente que o envelhecimento é um processo complexo, caraterizado por um “conjunto de processos de natureza física, psicológica e social, que com o tempo, produzem mudanças na capacidade de funcionamento dos indivíduos e influenciam a sua definição social” (Atchley, 2000 citado por Simões, 2006:30). Do ponto de vista biológico Saldanha (2009:11) considera que “o envelhecimento é caracterizado pela diminuição progressiva mais ou menos rápida e de intensidade variável da capacidade funcional do organismo, diferente de órgão para órgão e de tecido para tecido, cuja velocidade de progressão depende de factores hereditários, ambientais, sociais, nutricionais e higieno-sanitários”.
Apesar das modificações fisiológicas que o envelhecimento produz no ser humano, é sabido que o sedentarismo representa a causa mais importante para o aparecimento precoce da lentidão dos movimentos, mas também da diminuição funcional dos órgãos revestidos por músculos como acontece com o tubo digestivo e em particular com os movimentos peristálticos que ao tornarem-se mais lentos conduzem à obstipação.
Isto conduz-nos ao problema da dependência na velhice.
A qualidade de vida¹ das pessoas com mais de 65 anos de idade está estreitamente correlacionada com o seu estado funcional em geral e com a capacidade de ter uma atividade física normal em particular. Netto (2002:317) reforça esta ideia ao afirmar que “há uma correlação positiva entre velhice saudável e vida independente, notadamente a independência física.” Conseguir movimentar-se é uma das componentes essenciais de vida do ser humano que lhe permite autonomia² e independência. O mesmo autor, na sequência desta ideia, refere que “uma forma de se quantificar saúde de um idoso é através do grau de autonomiaque ele possui e do grau de independência com que desempenha as funções do dia-a-dia, sempre levando em conta o seu contexto socioeconómico-cultural.” Acrescentando que se pode medir a independência através do seu oposto: a dependência³. Já para Simões (2006:34), “a saúde funcional é aferida pela capacidade de realizar actividades da vida real, sem ajuda, tais como caminhar, tomar banho, vestir-se, comer e cuidar da toilette”.
¹Qualidade de vida é uma perceção individual da posição na vida, no contexto do sistema cultural e dos valores em que as pessoas vivem, e relacionada com os seus objetivos, expectativas, normas e preocupações. É um conceito amplo, subjetivo, que inclui de forma complexa a saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças e convicções pessoais e a sua relação com os aspetos importantes do meio ambiente (OMS, 1999 citado por Sequeira, 2010: 4).
²Autonomia refere-se à capacidade percebida para, controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida quotidiana de acordo com as próprias regras e preferências. Ou seja, é a capacidade de cada um cuidar de si e de se adaptar ao meio e ser responsável pelas suas ações (OMS, 2002 citado por Sequeira, 2010:4).
³Dependência “é a situação em que se encontra a pessoa que, por falta ou perda de autonomia física, psíquica e intelectual, resultante ou agravada por doença crónica, demência orgânica, sequelas pós-traumáticas, deficiência, doença severa e/ou incurável em fase de avançada, ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não consegue, por si só, realizar as atividades da vida diária” (Decreto-Lei n.º 101, 6 de Junho, 2006 – Artigo 3.º)
Como referido anteriormente, o envelhecimento é parte integral e natural da vida que depende não só de factores genéticos mas também e principalmente da forma como vivemos o nosso dia-a-dia. Neste sentido, afirma Sequeira, (2010:23):
“A inatividade associada ao envelhecimento leva à diminuição da atividade muscular e, consequentemente, à perda de tecido muscular, que se traduz numa coordenação sensório-motora menos eficiente, implicando dificuldades acrescidas de adaptação a situações novas. A manutenção de uma atividade física regular constitui uma forma de compensação, contribuindo para a preservação das estruturas orgânicas e do bem-estar aos quais se associa uma menor degeneração fisiológica.”
Contudo, apesar de ser hoje bem reconhecida a importância do estilo de vida adotado para a nossa saúde, persiste o sedentarismo na população portuguesa. Um estudo realizado pelo Observatório Nacional de Atividade Física, publicado pelo Instituto do Desporto de Portugal, I.P., refere que a situação de atividade física denota insuficiência nos idosos. Nesta população, observa-se uma baixa prevalência de pessoas suficientemente ativas, ficando aquém do desejável: nos homens verifica-se uma prevalência de 45% e nas mulheres uma prevalência de 28%. A atividade física encerra vários objetivos aos níveis físico, social e psicológico que se resumem num propósito principal – a melhoria do bem-estar e o aumento da longevidade. Embora a sua prática regular ser benéfica em todas as idades, esta torna-se, ainda mais essencial à medida que envelhecemos, por contribuir em grande escala, para a manutenção da independência funcional.
Para a avaliação desta independência funcional existem vários instrumentos de avaliação geriátrica. O Índice de Barthel é um instrumento que avalia o nível de independência do sujeito para a realização de dez ABVD’s, sendo estas definidas como, de modo sucinto, como o conjunto de atividades primárias da pessoa, relacionadas com o autocuidado e a mobilidade, que permitam ao indivíduo viver sem necessidade de ajuda. Já o Índice de Lawton avalia o nível de independência da pessoa idosa no que se refere à realização das AIVD´s, sendo constituídas pelas atividades que possibilitam à pessoa a adaptar-se ao meio e manter a sua independência na comunidade.
Também na necessidade de identificar a perda funcional de pessoas idosas foram desenvolvidas as baterias de Fullerton. A bateria de aptidão física funcional de Fullerton tem como objetivo avaliar a ApF de pessoas com mais de 60 anos. Sendo a aptidão física funcional reconhecida como a capacidade fisiológica para realizar atividades normais do dia a dia de uma forma segura e independente, sem excesso de fadiga, esta bateria propõe avaliar a capacidade dos sistemas músculo-esquelético, cardiorrespiratório e neurológico através da avaliação de parâmetros físicos como: a capacidade cardiorrespiratória, a resistência muscular, a flexibilidade, a agilidade e a composição corporal.
2. Metodologia
A questão que se coloca neste estudo é a seguinte: A prática de AF reduz o nível de dependência das AVD´s e AIVD´s, ao melhorar o nível de ApF de idosas?
Na tentativa de resolver este problema realizou-se um estudo do tipo quantitativo. Já para a determinação da amostra a estudar recorreu-se ao método probabilístico, utilizando-se o procedimento amostragem por cachos. Após um contacto prévio com a instituição, através de uma reunião agendada com a diretora técnica, a técnica de serviço social, da lista de idosos institucionalizados, selecionou 16 idosas que apresentaram maior disponibilidade e maior acessibilidade à concretização do estudo, respeitando os critérios próprios de inclusão de cada grupo. Para o grupo praticante, as idosas teriam obrigatoriamente de praticar atividade física há pelo menos um ano com uma frequência mínima semanal de uma vez. Quanto ao grupo não praticante, as idosas selecionadas nunca praticaram atividade física. Para ambos os grupos, as idosas teriam de ter 65 ou mais anos. A média de idades das 16 voluntárias é de 81,06±6,567 anos. Já o grupo de idosas praticantes, constituído por oito elementos, apresenta uma média de idades de 77,50±5,071 anos, enquanto o grupo não praticante, também com oito elementos, manifesta uma média de 84,63±6,140 anos.
A colheita de dados, composta por três partes, decorreu entre os dias 4 a 12 de Junho, durante os períodos da manhã, na Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós. O tempo médio gasto no levantamento dos dados por indivíduo foi cerca de 1h. A primeira parte correspondia à aplicação de um questionário de identificação geral (Anexo A) que incluía questões relativas à identificação pessoal, habilitações literárias, estado de saúde e situação de prática de atividade física. A segunda parte correspondeu à realização da bateria de aptidão física funcional de Fullerton, composta pelos seguintes testes: levantar e sentar na cadeira; flexão do antebraço; estatura e peso; sentado e alcançar; sentado, caminhar 2,44m e voltar a sentar; alcançar atrás das costas; e andar seis minutos. A aplicação dos testes respeitou a ordem apresentada, seguindo com rigor o protocolo (Anexo B). Nesta fase, para completar a informação relativa à composição corporal⁴, além da estatura e peso, também foram registados valores do Índice de Massa Corporal (IMC), da percentagem de Massa Gorda (% FAT), da percentagem de Massa Muscular (% MUS) e do nível de gordura visceral. Por último, na terceira parte da recolha de dados, utilizaram-se duas escalas de avaliação do grau de dependência na realização de certas atividades – o Índice de Barthel e o Índice de Lawton –, tendo o investigador questionado o cuidador (técnico de ação social) de forma a não tornar o processo tão moroso. O Índice de Barthel⁵ (Mahoney e Barthel, 1965; Wade e Colin, 1988) é um instrumento de avaliação das atividades básicas da vida diária (ABVD). Este índice é composto por 10 ABVD, sendo que cada atividade apresenta entre dois a quatro níveis de dependência, em que a pontuação 0 corresponde à dependência total, sendo a independência pontuada com 5, 10 ou 15 pontos em função dos níveis de diferenciação, de acordo com o Anexo C. A sua cotação global oscila entre 0 e 100 pontos⁶, variando de forma inversamente proporcional ao grau de dependência, ou seja, quanto menor for a pontuação maior é o grau de dependência. Este índice possibilita a avaliação da capacidade funcional do idoso e determina o grau de dependência de forma global e de forma parcelar em cada atividade. Já o Índice de Lawton (Lawton e Brody, 1969) é um instrumento de avaliação das atividades instrumentais da vida diária (AIVD). É composto por oito atividades: cuidar da casa, lavar a roupa, preparação da comida, ir às compras, utilização do telefone, utilização de transporte, gestão do dinheiro e gestão da medicação. Cada item apresenta três, quatro ou cinco níveis diferentes de dependência, pelo que cada atividade é pontuada de 1 a 3, de 1 a 4 ou de 1 a 5, em que uma maior pontuação corresponde a um maior grau de dependência, variando entre 8 a 30 pontos⁷.
Para o tratamento estatístico dos dados, a ferramenta utilizada foi o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 for Windows. Numa primeira etapa, os dados foram explorados através da estatística descritiva, com o objetivo de obter o perfil do conjunto de dados, através de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio-padrão). A análise inferencial foi executada pelo T-teste para observar a existência de diferenças significativas nos dados de ambos os grupos e pela correlação de Pearson para apurar a existência de associações entre diferentes variáveis.
⁴Os valores da composição corporal, excetuando a estatura, foram obtidos através do Monitor de Composição Corporal marca Omron BF511.
⁵O Índice de Barthel surge como um instrumento válido, fiável e fácil de aplicar na avaliação do grau de autonomia. Surge como mais significativo a avaliação dos itens do que o resultado global, porque permitem identificar onde estão as incapacidades. (Araújo et al, 2007: 65)
⁶Pontuação Índice de Barthel: 90-100 Independente; 60-89 Ligeiramente dependente; 40-55 Moderadamente dependente; 20-35 Severamente dependente; <20 Totalmente dependente.
⁷Pontuação Índice de Lawton: 8 Independente; 9-20 Moderadamente dependente, necessita de uma certa ajuda; >20 Severamente dependente, necessita de muita ajuda.
Apresentação de Resultados
A amostra, constituída por 16 idosas da Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós, apresenta uma média de idades de 81,06±6,567 anos. A idade do grupo praticante varia entre um mínimo de 71 e um máximo de 85 anos, manifestando uma média de 77,50±5,071 anos. Enquanto no grupo não praticante, a idade varia entre um mínimo de 74 e um máximo de 94 anos, sendo a média igual a 84,63±6,140. O estado civil está representado nos gráficos 1 e 2, em baixo, onde 56,3% da amostra são viúvas, 25,5% solteiras e 18,8% casadas. Quanto aos grupos, é no grupo não praticante que se verifica uma maior percentagem de viúvas (37,50%).
Gráfico 1: Estado Civil, em percentagem
Gráfico 2: Estado civil por grupo (frequência e percentagem)
O meio residente de toda a amostra é rural e como consequência 43,8% não frequentou a escola e 68,8% desempenharam a função de domésticas. Relativamente à composição corporal, o grupo praticante apresentou os seguintes resultados médios comparativamente o grupo não praticante (IMC 27,475±3,42 e 27,900±3,41, %FAT 37,187±6,23 e 37,925±6,44 e %MUS 26,913±3,19 e 26,163±4,09, respetivamente).
Para os parâmetros IMC, %FAT e %MUS como o valor de p (0,805;0,819;0,689 , respetivamente) é maior que α, aceita-se a hipótese nula e logo não se observam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nas variáveis em questão.
Quanto aos resultados obtidos pela aplicação da bateria de teste de ApF funcional de Fullerton, observa-se o seguinte:
Tabela 1: Resultados da bateria de aptidão física Funcional de Fullerton
Em todos os testes, o grupo praticante apresentou melhores resultados que o grupo sedentário. Ao recorrer ao teste T observa-se que existem diferenças estatisticamente significativas em todos os testes físicos, excetuando no teste sentado e alcançar.
No que concerne ao Índice de Barthel, os grupos apresentam igual nível de dependência, demonstrando-se ser independentes nas seguintes tarefas: alimentação, higiene corporal, controlo intestinal e deambulação. Já nas restantes tarefas, o grupo não praticante apresentou piores resultados, reveladores de maior dependência, especialmente no item banho.
A avaliação global do Índice de Barthel indica que todos os elementos do grupo praticante são independentes. Já no grupo não praticante, 6 idosas são considerados independentes e ligeiramente dependentes (Gráfico 3). Desta forma, a amostra insere-se em apenas dois dos cinco níveis de dependência deste índice. Ainda assim, como comprova o teste T (p = 0,001, sendo menor que α = 0,05, rejeita-se a hipótese nula), há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, na avaliação global do Índice de Barthel. O mesmo não se verifica na avaliação por tarefa. Referente ao Índice de Lawton, a divergência de resultados foi mais notória. Em todos os itens, pela análise dos resultados do teste T, observam-se diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, bem como na avaliação geral. (Anexo I) Comparativamente ao grupo praticante, o grupo não praticante apresentou maiores dificuldades nas atividades de cuidar da casa, preparar refeições, usar o telefone e usar dinheiro.
O resultado global aponta para 50% da amostra com dependência severa, representada na totalidade pelo grupo sedentário. Já o grupo ativo apresenta duas idosas independentes e seis moderadamente dependentes na concretização das AIVD’s (Gráfico 4).
Analisando os resultados obtidos da última parte dos procedimentos estatísticos (Tabela 2), correlações, pode observar-se que existe valores significativos de associações entre umas e alta correlação entre outras. Assim, existem valores significativos de correlação entre as variáveis: tempo de prática e Índice de Barthel;Tabela 2: Correlações
aptidão cardiorrepiratória e Índice de Barthel; e agilidade, equilíbrio e velocidade e Índice de Lawton. Já as associações entre: tempo de prática e Índice de Lawton; aptidão cardiorrespiratória e Índice de Lawton, entre outras apresentam alta correlação.
Análise de Dados
Quanto aos resultados obtidos através da realização da bateria de Fullerton, em que se verificaram melhores valores em todos os testes, expeto no teste sentado e alcançar, por parte do grupo praticante de AF, outro estudo realizado por Teixeira (2005), sobre o efeito da atividade física na autonomia funcional e qualidade de vida, surge com a mesma tendência. Confirmando a propensão a que os indivíduos que praticam AF possuem mais força, resistência nos membros superiores e inferiores, resistência aeróbia, velocidade, agilidade, equilíbrio dinâmico, o que poderia indicar que a prática de atividade física influencia uma melhor autonomia funcional nos idosos.
À semelhança dos resultados auferidos pelas escalas de Barthel e Lawton, Borges et al (2009), constatou que entre os idosos ativos fisicamente também existe um declínio da capacidade funcional, associado ao processo de envelhecimento, mas de forma mais lenta e menos intensa que no grupo sedentário, pois não foram detetados casos de dependência nas ABVD´s e apenas alguns de dependência parcial nas AIVD´s e nenhum de dependência total. Neste contexto, outro estudo acerca dos efeitos de um programa de atividade física, de Guimarães et al (2008) conclui-se que os idosos obtiveram melhorias na autonomia funcional, repercutindo-se numa menor dificuldade para a realização das AVD e, como consequência, tornaram-se menos dependentes no contexto social em que vivem, após a realização desse programa. Contudo, apesar de muitos estudos em várias áreas de pesquisa, sugerirem que um estilo de vida ativo promove a manutenção da capacidade física funcional de indivíduos idosos por um período mais longo e, consequentemente mantém a sua qualidade de vida, tal não é possível comprovar neste estudo, uma vez que não foram verificadas diferenças na aptidão física funcional dos idosos dos dois grupos.
Ainda assim, no campo das correlações a aptidão física, representada pela capacidade cardior respi ratór ia apresentou valores significativos de correlação quando associada ao Índice de Barthel e alta correlação quando emparelhada com o Índice de Lawton. Num estudo sobre a funcionalidade e a AF, Lobo et al (2007), verificaram que existe uma correlação entre a aptidão física e o Índice de Barthel: quanto menor a aptidão física, menor pontuação de Barthel, ou seja maior grau de dependência.
De encontro aos fortes valores de correlação entre tempo de prática de AF e o Índice de Lawton, existe a sugestão de Borges et al (2009) de prováveis relações existentes entre a prática regular de atividades físicas e a manutenção ou aquisição de bons níveis de autonomia para o desempenho das AVD´s e AIVD´s durante o processo de envelhecimento.
Conclusão
Deste estudo retiraram-se as seguintes conclusões: não existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nos valores de ApF; o grupo não praticante revela maiores níveis de dependência no desempenho da ABVD banho e das AIVD’s cuidar a casa, preparar refeições, usar o telefone e usar o dinheiro; existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nos Índices de Barthel e Lawton, assumindo o grupo não praticante maiores níveis de dependência; e idosas praticantes apresentam maiores níveis de independência nas ABVD’s e AIVD’s. Dado à não existência de diferenças na ApF entre os grupos e atendendo ao problema de partida, não poderei inferir que exista uma relação de causa-efeito como sugerido a priori.
Contudo, estas conclusões apresentam algumas fragilidades na medida em que a diferença média de idades entre o grupo praticante e o grupo não praticante torna-se exagerada. Isto porque estudos indicam que o fator idade pode influenciar o grau de dependência, existindo a tendência de que indivíduos mais velhos apresentem maiores níveis de dependência. Outra limitação tem a ver com o facto da amostra não ser representativa e portanto não se poderá aplicar as conclusões à população.
Referências Bibliográficas