Fev 26, 2014

THE ELDERLY IN A HOSPITAL EMERGENCY SERVICE
LOS ANCIANOS EN URGENCIAS DEL HOSPITAL

Autora
Zaida Azeredo 1
1 Médica, Especialista em Clinica Geral/ Saúde Familiar, Mestre em Gerontologia Social Aplicada, Doutorada em Saúde Comunitária, Membro da UNIFAI
Corresponding Author:zaida.azeredo@gmail.com

Introdução

O envelhecimento demográfico é uma realidade nas sociedades actuais, única na história da humanidade.
Com o aumento progressivo do número e proporção de idosos, tem havido um aumento na prevalência das doenças crónico-degenerativas e de suas complicações, bem como um aumento de incapacidades que levam a uma maior afluência de idosos ao serviço de urgência.

Objetivo: Refletir sobre a procura do serviço de urgência pelos idosos e sobre a sua permanência no mesmo.

Desenvolvimento A Autora faz uma reflexão sobre alguns dos motivos que levam o idoso a recorrer ao serviço de urgência (ainda que por vezes não haja uma aparente razão biológica para tal), bem como sobre o ambiente nesse serviço e a razão porque o Idoso parece aí permanecer por períodos mais longos.

Conclui que os motivos são multifatoriais contribuindo para tal, não só a sua fragilidade (sobretudo no caso de grandes idosos), a sua co-morbilidade e multimorbilidade, mas também fatores sócio-ambientais e a noção de finitude próxima.
Estes são também fatores que devem estar subjacentes à tomada de decisão clínica, no serviço de urgência.
O facto de, os idosos (sobretudo os grandes idosos) necessitarem de uma avaliação global multifacetada, o que a torna morosa e com características especiais, bem como a agressividade que para a sua homeostasia representa o ambiente hospitalar, leva à necessidade premente de repensar este tipo de serviço para uma população geriátrica, que representa uma grande fatia dos utentes.

Palavras Chave: Envelhecimento, família, Idosos, Serviço de Urgência

Abstract

Introduction: The growth of older population in the world is an impair reality in the Humanity story.
As people live longer, the chances of developing chronic diseases and its complications is higher. Handicap people and dependences are also increasing.

Aims: To reflect about the elderly’s emergency services demands, and its function.

Development: The Author analyze why the elderly use the emergency services (even if it is not classified as an emergency situation). Also reflect about the emergency services environment, how they are adapted to the elderly and why this group stays longer

Conclusion: There are multi-factorial reasons which involve frailty, co-morbidity and multi-morbidity, social environment and the proximity of death, among others.
The health professionals must pay attention to these multi-factorial reasons when they take clinical decisions-
Also the emergency service’s environment must be adequate to this kind of users, taking into account their specificity.

Key words: Aging, Family; Elderly; Emergency Services

Introdução

O envelhecimento demográfico constitui uma das características das sociedades actuais na qual se inclui Portugal. O aumento, a nível mundial da proporção de idosos que se verificou no final do século XX e que se vai acentuar no século XXI é algo inédito na história da humanidade. (1)
Em Portugal, entre 1960 e 2000, houve um franco estreitamento na base da pirâmide e um alargamento e alongamento do topo da mesma, que nos próximos anos se vai acentuar (1).
Neste País, entre 1960 e 1991 houve uma diminuição de jovens (de 40% entre os 0-4 anos de idade e de 16% entre os 5-14 anos) enquanto os grupos etários mais velhos aumentavam quer em número quer em proporção (aumento de 35% no grupo etário entre 50-64 anos, de 73% no grupo de idades entre 65-74 anos e de 112% nas pessoas com 75 ou mais ano). (Eurostat 2010) (1) (2). Vemos, assim, que são os grupos mais velhos que mais aumentaram, levantando questões sócio-sanitárias importantes, pois, para além da morbilidade ser maior nestes grupos etários há um aumento da prevalência das doenças crónico-degenerativas, com consequente aumento de incapacidades. Este aumento de incapacidades e de morbilidade, tem subjacente um envelhecimento patológico e fisiológico, e, cumulativamente, um envelhecimento demográfico que, em conjunto com outros fatores socio-sanitários induzem uma afluência significativa de idosos aos serviços de urgência.
O presente artigo tem, assim, como objetivo fazer uma reflexão sobre os idosos no serviço de urgência e fatores socio-sanitários que lhe estão subjacentes.
Os idosos são, o grupo etário que, numa comunidade, apresenta mais incapacidades e maior fragilidade, exigindo a sua situação clínica maior atenção e preocupação que a maioria das pessoas dos outros grupos etários (1)(2)(3)
O aumento de pessoas idosas e de reformados (com as respectivas implicações socio-económicas), bem como o aumento de pessoas a viver só, vai, repercutir-se na saúde de uma população e na utilização dos serviços de saúde, nomeadamente no consumo de consultas e no aumento da duração dos internamentos hospitalares (4) (5) (6). Também, pelo mesmo motivo e de acordo com diversos autores há um aumento da frequência de idosos nos serviços de urgência quer de CSP quer hospitalares, e, nas consultas do Médico de Família, bem como um aumento na necessidade de cuidados domiciliários (área da saúde e sociais). (7) (8)(9)(10) (11)(12). Com efeito, actualmente, os cuidados domiciliários realizados pelo Médico de Família são sobretudo dirigidos a idosos e grande idosos e a pessoas com grau de dependência elevado, sofrendo de patologias (frequentemente de polipatologias ) sobretudo de foro crónico-degenerativo.
Apesar de no final do século XX e início do século XXI se verificar uma contractilidade da morbilidade, isto é, um adiamento da prevalência de patologias incapacitantes (e/ou de suas consequências), para idades mais avançadas, há também, uma maior necessidade de utilização dos serviços de saúde, não só para prevenção de doenças e promoção da saúde, mas também para tratamento de doenças crónico-degenerativas ou para cuidados paliativos e terminais. (13)

Mas, enquanto a necessidade de cuidados aumenta, verifica-se uma diminuição do número de elementos por agregado familiar e portanto de potenciais cuidadores informais, dificultando a responsabilidade da família no cuidar dos seus idosos. (14)
A alteração estrutural não só em número de elementos por agregado, mas também no tipo de família, associada à urbanização dos espaços rurais (que frequentemente determina o afastamento espacial de gerações) bem como o aumento da longevidade são factores importantes que contribuem para que o idoso se veja só, numa emergência/urgência médica. (1) (14) (15). Com efeito há muito idoso (sobretudo os chamados de grandes idosos) que já não têm família. Este factor e a consciência de que a finitude se aproxima, leva o idoso ou a sua família (quando esta existe) a interpretar como muito urgentes sintomas/ sinais que são considerados pelos clínicos como não urgentes.
O isolamento a que estes idosos muitas vezes estão votados e a falência de um apoio social eficaz e eficiente são também factores que influenciam a procura dos serviços de saúde, pois geram medos que criam ansiedade e ajudam a uma somatização.
Segundo Azeredo (2008; 2011) as famílias monoparentais, as famílias reconstruídas e as famílias unitárias têm vindo a aumentar substancialmente em Portugal (1) (14). O lugar do idoso neste novo tipo de famílias é muito complexo, pois é esperado por parte dos elementos que as constituem uma cooperação/ajuda quer económica, quer no cuidar dos descendentes, nem sempre possível, o que preocupa o idoso em relação ao seu futuro.
Tradicionalmente não havia ascendentes que necessitassem de cuidados prolongados, pois as pessoas morriam muito cedo, ainda mesmo antes da reforma. Mas actualmente, cuidar de um idoso a necessitar de ajuda (que se pode prolongar no tempo e progressivamente exigir mais e mais disponibilidade) complica o funcionamento e equilíbrio (muitas vezes instável) destas famílias, ainda agravado pelo trabalho fora de casa dos elementos femininos, tradicionalmente considerados como os cuidadores informais
Quando a família é apenas constituída por duas pessoas e, a que necessita de cuidados é idosa, o outro elemento frequentemente também o é e também tem problemas de saúde. Nestes casos o recurso à visitação domiciliária e ao serviço de urgência torna-se muito mais frequente, sendo muitas vezes o(a) doente transportado(a) de ambulância para este último serviço, não só porque não tem transporte próprio, mas também por desta forma haver maior celeridade no atendimento.
Com a urbanização dos espaços rurais, os habitantes mais jovens das cidades, tendem a migrar para a periferia (para zonas suburbanas) onde têm mais facilidade de encontrar casas mais económicas mais modernas e melhores. (1)
Assim o centro da cidade vai-se esvaziando de jovens, restando naquele, idosos a viver em casas muitas vezes degradadas, sem elevadores, o que dificulta a sua mobilidade e a acessibilidade aos serviços de saúde a não ser em situações por eles consideradas urgentes ou, quando solicitam a deslocação ao domicílio dos profissionais de saúde
É frequente, os idosos referirem que vivem nestas habitações há mais de 40-50 anos tendo elas sofrido poucas obras / remodelações.

As barreiras arquitectónicas frequentemente existentes nos edifícios mais antigos, são também um dos motivos porque é tão frequente a utilização de ambulância na deslocação de idosos para o serviço de urgência.
Nestes centros urbanos, quando existe família (à semelhança do que agora também se passa nas zonas rurais), esta geralmente não cohabita com o idoso a não ser quando se trata do conjugue que também é idoso e por vezes portador de alguma incapacidade.
Embora resida no mesmo centro urbano, a família frequentemente, não está fisicamente próxima. Qualquer condição clínica que saia dos padrões de sinais/ sintomas habitualmente manifestados pelo idoso são motivo de alarme. Estes factos associados à proximidade da sua finitude podem produzir uma reacção de pânico (ainda que não expresso) que leva o idoso a tomar a decisão de recorrer a serviços que de uma forma mais ou menos rápida podem dar resposta à situação clínica agora apresentada.
Com a triagem de Manchester o recurso à ambulância pode, também ser para o idoso, uma forma de mais rapidamente ser atendido, sem ter de permanecer por longo tempo na sala de espera.
No entanto, a triagem que agora é feita nos serviços de urgência parece não estar dimensionada para o risco em que incorrem as pessoas idosas fragilizadas que apresentam situações clínicas de grande complexidade e com manifestações clínicas muitas vezes atípicas

O idoso e o serviço de urgência

Num estudo feito no ano de 2003 no Serviço de Urgência do Hospital S. Francisco Xavier, o grupo etário entre os 25-64 anos representava cerca de 53% do total de episódios e as pessoas com mais de 65 anos representavam cerca de ¼ de toda a afluência. Neste estudo os principais motivos de recurso ao serviço de urgência foram : causas médicas (76,7%) seguidas de causas traumáticas (cerca de 19%)
Smith (2001) citado por Oliveira (2008) defende que os serviços agudos devem ser pensados como um sistema simples; a urgência ocorre na rua ou em casa do doente, e só depois é que este se dirige ao hospital para ser avaliado e/ou tratado. Finda esta observação e/ou tratamento o doente tem alta (regressando ao seu domicílio, a casa de familiares ou a uma instituição); pode, ainda,ser internado ou ser verificado o seu óbito. (9) (10)
O facto de os idosos frequentemente sofrerem de polipatologias e/ou de suas complicações, e de estarem polimedicados (podendo mesmo estar subjacente ao seu recurso ao serviço de urgência uma situação iatrogénica) leva os clínicos a serem mais cautelosos quando do estabelecimento de um diagnóstico da situação clínica bem como nas tomadas de decisão. O recurso a exames complementares de diagnóstico (por vezes aparentemente desnecessários) e a um maior tempo de permanência em observação são algumas das estratégias usadas pelos clínicos.
Segundo Oliveira (2008) o preditor mais importante para a procura pelo idoso, dos serviços de saúde é a percepção do seu estado de saúde (que pode diferir da que o profissional de saúde tem) e quão urgente é percepcionada a situação. (9)
Esta percepção, associada ao contexto emocional e ambiente social em que a situação ocorre, bem como à acessibilidade aos serviços de saúde e ao conhecimento
prévio da doença ou situação que causa o episódio agudo, são determinantes na tomada de decisão de se dirigirem a um serviço de urgência ou ao centro de saúde, ou, ainda, de chamarem um clínico ao domicílio. Apraz acrescentar ponderações económicas e facilidades familiares. (10)
Azeredo (2003) afirma que na ausência de uma organização social eficaz e/ou exaustão de um cuidador o recurso aos Profissionais de Saúde aumenta, hiperdimensionando-se necessidades latentes (7)
Como anteriormente já se afirmou, o idoso cada vez mais é uma pessoa solitária e, á medida que a idade avança, mais fragilizada, recorrendo por estas razões mais ao serviço de urgência.
Segundo Remoaldo (1993) o recurso ao serviço de urgência pode também representar uma chamada inconsciente de atenção sobre si, da família e da sua rede social. (11)
Geller, Janson et al. (1999) num estudo que efectuaram em 164 pessoas encontraram uma correlação entre solidão e recurso aos serviços hospitalares (16)
Há pois necessidade de os profissionais de saúde estarem atentos à complexa teia que envolve o idoso que recorre ao serviço de urgência pois a permanência neste serviço, ainda que por umas horas, pode desencadear uma panóplia de emoções que o idoso tem dificuldade em verbalizar e que podem causar confusão que muitas vezes perdura durante semanas ou mesmo meses.
O serviço de urgência representa para o idoso não só a gravidade da situação/ doença, mas também um mundo inóspito e desconhecido que precisa de ser minimizado com uma boa relação entre a equipe de saúde e o doente, ou a presença de um familiar que tal como na criança lhe dê a confiança necessária.
A utilização de técnicas muitas vezes cruentas, sem prévia explicação, representa uma ameaça/ agressividade ao seu normal quotidiano e á sua rotina responsável pela manutenção da sua homeostasia.
A perda de objectos de referência devida ao cumprimento de normas de serviço, é outra agressividade que no adulto jovem assume uma importância minor mas que no caso do idoso pode desempenhar um papel de relevo, sobretudo quando este idoso está fragilizado.
Como Castro, Catita, Cordeiro & Vaz (2002) afirmam só se cuida verdadeiramente quando se reconhece no utente, por um lado, a fragilidade da qual emerge a necessidade do cuidado e por outro, a capacidade que este tem para participar nesse mesmo cuidado (17)
O serviço de urgência pelas suas características intrínsecas, a intensidade e frequência de emoções vivenciadas (em que há um contacto permanente com situações emergentes e a morte), bem como a mobilidade de profissionais, doentes e familiares é por si só indutor de despersonalização e de desumanização dos cuidados prestados, podendo gerar no idoso desconforto, insegurança e confusão, com consequente agravamento do seu estado físico e mental, já de si fragilizado pela situação clínica. (18)
Continuando a aumentar a proporção de idosos na população em geral, vai haver necessidade de, há semelhança do que foi feito em outros países, repensar o serviço de urgência hospitalar, não só no que diz respeito ao espaço, mas também no que concerne aos recursos humanos, para se fazer face à afluência de idosos a este serviço e neles minimizar os danos causados pela sua permanência no mesmo.
A Lei 33/2009 de 14 de Julho, permitindo que todo o cidadão admitido no serviço de urgência possa estar acompanhado por uma pessoa, já ajuda um pouco a situação do idoso neste serviço, pois é através deste elemento que se faz o seu contacto com o exterior, porém é importante ter a certeza de que o elemento presente é aquele que representa a pessoa significativa para o idoso.

Síntese final

O Serviço de Urgência é um serviço para abordagem de situações urgentes e emergentes, porém o que é urgente para um utente e/ou seus familiares pode não o ser para o profissional. A ida e/ou permanência no serviço de urgência de um idoso representa sempre uma ameaça á sua homeostasia, já de si fragilizada, não só pela incerteza da evolução da sua situação clínica, mas também por ser um ambiente desconhecido e muito stressante e agressivo.
Com o aumento da proporção de idosos e grandes idosos na população em geral, vai haver um franco predomínio destes com polipatologias e polimedicados a recorrer ao serviço de urgência, havendo por isso necessidade de repensar este serviço, de forma a torná-lo mais acolhedor, e a minimizar os seus efeitos que poderão agravar a situação clínica já presente.
Como Tavares (2012) afirma as pessoas idosas que recorrem ao serviço de urgência têm uma apresentação clínica complexa e, muitas vezes manifestam resultados adversos após a vinda ao serviço de urgência (19)
Este fenómeno associado ao aumento percentual de pessoas idosas e pessoas fragilizadas que recorrem ao serviço de urgência exige da parte dos profissionais de saúde uma maior vigilância e maior número de tarefas, com consequente aumento no dispêndio de tempo por pessoa atendida, bem como consequentemente, maior necessidade de recursos. Parece, assim, haver necessidade de os idosos permanecerem mais tempo no serviço de urgência, apresentando problemas sócio-sanitários de grande complexidade o que exige por parte dos profissionais maior disponibilidade e especificidades nas suas competências.
O modelo tradicional do serviço de urgência focado na triagem tratamento e encaminhamento rápido não permite conhecer de forma abrangente e integrada as necessidades clínicas dos idosos que aí recorrem, de forma a fazer-se uma abordagem compreensiva e uma referenciação adequada, evitando situações iatrogénicas complicadas e/ou novo recurso extemporâneo ao serviço de urgência ou a visitação domiciliária. (19)
Segundo Tavares (2012) há necessidade de os profissionais acrescentarem às suas habilidades e competências clínicas que já possuem para atender situações urgentes e emergentes, outras de foro geronto-geriátrico.( 19)
A população vai continuar a envelhecer e com ela as situações urgentes e emergentes vão sendo cada vez mais complexas de difícil resolução, devendo os profissionais ter formação adequada para observar e pensar no idoso doente como um todo, portador de co-morbilidades e multi-morbilidades que obrigam a uma polimedicação (que pode interferir na terapêutica a instituir no serviço de urgência). Muitas vezes, possui, ainda, uma fragilidade sócio-sanitária que pode influenciar o prognóstico ou ser a base de manifestações atípicas quando está no serviço de urgência, cujo ambiente, por si só já lhe é inóspito.
Há também necessidade de adaptar o ambiente físico de um serviço de urgência a este tipo de utentes que vão sendo cada vez mais em maior número, de forma a evitar efeitos secundários provocados pelo mesmo (desorientação espaço-temporal, infecções nosocomiais, etc).

Referências Bibliográficas
1 – Azeredo Z. O Idoso como um todo…. Viseu: Psicosoma; 2011
2 – European Union. Europe in Figures: Eurostat yearbook 2010 Belgium: European Commission; 2010
3 – Azeredo Z. O Idoso fragilizado e a prevenção da fragilidade Revista Ibero- Americana de Gerontologia 2013; 2: 70-78
4 – Rosa MJV. O desafio social do envelhecimento demográfico Análise Social 1993;1223 (3): 679-689
5 – Rosa MJV. O envelhecimento demográfico: proposta de reflexão sobre o curso dos factos Análise Social 1996;31:1183-1198
6 – Rosa MJV. O envelhecimento da Sociedade Portuguesa Lisboa Fundação Francisco Manuel dos Santos Relógio d’Água Editores; 2012
7 – Azeredo Z. O doente com AVC e o prestador de cuidados Geriatria 2003; XV,154:27-30
8 – Yim V W T, Graham CA. A comparison of emergency department utilization by elderly and younger adult patients presenting to three hospitals in Hong Kong Int J. Emerg Med;2009;2:19-24
9 – Oliveira A. Hiperutilizadores e urgência Act Med Port;2008; 21(6):553- 558
10 – Oliveira A. Requalificação da rede da urgência/emergência: mudança certa ou errada Medicina Interna 2008;15,4:237-244
11 – Remoaldo PC. Aspectos sócio-demográficos e nosológicos da população do serviço de urgência do Hospital Distrital de Guimarães Rev Faculdade de Letras- Geografia 1993;I,IX: 45-99
12 – Beland F, Lemay A, Philibert L, Maheux B, Grovel G. Elderly Patient’s use of hospital – based emergency service Medical Care 1991; 29:408-418
13 – Laporte ASJ. La valoriacion de la multimorbilidad en personas de edad avanzada – una área importante de la valoriacion geriátrica integral Rev Esp Geriatria y Gerontol 2012;47(2): 47-48
14 – Azeredo Z. A família como núcleo de mudança cultural in Jorge VO, Macedo JMC. Crenças religiões e poderes: dos indivíduos às sociabilidades Sta Mª da Feira Ed Afrontamento 2008.pp 113-120
15 – Alarcão M. ( Des)Equilíbrios familiares Coimbra Ed Quarteto 2000
16 – Geller J, Janson P, McGavem E, Valdini,A. Loneliness as a predictor of hospital emergency department use The Journal of Family Practice 1999,48(10):801-804
17 – Castro C, Catita P, Cordeiro T, Vaz C. Saber escutar para saber cuidar Nursing 2003,162
18- Lima MLC, Souza ER, Acioli RML, Bezerra ED. Análise dos serviços hospitalares clínicos aos idosos vitimas de acidentes e violências Ciências & Saúde Colectiva 2010,15(6):2677-2686
19 – Tavares, JPA. Identificação das pessoas idosas de risco no serviço de urgência: que realidade? Journal of Aging and Inovation 2012,1(4):14-25

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Mar 7, 2013

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SKIN IN THE ELDERLY

PIEL EN PERSONAS MAYORES

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AUTORES: Elsa Menoita, Vítor Santos, Ana Sofia Santos

Resumo

A pele é considerada um dos órgãos que mais sofre transformações à medida que a idade avança. Assim, manter a integridade cutânea é de extrema importância para que o organismo se possa defender das diversas alterações ou mudanças às quais a pessoa esteja exposta (DUARTE et al, 2000). O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico no qual ocorrem alterações das características morfológicas e fisiológicas no organismo vivo ao longo do tempo.

Segundo Oriá et al (2003), a pele apresenta, com o avançar da idade, diminuição da espessura epiderme-derme; redução da elasticidade e da secreção de sebo pelas glândulas sebáceas; resposta imunológica comprometida; decréscimo do número de glândulas sudoríparas; diminuição do leito vascular com fragilidade dos vasos sanguíneos. Assim, evidencia-se a necessidade de cuidados específicos para a pele do idoso que atendam às alterações do sistema tegumentar.

 Palavras-chave: Pele, Envelhecimento Cutâneo, Pessoa Idosa.

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Abstract

The skin is considered an organ that suffers most changes as age advances. Thus, maintaining skin integrity is extremely important for the body to be able to defend the various modifications or changes to which the person is exposed (Duarte et al, 2000). Ageing can be defined as a biological process in which changes occur morphological and physiological characteristics of the living organism over time.

According Oriya et al (2003), presents the skin, with advancing age, thinning of the epidermis, dermis, decreased elasticity and sebum secretion by the sebaceous glands, impaired immune response, decrease the number of sweat glands; decreased fragility of the vascular bed to blood vessels. Thus, it is evident the need of specific care for the skin of the elderly that meet the changes of the integumentary system.

 Keywords: Skin, Skin Aging, Elderly.

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INTRODUÇÃO

A pele é considerada um dos órgãos que mais sofre transformações à medida que a idade avança. Assim, manter a integridade cutânea é de extrema importância para que o organismo se possa defender das diversas alterações ou mudanças às quais a pessoa esteja exposta (DUARTE et al, 2000).

O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico no qual ocorrem alterações das características morfológicas e fisiológicas no organismo vivo ao longo do tempo.

Segundo Oriá et al (2003), a pele apresenta, com o avançar da idade, diminuição da espessura epiderme-derme; redução da elasticidade e da secreção de sebo pelas glândulas sebáceas; resposta imunológica comprometida; decréscimo do número de glândulas sudoríparas; diminuição do leito vascular com fragilidade dos vasos sanguíneos. Assim, evidencia-se a necessidade de cuidados específicos para a pele do idoso que atendam às alterações do sistema tegumentar.

1. ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

Papaléo e Borgonovi (1999) definem o envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda gradual da capacidade de adaptação da pessoa ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e consequentemente maior incidência de processos patológicos.

Os tecidos gradualmente passam por mudanças de acordo com a idade, sendo que, na pele, essas alterações são mais facilmente reconhecidas, conforme já referido (SANTANA et al, 2003).

Divide-se o envelhecimento cutâneo em:

  • Intrínseco ou cronológico;
  • Extrínseco ou fotoenvelhecimento.

Ambos apresentam sinais diferentes e diferem, também, na visualização microscópica.

O fotoenvelhecimento é uma entidade distinta do envelhecimento cutâneo cronológico. Pode ser identificado mesmo em pessoas muito jovens. Não tem uma proporcionalidade obrigatória com a idade.

1.1. MECANISMOS ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

De seguida, abordar-se-á, alguns mecanismos que desencadeiam o envelhecimento cutâneo.

Encurtamento e rutura dos telómeros

O envelhecimento intrínseco ou cronológico é um evento programado, e está, em parte, associado ao encurtamento dos telómeros. Os telómeros são sequências de repetições nucleopeptídicas presentes no final dos cromossomas. Como a DNA-polimerase não consegue transcrever a sequência final das bases presentes no ADN durante a replicação, o tamanho telomérico vai-se reduzindo a cada mitose. Com a ausência dos telómeros, após várias divisões há a interrupção da divisão celular e consequentemente o envelhecimento celular (RABE et al, 2006).

A telomerase – uma enzima ribonucleoproteica – impede esse encurtamento do telómero e, consequentemente, o envelhecimento celular. Contudo, a atividade da telomerase é reduzida com o avanço da idade.

Stress Oxidativo

A exposição à radiação ultravioleta (UV) desencadeia dois fatores relacionados com o fotoenvelhecimento: mutação mitocondrial e indução de metaloproteinases da matriz (MMP).

Nas células, os códigos proteicos são armazenados nos núcleos e nas mitocôndrias. As mitocôndrias contêm múltiplas cópias de ADN (mitocondrial) e as células contêm inúmeras mitocôndrias, produtoras de adenosina-trifosfato (ATP) – molécula energética.

As espécies reativas de oxigénio (EROS – em inglês: reactive oxygen species: ROS), também designados de radicais livres, são moléculas que podem danificar outras moléculas, como os lípidos, proteínas e também o próprio ADN. As ERO desencadeiam stress oxidativo, capazes de produzir danos nas células parenquimatosas e endoteliais dos mais diversos tecidos e órgãos.

De acordo com Koch et al (2000), foram observadas mais mutações no ADN mitocondrial em peles foto-expostas, do que em peles protegidas do sol.

A UV penetra a pele e, de acordo com o comprimento de onda, interage com as diferentes células localizadas nas diferentes camadas. A radiação de ondas curtas (UVB: 290-320nm) é mais absorvida na epiderme e afeta predominantemente os queratinócitos, enquanto as ondas mais longas (UVA: 320-400nm) penetram de modo mais profundo e atingem não só os queratinócitos da epiderme, como, também, os fibroblastos da derme (Figura nº9) (KRUTMANN, 2001).

Cada tipo de onda atua de modo específico. A radiação UVA é responsável por cerca de 67% da geração de radicais livres no estrato córneo. Esta age indiretamente através da geração de EROS que atuam na ativação de fatores envolvidos na transcrição do ADN. Esse processo resulta em mutações no ADN mitocondrial (HERNANDEZ-PIGEON et al, 2007). A UVB, por sua vez, também gera espécies de EROS, porém, tem uma ação mais no ADN. Os UVB são absorvidos pelo ADN e provocam a sua mutação (STEGE et al, 2000). Essa interação cria foto-produtos como pirimidinas, que podem estar relacionadas a lesões cutâneas pré-malignas.

Havendo uma sobrecarga de EROS por exposição à UV, verifica-se uma ativação das quinases, que aumentam a expressão e ativam fatores de transcrição como a proteína 1 (AP-1) e o fator kB de transcrição nuclear (NF-kB) (LANDAU, 2007).

A AP-1 ativada estimula a transcrição de genes de enzimas desintegradoras da matriz, como as metaloproteinases da matriz, nomeadamente as MMP1, MMP3, MMP9. A MMP1 cliva os colagénios tipo I e tipo III da pele, preparando-os para serem degradados pelas MMP3 e MMP9. Nesse processo ocorre também redução do colagénio VII, importante componente da juncão dermo-epidermica (LANDAU, 2007).

O NFkB ativado, por sua vez, estimula citoquinas pró-inflamatórias (como o Factor de Necrose Tumoral α – TNF – α e a Interleucina-1β – IL-1 β -), que promovem a produção de MMPs, elastase, e EROS, que por sua vez, vão fomentar os processos catabólicos e de apoptose.

Deste modo, com um aumento de metaloproteinases da matriz verifica-se um incremento de processos de degradação da maioria das proteínas, do tecido conjuntivo, presentes na matriz, como, por exemplo, o colagénio.

É, ainda, importante referir que, os danos foto-oxidativos acumulativos, gerando uma sobrecarga de EROS, aceleram o encurtamento dos telómeros.

Glicolisação

A glicolisação é uma reação não-enzimática, entre proteínas e glicose ou ribose que gera os produtos AGE (advanced glycation end product, na língua inglesa). Sabe-se que, os AGE contribuem para acelerar o fotoenvelhecimento por precipitar a apoptose dos fibroblastos, desencadeando a glicolisação do colagénio que colabora para a sua degeneração e a consequente alteração mecânica dérmica. Este processo, também, ocorre na biologia da ferida diabética.

 1.2. ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS

 Convém ressalvar que, independentemente da idade da pessoa, a espessura total da pele, espessura relativa da epiderme e derme, distribuição e fenótipo da população celular na derme, presença de anexos cutâneos e densidade da microvasculatura e de nervos variam conforme a localização do corpo (SANTANA et al, 2003). Contudo, na maior parte das pessoas, a radiação UV é a responsável pela maioria das alterações cutâneas que caracterizam o envelhecimento, assim como pela distribuição destas alterações, que se observam em áreas habitualmente expostas ao sol e não em áreas não expostas.

Com o aumento da idade, a pele tende a tornar-se flácida e fina, sendo caracterizada por decréscimo do tamanho dos queratinócitos e diminuição da proliferação celular no estrato basal (PAPALÉO, 2005). De acordo com Makrantonaki e Zouboulis (2007), a taxa de proliferação dos queratinócitos declina de 30% a 50% entre os 30 e os 80 anos. Para os mesmos autores, a epiderme diminui de espessura cerca de 5% a 30% a partir dos 60 anos de idade.

No envelhecimento intrínseco não se verificam acentuadas alterações na população celular dos melanócitos, contudo, perante o foto-envelhecimento há alterações da densidade melanocítica, favorecendo o desenvolvimento de efelides, lentigos, leucodermia, entre outras alterações, que serão posteriormente explanados.

As células de Langerhans diminuem cerca de 70% durante o início da fase adulta até à velhice.

Alguns trabalhos têm demonstrado uma menor adesão entre a derme e a epiderme, garantindo uma menor resistência à pele da pessoa idosa (ACCURSIO et al, 2001). A junção dermo-epidérmica (JDE) é menos espessa e frágil na pessoa idosa, pois vai perdendo a arquitetura axial-vertical das fibras elásticas nas papilas dérmicas que prendem a epiderme, com acentuada e evidente fragmentação dessas fibras. Assim, verifica-se um aplanamento da junção dermo-epidérmica, sendo esta uma das características principais da pele envelhecida, constituindo o fenómeno mais típico e consistente do envelhecimento cutâneo. Deste modo, este aplanamento da junção entre os dois tecidos está relacionado com a diminuição da altura, ou mesmo desaparecimento das papilas dérmicas e das cristas epidérmicas interpapilares, precisamente por fragmentação das fibras elásticas.

De acordo com Zimbler et al (2001), o achatamento da junção dermo-epidérmica ocorre tanto no fotoenvelhecimento como no envelhecimento cronológico. A consequência fisiológica deste achatamento é a suscetibilidade aumentada para a ocorrência de quebras cutâneas.

Um estudo da pele na região abdominal mostrou que a área de superfície da JDE diminuiu de 2,64 mm2 em pessoas com idades de 21 a 40 anos para 1,90 mm2 em pessoas de 61 a 80 anos (SUMINO et al, 2004).

Esta perda de área de superfície da JDE pode conduzir à fragilidade aumentada da pele e também resultar em menor transferência de nutrientes entre derme e epiderme (SUMINO et al, 2004).

As pessoas com 65 anos de idade ou mais demonstram perda de aproximadamente 20% da espessura da derme, que pode favorecer a penetração de agentes infeciosos, assim como a formação de quebras cutâneas.

Verificam-se alterações no tecido conjuntivo, este que atua como alicerce estrutural para epiderme, implicam, por corolário, mudanças na aparência externa, refletidas no estrato córneo.

As modificações das fibras de colagénio e elastina ao longo da vida estabelecem uma base morfológica substancial para compreender as adaptações bioquímicas e biomecânicas da pele com a idade. A espessura da pele e as suas propriedades elásticas não dependem apenas da quantidade de fibras presentes na derme, mas também de sua organização estrutural (SANTANA et al, 2003).

As modificações observadas na derme durante o processo de envelhecimento são das mais relevantes, sendo de salientar, em relação à pele não exposta, uma diminuição da espessura da derme com rarefação celular tanto em fibroblastos como em mastócitos. Na pele exposta constata-se, numa fase precoce, um aumento do número de mastócitos e um decréscimo do número de fibroblastos, sendo alguns hiperplásicos, reduzindo, assim, a produção de colagénio, e aumentando a sua degradação.

De acordo com Ferolla (2007), verifica-se um aumento da atividade proteolítica e, consequentemente, da degradação do colagénio. O número de fibroblastos está reduzido, alterando a capacidade de biossíntese de colagénio.

No fenómeno do envelhecimento cronológico, a pele apresenta diminuição de fibras elásticas, causada pela fragmentação e desintegração.

Oria et al (2003) observaram fragmentação acentuada das fibras elásticas em toda a extensão da derme no grupo de pessoas idosas, em contraste com o aspeto contínuo das fibras elásticas do grupo jovem. As fibras elásticas no primeiro grupo apresentavam-se mais frouxamente dispersas e com uma diminuição no entrançamento em relação às fibras de colagénio.

A pele envelhecida por influência de fatores extrínsecos como exposição crónica a radiação UV, fumo, toxinas químicas e circunstâncias climáticas, favorecem o aumento progressivo do número, da fragmentação e da porosidade das fibras elásticas na derme e uma evidente diminuição e degeneração das fibras de colagénio (MOI, 2004; ORIA et al, 2003). Os UVA penetrando até à derme reticular estimulam os fibroblastos a produzir um excesso de fibras elásticas anormais. No foto-envelhecimento sobressai, na derme, a elastose actínica que se caracteriza por uma modificação marcada das fibras do sistema elástico, que será à posteriori paulatinamente descrito.

As alterações estruturais e arquitetónicas das fibras elásticas que ocorrem com o avançar da idade tornam vulnerável o sistema de colagénio às forças mecânicas, como a fricção e cisalhamento. Como consequência, as fibras de colagénio submetidas a uma maior deformação, e uma vez que representam um elemento de resistência, podem acabar por romper-se, e desenvolver-se quebras cutâneas (QUINTAS et al, 2000).

Além das proteínas fibrosas de suporte, os glicosaminoglicanos, da matriz extracelular da derme, sofrem também alterações importantes no decorrer do envelhecimento, tanto em pele exposta como em pele não exposta à radiação solar. Os estudos bioquímicos efetuados demonstram que, na pele, ao longo da idade, há diminuição do conteúdo total de glicosaminoglicanos, como o sulfato de dermatano e o ácido hialurónico, aumentando os espaços entre as fibras, e diminuindo a capacidade de reter moléculas de água e iões, com menos propriedades de hidratação e capacidade migratória das células.

Observou-se uma correlação positiva e significativa da espessura da derme e epiderme em relação ao IMC, podendo ser justificada pelo fato das células precisarem de energia para exercerem suas funções e permanecerem vivas. Assim, o fornecimento de substratos energéticos poderia favorecer a proliferação celular, contribuindo com o aumento quantitativo de células no epitélio (ROUBENOFF et al, 2000).

As estruturas anexas diminuem de tamanho e em número. As glândulas sudoríparas tornam-se menores e menos ativas (ERSSER et al 2009), resultando numa pele mais seca. Também, as glândulas sebáceas apresentam uma diminuição na sua produção de secreção até 60%, ao longo da vida. Esta diminuição da lubrificação natural pode provocar xerose cutânea – Xerosis cútis – e ser um fator contribuinte para o desenvolvimento de quebras cutâneas (LEBLANC e BARANOSKI, 2011). Estudos desenvolvidos por Brillhart (2005) e White et al (1994) revelaram que os cuidados de higiene prestados às pessoas idosas por rotina com o vulgo sabonete com pH alcalino, contribui para a secura da pele, tornando-a mais suscetível a desenvolver quebras cutâneas.

Depois dos 30 anos de idade, o número e o tamanho das fibras musculares começam, progressivamente, a reduzir, contribuindo para a diminuição da massa músculo-esquelética. Na pessoa idosa, este processo é agravado com o ciclo de inatividade, favorecendo o desenvolvimento de sarcopenia.

1.3. MANIFESTAÇÕES CLINICAS

A diminuição de espessura da epiderme e derme e a diminuição da gordura subcutânea manifesta-se fisicamente em rugas. De acordo com Zimbler et al (2001), não existe consensualidade na literatura relativamente à nomenclatura rugas, havendo menção a ritides, linhas, sulcos e dobras. Neste manual, optou-se pela terminologia rugas.

O envelhecimento intrínseco é caracterizado por atrofia da pele, traduzindo-se em rugas finas.

Cerca de 85% das rugas na pele envelhecida deve-se ao envelhecimento extrínseco. Estas caraterizam-se por serem profundas.

As rugas finas devem-se ao adelgaçamento da epiderme e da derme superior criando um tipo de tecido parecido com “folha de papel”, resultando em rugas entrecortadas. Estas podem-se dividir em rugas estáticas ou dinâmicas.

As rugas estáticas surgem na ausência do movimento e representam a fadiga das estruturas que compõem a pele. As rugas gravitacionais são rugas estáticas que decorrem do envelhecimento resultando na queda das estruturas da face. A gravidade provoca a queda da pele, principalmente, do supercílio e músculos do terço inferior da face com perda do contorno da mandibula, aparecimento do sulco mento-labial e flacidez cervical. Ocorre atrofia e perda da função muscular dos orbiculares e masséter. Os músculos da mímica facial enfraquecem-se, com aprofundamento do sulco nasogeniano.

As rugas dinâmicas são decorrentes de movimentos repetitivos dos músculos da face. As rugas relacionadas com os músculos são causadas por movimentos repetidos que criam marcas na epiderme e na maior parte da derme. De acordo com Peyrefitte et al (1998), as rugas dinâmicas podem-se apresentar e desenvolver da seguinte forma:

a) As rugas da testa resultam da contração do músculo frontal. Elas são horizontais, perpendiculares ao músculo frontal e são as primeiras a surgir.

b) Agravamento do aprofundamento dos sulcos nasogenianos devido à ação dos músculos elevadores do lábio superior e dos zigomáticos.

c) O músculo orbicular das pálpebras provoca ao se contrair, rugas radiais ao ângulo externo dos olhos.

d) As rugas em torno da boca são causadas pelas contrações do orbicular dos lábios.

e) As rugas horizontais e verticais da raiz do nariz desenvolvem-se sob a ação dos músculos piramidal para as horizontais e superciliar para as verticais.

As rugas podem ser classificadas em classes ou tipos. Faremos menção à classificação de Fitzpatrick e de Glogau.

Existe a classificação de rugas estabelecida por Fitzpatrick (1996):

  • Classe I: Rugas finas; elastose leve: discretas alterações da textura da pele com linhas subtilmente acentuadas.
  • Classe II: Rugas finas/moderada profundidade; número moderado de rugas; elastose moderada: com translucidez amarela sob luz direta.
  • Classe III: Várias rugas profundas e linhas numerosas, com ou sem pregas cutâneas excessivas; elastose grave, multipapular e confluente, com pele, amarela espessa, ou consistente com cutis rhomboidalis.

Glogau (1996) propõe um outro sistema de classificação para rugas com quatro níveis:

Tipo I: sem rugas

  • Fotoenvelhecimento inicial;
  • Pequenas mudanças de pigmentação;
  • Pele fina, com pouca espessura;
  • Rugas mínimas;

Tipo II: rugas em movimento

  • Fotoenvelhecimento intermediário/moderado;
  • Pequenas manchas marrons na pele;
  • Espessura da pele mais grossa em alguns pontos, possível de ser sentida pelo tato, mas invisível;
  • Linhas começam a aparecer com o sorriso;

Tipo III: rugas em repouso

  • Fotoenvelhecimento avançado;
  • Perda de cor e varizes em algumas localizações;
  • Pele espessa em alguns pontos, visível;
  • Rugas mesmo visíveis quando o rosto está em repouso;

Tipo IV: rugas visíveis.

  • Fotoenvelhecimento severo;
  • Cor da pele amarelo-acinzentada;
  • Enrugado por completo, nenhuma pele normal.

Verifica-se frequentemente ptose palpebral na pessoa idosa, estando associada a alterações palpebrais locais, e não a causas neurológicas, neuromusculares ou congénitas.

Blefaroptose ou ptose é o termo usado para descrever quando a margem palpebral superior está situada a um nível mais baixo do que o normal. Geralmente a ptose é definida na posição primária do olhar (PPO). A distância entre o centro pupilar e a margem palpebral superior em PPO normalmente é de 3,5. ±0,9 mm (FRUEH, 1984). Porém, nas pessoas com ptose, é igual ou menor a 2 mm.

A ptose adquirida mais comum é a aponeurótica causada pela desinserção do levantador da pálpebra superior de suas aderências ao tarso superior (GAUSAS e GOLDSTEIN, 2002). Este tipo de ptose, também, é designado de involucional ou senil, pois acomete principalmente pessoas idosas.

Na pele envelhecida, verificam-se, também, alterações na microvasculatura, com fragilidade na parede do lúmen vascular, desenvolvendo-se, frequentemente, telengectasias e púrpura senil.

A pele apresenta-se espessa, amarelada, seca, com alterações associadas como as fotodermatoses.

Elastose Solar

Figura 1

A elastose solar ou actínica é causada por um aumento progressivo do número, da fragmentação e da porosidade das fibras elásticas na derme, conforme já referido. É caracterizada pelo espessamento e consistência coriácea da pele, com cor amarelada e superfície sulcada como casca de laranja. A pele da face posterior do pescoço pode-se tornar espessa e com sulcos profundos, como que desenhando uma malha de losangos (cutis rhomboidalis nuchae).

Efélides

Figura 2

As efélides (vulgarmente designadas por sardas) são representadas por alterações dos melanossomas e da produção de melanina.

 

Lentigos Solares

Figura 3Os lentigos solares, por vezes, constam na literatura, mas impropriamente, de lentigo senil ou mancha senil. São causados pela ação de UV, em que ocorre um aumento do número e da atividade dos melanócitos, ou seja, trata-se de uma fotodermatose por irritação primária progressiva. Caracterizam-se por manchas de cor castanho-clara a escura e que surgem nas áreas do corpo expostas ao sol.

Leucodermia Gutata

Figura 4

Figura nº 4 – Leucodermia gutata

A leucodermia Gutata trata-se de uma lesão hipocrómica, em geral circular, que ocorre de forma múltipla nas áreas expostas à luz solar. É causada pela destruição do melanócito naquela região pela radiação UV.

Queratose Actínica

Figura 5

Figura nº 5 – Queratose Actínica

A queratose actínica (CA) é uma lesão extremamente frequente que ocorre em áreas expostas à luz, caracterizada por ser maculopapulosa recoberta por escamas secas, duras, de superfície áspera de cor amarela a castanho-escura, de tamanho variável, podendo confluir formando placas. As escamas são aderentes e, quando destacadas, podem ocorrer pequenas hemorragias.
Quando estas lesões são nos lábios designam-se de queilite actínica.
A CA e o cancro da pele possuem relação importante com a exposição solar e com o fotoenvelhecimento. As lesões de CA podem regredir em 20% dos casos espontaneamente (FEROLLA, 2007). De acordo com a mesma autora, 60% dos carcinomas espinocelulares (CEC) surgem de uma lesão diagnosticada como queratose actínica e 44% dos CEC metastáticos estão associados às lesões de CA contíguas.

Queilite actínica

A queilite actínica ocorre principalmente no lábio inferior e é caracterizada por descamação epidérmica e fissuração, resultante da luz solar.

A queilite actínica atinge pessoas com mais de 45 anos, e é mais predominante no sexo masculino (10:1). As mudanças clínicas iniciais incluem atrofia do bordo do lábio inferior, caracterizada por uma superfície lisa e com áreas pálidas. Conforme a lesão progride, áreas ásperas e escamosas desenvolvem-se, podendo, mesmo, ulcerar.

Púrpura senil

Figura 6

Figura nº 6 – Púrpura Senil

Trata-se de um conjunto de petéquias e equimoses, ou mesmo hematomas, que ocorre principalmente no dorso das mãos, punhos e antebraços, por diminuição do suporte conjuntivo pericapilar, decorrente do envelhecimento da pele, não havendo necessariamente alterações na coagulação. A purpura senil pode surgir após traumas pequenos ou impercetíveis.

Poiquilodermia de Civatte

Figura 7

Figura nº 7 – Poiquilodermia de Civatte

Entre as várias poiquilodermias decorrentes de fatores físicos, a poiquilodermia de Civatte (PC) suge devido à exposição cumulativa ao sol. Caracteriza-se por uma pele com pigmentação reticulada marrom-avermelhada, com telangiectasias e atrofia, distribuída simetricamente nas regiões laterais da face e pescoço (BLEEHEN, 1988). As poiquilodermias caracterizam-se histologicamente pela presença de perda das fibras elásticas superficiais e telangiectasias por perda do suporte vascular (MEHREGAN et al, 1995).

Carcinoma basocelular

O carcinoma basocelular (basalioma ou epitelioma basocelular) caracteriza-se por uma evolução lenta, sem metastização. A malignidade relaciona-se com a sua capacidade invasiva local, destruindo tecidos adjacentes, inclusive o osso. É a neoplasia epitelial mais frequente, cerca de 65% do total. É muito frequente na raça branca, e raro na negra. Surge com maior frequência depois dos 50 anos, sobretudo em áreas expostas à luz solar. Não se observa nas mucosas nem na região palmar ou plantar. Inicia-se por uma pequena pápula hemisférica translúcida de consistência dura. Em meses ou anos, a evolução do tumor progride, com polimorfismo acentuado.

Carcinoma espinocelular

O carcinoma espinocelular (carcinoma epidermóide ou epitelioma espinocelular) é um tumor maligno, com proliferação atópica de células da camada espinhosa, de caráter extremamente invasivo, podendo causar metástase. Representa cerca de 15% dos tumores epiteliais malignos. As localizações mais comuns são um terço inferior da face, pavilhão auricular, lábio inferior, dorso das mãos, mucosa bucal e genitais, podendo, no entanto, ocorrer noutra localização corporal. As metástases podem ocorrer após meses ou anos.

A evolução clínica é mais rápida do que no basalioma, com morfologia nodular ou úlcero-vegetante.
São de mau prognóstico os carcinomas espinocelulares localizados nos órgãos genitais externos, nos pavilhões auriculares e nos lábios.

Melanoma maligno

O cancro da pele mais letal é o melanoma maligno (MM), sendo o mais comumente associado a queimaduras solares esporádicas precocemente na vida, sem que um comprimento de onda específico causador tenha sido identificado com clareza.

O MM inicia-se, habitualmente, na epiderme a partir da mutação ocorrida num melanócito aí localizado. No MM in situ encontra-se confinado à epiderme, não existindo risco de metastização, em virtude de o epitélio carecer de vasos sanguíneos e linfáticos. Quando o MM evolui, ocorre invasão da derme, havendo a possibilidade de metastizar para tecidos e órgãos distantes.

A incidência do MM tem aumentado nos últimos 50 anos e é atualmente 10 vezes superior há de 4 décadas atrás e continua a aumentar mais rapidamente do que outro tumor maligno. O MM nos EUA passou do vigésimo lugar em 1985, como causa de cancro, para a oitava posição nos últimos anos.

Figura 8

Figura nº8 – Adelgaçamento da epiderme, derme e junção dermo-epidermal – pele com aspeto em folha de papel

Conforme já referido, devido às alterações histofisiológicas da pele envelhecida, é comum ocorrer quebras cutâneas – skin tear -. De acordo com LeBlanc e Baranoski (2011), estas lesões são comuns na população idosa. Sumariando, o adelgaçamento da epiderme, da derme, o achatamento da junção dermo-epidermal, a diminuição da produção das glândulas sudoríparas e sebáceas contribuem para que a pele da pessoa idosa assemelhe-se a uma folha de papel, encontrando-se seca.

 

Figura 9

Figura nº 9 – Quebras cutâneas

Carville et al (2007), citados por LeBlanc e Baranoski (2011), referem que as quebras cutâneas são muito frequentes, inclusive mais do que as Úlceras por Pressão.

De acordo com LeBlanc e Baranoski (2011), a definição mais comum de quebra cutânea é a de Payne e Martin (1990), que defendem que a quebra cutânea é uma ferida provocada por um trauma mecânico, resultante da fricção ou de uma combinação de fricção e cisalhamento, que ocorre nas extremidades dos membros das pessoas idosas e que separa a epiderme da derme. Em 1993, os autores reviram a própria definição, e acrescentaram que tanto podia separar a epiderme da derme ou ambas as estruturas das subjacentes. Pulido (2010) refere que a principal característica é a presença de um retalho de pele, nalgum momento de sua evolução (PULIDO, 2010). Entende-se por retalho, um segmento livre de pele não aderido às camadas subjacentes. Não raro, o retalho de pele pode apresentar-se parcial ou totalmente separado do leito da ferida, dificultando o diagnóstico (PULIDO, 2010). O retalho de pele é epidérmico quando o trauma separa a epiderme da derme (ferida de espessura parcial); ou dermo-epidermico, quando epiderme e derme permanecem unidas e o trauma as separa das estruturas subjacentes (ferida de espessura total). Pode apresentar-se viável, pálido, opaco, escurecido ou já necrosado (PAYNE e MARTIN, 1990, 1993).

A dimensão é variável e depende da intensidade do trauma. A forma é irregular e imprevisível. Geralmente, a pele circundante apresenta-se fragilizada, edemaciada, com equimoses e alterações na coloração (PAYNE e MARTIN, 1990, 1993).

Apesar dos membros superiores e inferiores serem mais suscetíveis a este tipo de lesão, pode surgir em qualquer localização do corpo (MEULENEIRE, 2003; NAZARKO, 2005). No estudo de Payne e Martin (1990) citado por Pulido (2010), 42% das quebras cutâneas localizavam-se nos cotovelos, 22% nos membros inferiores e 13% nas mãos. Malone et al (1991), citados por Pulido (2010), encontraram 80% das quebras cutâneas nos antebraços; Fleck (2007), também, encontrou as lesões principalmente nos membros superiores, com 80% das ocorrências nas mãos e braços.

De acordo com Mota et al (2011), as causas, associadas ao trauma mecânico, mais comuns incluem os movimentos da pessoa ou cuidador associados aos produtos de apoio (ajudas técnicas), equipamentos médicos, mobiliário ou fatores ambientais. Sendo assim, os mais comuns são:

  • Um traumatismo, como por exemplo ao bater nas grades da cama, cadeira de rodas, mobiliário ou outros equipamentos;
  • Transferência da cama ou cadeira;
  • Quedas;
  • Durante os cuidados de higiene, e ao vestir e despir a roupa;
  • Imobilizações (membros superiores e inferiores);
  • Remoção de pensos ou de outro material adesivo;
  • Entre outros.

Para Pulido (2010), é importante fazer-se o diagnóstico diferencial entre as quebras cutâneas e outras lesões, como por exemplo, as lacerações. A quebra cutânea é restrita à derme e está intimamente relacionada com fragilidade da pele, sendo comum na população idosa. A laceração atinge os tecidos mais profundos e independe das condições do epitélio. Somente, os fatores precipitantes como as forças de fricção e cisalhamento são comuns à laceração. Também, por diversas vezes, a quebra cutânea é confundida com Úlcera por Pressão de categoria II (PAYNE e MARTIN, 1990, 1993), contudo o fator causal principal desta é a pressão e ocorre, mais comummente, nas zonas das proeminências ósseas.

De acordo com Pulido (2010), não existe um sistema de classificação universalmente aceite, não obstante, é fundamental o seu recurso para a sua avaliação. O primeiro e mais citado sistema de classificação é de Payne e Martin (1990), baseado no grau de perda do retalho de pele e conta com três categorias. Contudo, este sistema foi muito criticado por não conter informações sobre a viabilidade do retalho de pele, e não terem sido testadas a validade e confiabilidade. Entretanto, os próprios autores, criaram o projeto STAR (Skin Tear Audit Research). O STAR Skin Tear Classification System é constituído por duas partes principais: um guia de tratamento (STAR Skin Tear Classification System Guidelines) e um sistema de classificação (STAR Classification System).

A primeira parte é constituída por seis tópicos relacionados com os cuidados à ferida e à pele circundante, tais como (PULIDO, 2010):

  1. Controlar a hemorragia e limpar a ferida de acordo com o protocolo institucional.
  2. Realinhar (se possível) qualquer segmento de pele ou retalho.
  3. Avaliar o grau de perda tecidular e a cor da pele ou do retalho utilizando o Sistema de Classificação STAR .
  4. Avaliar as condições da pele adjacente à ferida, quanto a fragilidade, edema, descoloração e equimose.
  5. Avaliar a pessoa, a(s) ferida(s) e a cicatrização, de acordo com o protocolo institucional.
  6. Se a pele ou o retalho estiver pálido, opaco ou escurecido, reavaliar em 24-48 horas ou na primeira troca do penso.

 A segunda parte conta com cinco fotografias relacionadas com as respetivas descrições das categorias das quebras cutâneas (1a, 1b, 2a, 2b e 3).

  • Categoria 1: – Lesão por fricção cujo retalho de pele pode ser realinhado na posição anatómica normal (sem tensão excessiva) e a coloração da pele ou do retalho não se apresenta pálida, opaca ou escurecida.
  • Categoria 1 b: Lesão por fricção cujo retalho de pele pode ser realinhado na posição anatómica normal (sem tensão excessiva) e a coloração da pele ou do retalho apresenta-se pálida, opaca ou escurecida.
  • Categoria 2a – Lesão por fricção cujo retalho de pele não pode ser realinhado na posição anatómica normal (sem tensão excessiva) e a coloração da pele ou do retalho não se apresenta pálida, opaca ou escurecida.
  • Categoria 2b – Lesão por fricção cujo retalho de pele não pode ser realinhado na posição anatómica normal (sem tensão excessiva) e a coloração da pele ou do retalho apresentasse pálida, opaca ou escurecida.
  • Categoria 3 – Lesão por fricção cujo retalho de pele esta completamente ausente.

Dos diversos cuidados preventivos que se deverão assumir, os mais prementes são:

  • Cumprir os princípios de transferências e mobilizações dos doentes, minimizando as forças de fricção e torção;
  • Evitar os cuidados de higiene por rotina. De acordo com LeBlanc et al (2008), para grupos de risco é recomendável o banho a cada 2 dias;
  • Lavar a pele com água morna e sabão com pH ácido (LEBLANC e BARANOSKI, 2011);
  • Evitar a fricção, como modo de secagem da pele;
  • Não massajar a pele com risco de quebra cutânea;
  • Utilizar emolientes hipoalergénicos, para lubrificação da pele, pelo menos 2 vezes por dia. Aplicar depois do banho com o corpo ainda húmido, mas não molhado (LEBLANC e BARANOSKI, 2011);
  • Manter as unhas cortadas (MOTA et al, 2011);
  • Promover um ambiente seguro, e remover prováveis causas de trauma;
  • Acolchoar equipamentos que possam causar trauma (MOTA et al, 2011);
  • Evitar produtos adesivos e se se utilizar pensos secundários, dar preferência a não aderentes ou com silicone (LEBLANC e BARANOSKI, 2011);

Conclusão

Como bem sabemos, ao envelhecer a pessoa torna-se vulnerável em parte devido a  processos que decorrem da sua fisiologia natural: a capacidade de cicatrização diminui, e  os riscos de demência, diabetes e doença vasculares aumentam. O que não nos podemos  esquecer, é que com o envelhecimento da população mundial, um número maior de  indivíduos de alto risco para o desenvolvimento de feridas crônicas surgirá, se não for  dada a atenção adequada à pele da pessoa idosa que como constatamos, evidência  diferenças e fragilidades a ter em conta. As potenciais lesões cutâneas podem ser  complicadas pela dor e infecção, interferir com o estado funcional, e contribuir para  aumento do tempo de permanência no hospital, e levar mesmo a mortalidade prematura.

A finalidade deste artigo passa por alertar os profissionais que cuidam dos idosos, que  estes para além de deverem ser cuidados como um todo, deve-se ter um cuidado especial  com a sua superfície, neste caso a sua pele, e nada melhor do que conhecer  pormenorizadamente o nosso alvo de cuidados, para melhor podermos cuidar, para nos  afastarmos dos hábitos empiricos, repetitivos e “tradicionais” e encararmos o problema de  um modo lógico, cientifico que nos leve também a uma prática deste eficiente sob o ponto de vista da custo eficácia, um tema muito em voga na época em que vivemos.

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Mar 5, 2013

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THE DEPENDENT ELDERLY AND HIS FAMILY

El MAYOR DEPENDIENTE Y SU FAMILIA

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AUTORES: Vítor Santos, Ana Sofia Santos ,Tânia Silva, Vera Pires,Carla Robalinho,Fátima Nunes

Resumo

Com a evolução dos cuidados de saúde, doenças que anteriormente eram fatais, durante o seu episódio agudo, são agora controláveis, passando a apresentar características de cronicidade. A família, enquanto unidade social perfeitamente funcionante, é o principal apoio do doente com incapacidade/doença crónica, sendo fundamental o contributo da Enfermagem, como parceira de ambas as entidades: doente crónico e sua família. A Enfermagem, tem uma importante palavra a dizer, ao cuidar deste tipo de doente e família, com base numa parceria, que deve ter como principais frutos, uma maior autonomia destes, em lidar com a doença e restaurar o equilibrio do sistema familiar. De modo a desenvolver este tema, foi efectuada uma recensão crítica de um artigo que foca toda esta problemática.

Palavras-chave: Idoso, Dependência, Família, Enfermagem

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Abstract

With the evolution of health care, previously fatal diseases during their acute episode, are now controllable, and gain characteristics of chronicity. The family as a social unit perfectly functional, is the main support of the patient with disability / chronic illness, and the fundamental contribution of nursing, as a partner of both entities: chronically ill and their families. Nursing has an important word to say, to take care of this type of patient and family, based on a partnership, it must have as its main fruit of greater autonomy in dealing with the disease and restore the balance of the family system. In order to develop this theme, was made one critical review of an article that focuses on all this.

Keywords: Elderly, Dependency, Family, Nursing

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De acordo com a OMS, as doenças crónicas, são actualmente a principal causa de morte e incapacidade, no mundo (PORTAL DA SAÚDE, 2005), tendo aumentado exponencialmente nas últimas décadas, como reflexo do grande desenvolvimento tecnológico, social e económico.

Doenças que anteriormente eram fatais, durante o seu episódio agudo, são agora controláveis, passando a apresentar características de cronicidade. Associada a esta evolução de doença, evolui também o conceito de “estar doente” (“illness”), de viver a doença, pelo que se deve apostar fortemente na qualidade de vida de quem sobrevive com a doença, para além do controlo rigoroso dos processos fisiopatológicos subjacentes.

Quanto a este cenário, a Enfermagem, tem uma importante palavra a dizer, ao cuidar deste tipo de doente e família, com base numa parceria, que deve ter como principais frutos, uma maior autonomia destes, em lidar com a doença e restaurar o equilibrio do sistema familiar.

Assim, de modo a desenvolver esta pertinente temática foi efectuada uma recensão critica de um artigo: “ A família do doente dependente”, que reflecte o impacto da doença crónica incapacitante no indivíduo e família. Trata-se de um artigo fruto de uma revisão bibliográfica e análise reflexiva pelos autores, acerca da temática apresentada, sendo o nosso objectivo a recensão crítica deste trabalho, analisando-o à luz da evidência cientifica mais credível e actual, sobre o tema em questão, de modo a complementar as ideias expostas, esperando obter como produto final, uma reflexão critica, mais alargada e profunda.

RECENSÃO CRÍTICA

O artigo, que é alvo desta recensão crítica, foi editado pela revista “SERVIR”, na revista nº3, do volume 53, no ano 2005, em Lisboa, com o título “A família do doente dependente”,  com 6 páginas, sendo da autoria de Carla Correia e Renato Teixeira, enfermeiros do Hospital de São Sebastião (Santa Maria da Feira) e Sónia Marques, enfermeira dos Hospitais da Universidade de Coimbra, requisitada na Escola Superior de enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca. É portanto uma obra que nos fala do papel da família, como cuidadora informal do doente crónico em situação de dependência, estruturada em 3 partes, as quais: “A Família”, “Repercussões da doença na vida familiar”,  “O papel da Família”. Trata-se essencialmente do resultado de uma revisão da literatura e análise reflexiva acerca da temática, sendo interessante a perspectiva que nos dá, do ponto de vista da família, das suas funções naturais, do cuidado a um dos seus elementos, no contexto de doença crónica incapacitante e do impacto desta, na vida familiar. O resumo apresentado no artigo, é bastante elucidativo, destacando claramente as dificuldades sentidas pela família no cuidado ao doente em situação de dependência e o impacto desta na dinâmica familiar, sem deixar de referir os aspectos positivos que advêm deste novo contexto. A linguagem utilizada ao longo do texto é clara e objectiva, assim como a mensagem, apresentando ao longo do texto um encadeamento lógico, articulando os vários conceitos apresentados.

Um dos primeiros assuntos abordados na obra em análise é a família. Os autores apresentam a família como “ unidade básica em que nos desenvolvemos e socializamos” e que serve de apoio para “ultrapassar os momentos de crise”. De acordo com HANSON (2005, pág. 4), a definição de família evoluíu ao longo dos tempos, incluindo sempre critérios biológicos, sociológicos, psicológicos e legais. Uma das primeiras e mais completas definições de família, surge na década de 50, “grupo de pessoas unidos por laços maritais, de sangue ou adopção, constituindo uma única unidade familiar, interagindo e comunicando entre sí e partilhando uma cultura comum” (adaptado de BURGESS & LOCKE, 1953, citado por HANSON, 2005, pág.4). Dadas as transformações sofridas ao longo das últimas décadas, a definição que se pode considerar mais actual é “dois ou mais indivíduos, que dependem uns dos outros, para apoio emocional, físico e económico” (Adaptado de HANSON, 2005, pág.6). De facto a família desempenha um papel importante no desenvolvimento do indíviduo, pelo que é também fundamental no apoio ao indivíduo com doença, de modo a tentar compensar esse indivíduo, equilibrando assim a saúde da própria família como uma unidade, que se define como “estado dinâmico de mudança do bem-estar que inclui factores biológicos, psicológicos, espirituais, sociológicos e culturais do sistema familiar” (Adaptado de HANSON, 2005, pág.6). Sem dúvida alguma, a função de apoio da família, depende em grande parte de adaptabilidade familiar, que consiste na “capacidade da família de se reorganizar e alterar funções regras e padrões de interacção em resposta a stress, seja ele situacional ou de desenvolvimento” (PHIPPS, 2003, pág. 156). Trata-se de uma dimensão também valorizada pelos autores do artigo, que se referem a esta flexibilidade da família face à doença, como “um reajustamento enorme, com implicações frequentes na dinâmica familiar” (CORREIA, 2005, pág. 127), face à doença incapacitante/crónica.

A segunda parte do artigo, aborda específicamente as repercussões da doença na vida familiar, começando  o autor por nos apresentar a doença como “parte inevitável comum e normal da experiência humana”  (CORREIA, 2005, pág. 127).  Neste ponto é essencial distinguir entre a doença fisiológica (“disease”) e a experiência humana de estar doente (“illness”). A doença fisiológica refere-se à “condição em que existe, de um ponto de vista fisiopatológico, uma alteração na estrutura ou função do organismo” (adaptado de LARSEN, 2006, pág.4). Por outro lado, estar doente, refere-se à “experiência humana de sintomas e sofrimento, à forma como a doença é percepcionada, vivida e a resposta do individuo e familia a esta”  (adaptado de LARSEN, 2006, pág.4). É portanto essencial perceber a experiência humana de estar doente, principalmente na perspectiva da doença crónica (LARSEN, 2006, pág.4). A doença crónica contráriamente à aguda, que tem um “desenvolvimento rápido (…), num curto espaço de tempo, terminando na completa recuperação do individuo ou morte”  (adaptado de LARSEN, 2006, pág.4), continua indefinidamente. Como é referido pelo autor “apesar dos avanços tecnológicos, a doença não deixa de atingir os indíviduos e as famílias” (CORREIA, 2005, pág. 127), o que de facto leva ao aumento do número de pessoas que sobrevivem com problemas incapacitantes/crónicos. De facto todos estes avanços tecnológicos na área da saúde, conseguiram colocar um travão à mortalidade associada a doença aguda, tendo consequentemente fomentado um aumento das doenças crónicas, associado ao aumento da esperança de vida. De acordo com LARSEN (2006, pág.3), “viver mais, leva no entanto, a uma maior vulnerabilidade a eventos que se tornam crónicos por natureza”. E os exemplos dados por esta autora suportam a afirmação anterior: O individuo que anos atrás poderia ter morrido com um enfarte do miocárdio, continua precisar de cuidados para a sua insuficiência cardíaca e o doente oncológico, pode sobreviver com sequelas iatrogénicas do processo de tratamento. Assim, apesar de ser uma alternativa “bem-vinda”, em relação à morte, pode trazer grandes alterações para o individuo e familia, modificando por vezes a sua identidade, qualidade de vida e estilo de vida.

Torna-se ainda importante definir claramente o conceito de cronicidade, que é indissociável do conceito de “danos permanentes”, como verificamos nesta adaptação da definição de doença crónica, da Comissão Americana de doenças Crónicas (1957), citada por LARSEN (2006, pág.5): “todos os danos ou desvios da normalidade, que tenham uma ou mais das seguintes características: ser permanente, incapacidade resídual, causada por patologia não-reversível, requer treino específico do indivíduo, com vista à sua reabilitação, podendo requerer um longo período de supervisão ou cuidados”. Este conceito evoluiu, passando a valorizar não só o indivíduo e o contexto profissional-utente, para passar a incluir todo o ambiente do utente: “doença crónica é a presença irreversível, acumulação ou latência de estados patológicos ou danos, que envolvem todo o ambiente humano, no cuidado e autocuidado, manutenção da função e prevenção de nova incapacidade” (adaptado de CURTIN & LUBKIN (1995), citado por LARSEN, 2006, pág.5), o que nos remete para o papel importante da família no cuidado ao doente crónico, com incapacidade. O que se verifica, na óptica do autor, é que apesar de de estarmos a transferir o doente para um meio mais natural, a família,  a homeostasia desta é facilmente quebrada perante a doença, o que se deve em parte ao “esgotamento dos membros mais implicados nos cuidados ao doente” (CORREIA, 2005, pág. 127).  Assim é de facto inquestionável que a doença de um membro afecta toda a família, que passa a lutar pela restauração do equilibrio desta. Este conceito de doença como factor desiquilibrante do meio familiar, é amplamente desenvolvido pelo autor, reforçando-o com contributos de diversos autores, até que identifica um pré-requisito importante para as familias melhor lidarem com a crise, ou seja “quanto melhor for a organização e integração prévia à situação de doença, melhor é a eficácia em lidar e adaptar aos problemas consequentes”  (OLIVEIRA (1994), citado por CORREIA, 2005, pág. 127).

O autor acrescenta que a “nova família”, surgirá tanto em função da estrutura anterior, com em função do processo evolutivo da história familiar e variáveis relacionadas com a doença crónica do individuo afectado. Assim, facilmente se percebe que a patologia individual se converte em patologia familiar e de facto, “a família como tal, não é a mesma antes, durante e depois da doença” (CORREIA, 2005, pág. 127). Como refere o próprio autor “os papéis e as responsabilidades préviamente assumidas pelo doente delegam-se a outros membros, ou (…) deixam de ser cumpridos”  (CORREIA, 2005, pág. 127). De facto, este é um aspecto bastante relevante, uma vez que a “doença crónica pode ter um impacto negativo na independência e auto-controlo, associados ao nível de desenvolvimento do indivíduo” (adaptado de LARSEN, 2006, pág. 6), sendo portanto importante ter em conta o estadio de desenvolvimento do individuo, quer ele esteja em idade escolar, seja adolescente, jovem adulto, adulto ou idoso, pois a doença crónica em qualquer um destes estadios está muitas vezes associada a “dependência aumentada nos outros” (adaptado de LARSEN, 2006, pág. 6). Assim a alteração nos papéis que desempenham, é evidente, influênciando o desenvolvimento da criança, comprometendo a necessidade de independência do adolescente, afectando a capacidade do jovem adulto de se expandir, numa “fase de grande actividade e produtividade” (adaptado de LARSEN, 2006, pág. 8) ou até mesmo dificultar o desenvolvimento do idoso, que de acordo com “os estadios de desenvolvimento de Erikson (…) o idoso também têm tarefas a cumprir (…), no estadio «integridade versus desespero»” (adaptado de LARSEN, 2006, pág. 9).

Tanto o doente como a familia podem encarar de forma diferente a doença crónica. O indivíduo pode encarar a doença como “um castigo, por comportamentos menos saudáveis (…) associada à vergonha pelo estigma da doença” (ROLLAND (1998) citado por CORREIA, 2005, pág. 127), sendo que em relação à família o mesmo autor refere que esta pode também sentir culpa pela situação de doença. Este sentimento de culpa, referido pelo autor, está relacionado com um aspecto pouco aprofundado no artigo, relativo ao comportamento face à doença, que tem uma forte influência psicológica, social e cultural, visto que na “doença crónica, o indivíduo deve modificar ou adaptar os pápeis prévios, de modo a conciliar tanto as expectativas sociais, como o seu estado de saúde” (adaptado de LUBKIN et al., 2006, pág. 23), reforçando que, a representação da doença e comportamento face a esta, está relacionada com a “forma como os indivíduos respondem a indicações do corpo (…), definem e interpretam sintomas” (adaptado de LUBKIN et al., 2006, pág. 23 e 24). Também o factor económico e demográfico exerce a sua influência, agindo sobre as variáveis social e psicológica, como no exemplo da pobreza, em que se tende a desvalorizar a saúde, uma vez que “quem tem de trabalhar para sobreviver, muitas vezes nega a doença a não ser que traga incapacidade funcional” (adaptado de LUBKIN et al., 2006, pág. 24). Na família também surgem múltiplos problemas e preocupações. Face à incapacidade do individuo  dependente em assumir o seu papel, ela própria própria assume toda responsabilidade pelas decisões a tomar. O assumir deste papel, que pertence ao individuo, é um desvio da normalidade, que afecta o sistema familiar, gerando stress e logo desiquilibrio, sendo ainda outros factores que influênciam o cuidado da família: “intensidade do cuidado prestado, tipo de tarefas, género e caracteristicas pessoais do cuidador e doente; apoio de outros membros da família e obrigações concomitantes do cuidador” (adaptado de MORRIS e EDWARDS, 2006, pág. 261).  O autor refere um facto inquestionável, “a perda é um sentimento comum tanto no doente como na família” (CORREIA, 2005, pág. 128), na situação de doença crónica, sendo este sentimento agravado, na presença de incapacidade que interfira no papel social do doente e família, assim como a nível físico e psiquico, tendo um impacto significativo na qualidade de vida. De facto, tendo em conta que a qualidade de vida é um conceito altamente subjectivo, “ancorado em factores sócioeconómicos, demográficos, e de estilos de vida; características da personalidade, aspectos do ambiente social e comunidade; e em bem-estar físico e mental (adaptado de SCHIRM, 2006, pág. 202), e que relacionado com a saúde, dá mais enfâse à função física e social, assim como ao bem estar emocional, a presença de uma incapacidade crónica vai implicar por parte do indivíduo e família uma redifinição destes conceitos de modo a restabelecer o equilibrio e manter alguma qualidade de vida, aceitável tendo em conta o padrão anterior. Assim, tal como refere o autor, é importante “o doente em causa (…) aprender a viver com a doença, e os restantes elementos da família devem devem aprender a responder da melhor forma a essa doença” (CORREIA, 2005, pág. 128), embora seja um facto, que a autonomia do doente e familia seja posta em causa. No final desta segunda parte o autor reforça a importância dos cuidados centrados na família, como meio de gerir o impacto da doença, terminando ao reforçar que a família é “a instituição fundamental na vida das pessoas e da sociedade” (CORREIA, 2005, pág. 128).

Na terceira parte do artigo o autor aborda o papel da família, no sentido da função que esta desempenha perante o doente crónico com dependência. Nesta parte o autor começa por nos oferecer uma perspectiva interessante da autoria de MOREIRA (2001), acerca das funções familiares, em que o desempenho de determinadas funções em resposta às necessidades da família como um todo, de cada membro individualmente e às expectativas da sociedade são fundamentais de modo a manter a integridade da família. A ausência destas funções não só traria dano ao indivíduo, como retirava o significado de familia, à unidade familiar, o que está plenamente de acordo com as definições de família apresentadas, por HANSON (2005). Neste artigo, o autor à semelhança de HANSON (2005), reconhece que a evolução da sociedade implica também transformações na família, chegando a acrescentar mesmo que “na sociedade contemporânea, um grande número de instituições privadas ou públicas substituem a família em funções anteriormente consideradas como (…) familiares”. No contexto da doença crónica, tal também se verifica, sendo que cada vez mais, temos várias instituições, ou cuidadores informais, distintos da família, sendo o cuidador informal definido por MORRIS e EDWARDS (2006, pág.254), como “alguém que presta cuidados, sem pagamento e quem normalmente tem ligações pessoais com o doente”

No decorrer do artigo, o autor explora detalhadamente as funções familiares, que são perfeitamente actuais e condizentes com a literatura consultada, chegando mesmo a apresentar dois tipos de função familiar básicos, a função interna e externa. A 1ª está relacionada com as funções básicas de apoio e segurança, pelo que faz sentido incluir nestas a função de saúde, cabendo à 2ª função a transmissão de aspectos culturais. A base para o sucesso destas funções, é identificada pelo autor, como sendo a componente afectiva, na medida em que é “esta que mantém as famílias unidas, dando aos seus membros o sentido de pertença que conduz ao sentido de identidade familiar” (KOZIER 1993, citada por CORREIA, 2005, pág. 129). Esta mesma autora considera as funções de saúde, como função básica da família, “que consistem em proteger a saúde dos seus membros e proporcionar cuidados quando eles necessitam” (KOZIER 1993, citada por CORREIA, 2005, pág. 129). Na sequência desta ideia, é referido que “é no seio da família que os indivíduos desenvolvem o conceito de saúde, adquirem hábitos de saúde e estilos de vida saudáveis” (KOZIER 1993, citada por CORREIA, 2005, pág. 129). Na verdade é preciso também ter em conta que apesar do contributo familiar, este não é o único determinante nos estilos de vida, que “reflecte as actividades, os interesses e as opiniões de um indivíduo” (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD, 1995, citados por AMARO et al., 2007, pág.116). No que respeita ao cuidado por parte da família, há que ter em conta a especificidade da doença crónica, associada a dependência, na medida em que vai implicar cuidados permanentes/longa duração, implicando um compromisso “para a vida”, no sentido da palavra, pois um familiar será sempre um familiar e essa função está inerente a esse papel. É pertinente clarificar que associada a esta função familiar está uma carga emocional e exigência de cuidado elevada, que leva muitas vezes à exaustão familiar e desistência, ou seja o “burn out and giving up” (MORRIS e EDWARDS, 2006, pág.254). A ideia de família como principal recurso do doente crónico, é reforçada, pelo autor ao longo desta parte do artigo, até que apresenta a ideia da família não só como cuidadora, ou parceira do cuidar, mas também como receptora de cuidados. Este aspecto é muito importante pois a família de modo a poder cuidar bem, necessita de “assegurar o seu próprio bem estar, necessitando de apoio , ajuda e compreensão da restante família e amigos, e do sistema de cuidados de saúde“ (MORRIS e EDWARDS, 2006, pág.268). Como parceiros do cuidar, os familiares têm “um papel activo na prestação de cuidados ao doente, assim como na tomada de decisões”, sendo que, “requerem formação e acompanhamento (…), por forma a reunirem as melhores condições, para lidarem com a situação/problema” (MARTOCCHIO, citado por MARTINS (2000), citado por (CORREIA, 2005, pág. 130). Assim, fica bastante clara a necessidade de educação para saúde, tanto para o individuo, que deve potenciar as capacidades que tem, como para a família, que deve ser capacitada para cuidar adequadamente do seu membro tendo em vista o equilibrio e melhor qualidade de vida para ambos. É importante também ter em conta que a motivação, adesão e compreensão da necessidade de aprendizagem são condicionantes relevantes neste processo de aprendizagem.O autor termina esta parte, concluindo acerca da importância da família no cuidado ao doente crónico com dependência, apesar das dificuldades económicas, precariedade das condições habitacionais, ou mesmo falta de conhecimentos para tal.

Na conclusão o autor alerta para a necessidade de politicas de saúde mais adequadas à necessidade de apoio crescente por parte dos doentes crónicos com dependência, de modo a dar apoio a famílias sobrecarregadas, que são obrigadas a assumir o cuidado de doentes, com pouco apoio de instituições de saúde que têm cada vez mais dificuldades de resposta. O autor faz ainda uma chamada de atenção aos enfermeiros, que devem evitar estar centrados apenas na angústia e sofrimento do doente, sem esquecer que a família também precisa de apoio nesta fase. De facto o autor conclui o artigo focando pontos chave desta temática e o apoio da enfermagem na transição para a família é de facto algo que não devemos descurar, pois apesar de esta ser sempre o destinatário final do utente, na maioria dos casos não está preparada numa fase inicial e está também ela em crise, necessitando primeiro de ser cuidada, antes de ser incluída na parceria dos cuidados.

CONCLUSÃO

Esta recensão obrigou a uma análise séria dos argumentos explanados no artigo e não apenas uma leitura, no sentido literal da palavra. Obrigou a um estudo, também ele bastante aprofundado, da temática em análise, de modo a poder argumentar e complementar credívelmente as ideias apresentadas no artigo.

Foi nossa preocupação analisar os conteúdos da forma mais crítica possível, procurando realçar os pontos fortes dos autores, reforçando-os, sempre que possível, com citações da bibliografia consultada, assim como, procurando desenvolver aspectos, menos desenvolvidos no texto.

Devemos dizer que se trata de uma metodologia algo trabalhosa, pois surge por vezes alguma dificuldade em encontrar as ideias certas junto da bibliografia consultada, de modo a desenvolver o texto, apesar de que no final, o fruto desse esforço seja como disse mos inicialmente, bastante proveitoso, na aquisição de novos conhecimentos.

Com a recensão crítica deste artigo, fica reforçada a ideia de que a família, enquanto unidade social perfeitamente funcionante, é o principal apoio do doente com incapacidade/doença crónica, sendo fundamental o contributo da Enfermagem, como parceira de ambas as entidades: doente crónico e sua família. A doença crónica tem um impacto tremendo em ambos, exigindo uma tremenda adaptação destes e evolução para um estadio de equilibrio, em que se consiga ter uma boa qualidade de vida, adaptando eficazmente os seus papéis sociais. Neste processo o Enfermeiro não deve esquecer que a sua intervenção, apesar de ser maioritáriamente dirigida para a pessoa com doença crónica, também deve incluir a família que deve primeiro ser cuidada, para depois poder cuidar, sob pena de desiquilibrar o sistema familiar, afectando todos os seus membros. Lembrando o conceito de “illness”, como experiência humana de viver a doença, devemos ter sempre presente, que neste contexto, não é só o doente que experiência a doença, mas também aqueles que o rodeiam, devendo portanto, como referido acima, a abordagem ser dirigida ao sistema familiar como um todo, trabalhando com a família como um fim em sí e não como um meio para melhor cuidar um único indivíduo.

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Mar 3, 2013

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AGING AND DYSPHAGIA: A PUBLIC HEALTH ISSUE

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AUTORES: KARINA MARY DE PAIVA, IVY CARPANEZ XAVIER, NORMA FARIAS

RESUMO

Objetivo: o objetivo deste estudo foi identificar na literatura estudos relacionados às questões referentes à disfagia no envelhecimento, bem como a prevalência da mesma neste segmento populacional. Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura entre os meses de julho a outubro de 2011, os descritores usados foram: transtornos da deglutição, idosos e envelhecimento e os termos livres foram: disfagia e presbifagia, nos idiomas: português e inglês, as bases de dados pesquisadas foram PubMed, Medline, LILACS e Scielo. Resultados: Foram encontrados estudos que relatam as principais alterações fonoaudiológicas decorrentes do processo do envelhecimento e embora haja um consenso quanto ao conhecimento das mudanças anatômicas e fisiológicas decorrentes do envelhecimento, alguns deles referem que o idoso se adapta bem a essas modificações. Quanto à prevalência da disfagia em idosos, nesta revisão, foram encontrados dados relacionados à disfagia em decorrência de doenças crônicas. Conclusão: Apesar do conhecimento quanto às mudanças decorrentes do envelhecimento, a epidemiologia da disfagia neste segmento da população merece especial atenção no que tange à qualidade de vida no envelhecimento.

 

DESCRITORES: Transtornos da deglutição, Disfagia, Prebifagia, Envelhecimento e Idosos.

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 ABSTRACT

Purpose: The objective of this study was to identify in the literature the issues related to dysphagia in aging, as well as its prevalence this population segment. Methods: We performed a literature review in the months from July to October 2011, the descriptors used were: swallowing disorders, aging, elderly and and free terms were: dysphagia and presbifagia in languages: Portuguese and English, the bases data were searched PubMed, Medline, LILACS and SciELO. Results: We found studies that report the main changes of the aging process and although there is a consensus on the knowledge of the anatomical and physiological changes associated with aging, in some of them these authors suggests that  the elderly are well suited to these changes. As for the prevalence of dysphagia in the elderly, in this review, data were found related to dysphagia due to chronic diseases. Conclusion: Despite the knowledge of the changes associated with aging, epidemiology of dysphagia in this segment of the population deserves special attention with regard to quality of life in aging.

 KEYWORDS: Swallowing disorders, Dysphagia, Presbifagia, Aging and Elderly

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INTRODUÇÃO

As mudanças decorrentes da transição demográfica e epidemiológica têm caracterizado o envelhecimento populacional. Este fenômeno, que acontece em nível mundial, possui peculiaridades inerentes aos países em desenvolvimento, já que nestes, estas mudanças acontecem de forma tardia e acelerada, dificultando a adaptação e reestruturação de políticas e serviços de forma a atender de maneira eficiente e integral este segmento crescente da população1,2.

O envelhecimento humano envolve mudanças estruturais, funcionais e neurais que podem comprometer órgãos e funções, exigindo a adequação de padrões anteriormente adquiridos. Assim, uma das funções que se destaca é a deglutição, pois é um fenômeno que exige a integridade de um grupo de estruturas interdependentes, envolvendo ações mecânicas e reflexas, de caráter neuromuscular, que depende de um sistema dinâmico e sincrônico de forma a conduzir o alimento da cavidade oral até o estômago de forma segura, ou seja, sem permitir a entrada do material ingerido em vias aéreas3.

A disfagia se configura numa falha nesse processo, podendo ocorrer devido a alterações resultantes de doenças neurológicas, como Doença de Parkinson, Acidente Vascular Encefálico (AVE), Doença de Alzheimer e Miastenia Gravis; e de alterações estruturais, em decorrência de tumores e traumas que podem alterar as estruturas necessárias a uma deglutição normal. Esta falha é denominada Presbifagia quando acontece como resultado de modificações inerentes ao processo de envelhecimento4.

As complicações decorrentes da disfagia envolvem risco de desnutrição, desidratação, complicações respiratórias e pneumonia aspirativa5,6, além de aspectos sociais e emocionais, já que o momento da refeição deve representar um momento prazeroso, de socialização e interação familiar. Quando este ato se torna um desafio, o idoso pode preferir se isolar, o que pode comprometer o envelhecimento saudável7,8.

O conhecimento e/ou a compreensão das questões fisiológicas do envelhecimento que podem comprometer o mecanismo da deglutição devem ser de domínios dos profissionais de saúde e disseminado para os familiares e cuidadores, como forma de detecção precoce e promoção da saúde no envelhecimento. A identificação dos idosos vulneráveis ao desenvolvimento da disfagia pode representar uma ferramenta de triagem em serviços de atenção primária. No novo espectro epidemiológico, a disfagia torna-se extremamente relevante, tanto pelo fato de ser decorrente das mudanças anatômicas e fisiológicas inerentes ao envelhecimento, configurando um aumento na sua prevalência em função da idade, quanto por ser uma co-morbidade de várias doenças relacionadas à idade e aos seus tratamentos.  Assim, o objetivo deste estudo é identificar na literatura estudos que abordem questões referentes à disfagia no envelhecimento, assim como sua prevalência.

MÉTODOS

A pesquisa se configura em uma revisão de literatura e foi realizada entre os meses de julho a setembro de 2011. Os descritores e/ou termos-livres usados foram disfagia, presbifagia, transtornos da deglutição, envelhecimento e idosos, nos idiomas: português e inglês. As bases de dados pesquisadas foram Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), via PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Para cada uma delas foi realizada estratégia de cruzamento dos descritores (DeCS) e termos-livres, ou seja, termos relevantes para a pesquisa, mas que não foram encontrados nos descritores, como é o caso dos termos: disfagia e presbifagia.

Os critérios de inclusão foram: ser artigos originais e que abordassem a ocorrência de disfagia em idosos, ou seja, indivíduos com 60 anos e mais, assim como a prevalência da mesma neste segmento populacional.

RESULTADOS

Envelhecimento e deglutição

Por ser um mecanismo complexo, que envolve a participação de órgãos, músculos e nervos e depende da integridade dos mesmos para ocorrer de forma coordenada e eficiente, a deglutição pode sofrer alterações decorrentes do envelhecimento. Assim, pode haver um comprometimento em uma ou mais fases do processo de deglutição: oral, faríngea e esofágica5.

A fase oral consiste na formação, qualificação e organização do bolo alimentar com a finalidade de preparar o alimento que será transportado para a faringe. Nesta fase de preparação, a mastigação é essencial. Assim, estruturas como o lábio, a língua, as bochechas e os dentes, atuam de forma conjunta. Com o envelhecimento, a diminuição do tônus e a flacidez muscular, as perdas dentárias ou má conservação dos dentes e o uso de próteses dentárias mal adaptadas, aliada à diminuição dos reflexos propulsores e dos protetores, às alterações do apetite, da percepção sensorial e a hipossalivação ou xerostomia podem gerar incoordenação e até mesmo descompensar todo este mecanismo8.

Alguns estudos sugerem que as maiores alterações relacionadas ao envelhecimento podem ser observadas durante esta fase. Os principais achados se relacionam à lentificação na manipulação do alimento e até mesmo escape anterior devido à dificuldade de vedamento labial e atraso na ejeção do bolo alimentar devido à diminuição de força da língua9,10.

Na fase faríngea, movimentos musculares geram uma pressão negativa responsável pelo fechamento das vias aéreas, com apnéia momentânea para a passagem do bolo alimentar da faringe para o esôfago. É a combinação de movimentos musculares, peristálticos e de abertura de esfíncteres que permitem a realização desta fase10,11.

Alterações deglutitórias nesta fase se relacionam a limitações na motilidade faríngea com diminuição dos movimentos peristálticos e atraso na abertura do esfíncter esofágico superior. Pode ser comum também diminuição da sensibilidade laríngea e do reflexo de tosse. Assim, é possível observar presença de estase alimentar, necessidade de múltiplas deglutições e até aspiração laringo-traqueal12,13.

A última fase do processo de deglutição é a esofágica, que é mediada por nervos e gânglios, sendo de ação reflexa.  Dentre as alterações relacionadas ao envelhecimento, encontramos a diminuição do peristaltismo esofágico e a presença de refluxo gastroesofágico (RGE)14.

O processo do envelhecimento não causa episódios de disfagia, mas há evidências de que o desempenho da deglutição em pessoas idosas saudáveis seja diferente do desempenho em pessoas mais jovens. Os estágios da deglutição podem sofrer modificações e contribuir para o aparecimento de sintomas disfágicos, ou seja o mecanismo da deglutição pode se tornar mais vulnerável com o envelhecimento15.

 Epidemiologia da disfagia

Estimativas de prevalência de disfagia em idosos ainda não são um consenso na literatura e a presença de doenças crônicas concomitantes nesta população ainda contribui para a variabilidade destes dados14,16,17. O diagnóstico clínico da disfagia envolve além da avaliação funcional da deglutição, a realização de exames complementares como videofluoroscopia. Como alternativa à falta de dados padronizados para estimar prevalência de disfagia na população e possibilitar comparabilidade em nível nacional e internacional, instrumentos de triagem deveriam ser usados para posterior diagnóstico. Assim, a inserção de uma pergunta relacionada a dificuldades na deglutição em instrumentos de pesquisa e em anamnese nos serviços de atenção primária, poderia representar uma forma de rastreio para identificar aqueles que necessitam de uma avaliação específica.

As mudanças nos padrões de fertilidade e mortalidade que configuram o novo espectro de saúde da população são responsáveis por alterações quanto aos principais indicadores necessários para o monitoramento das condições de vida e saúde da população18. A prevalência das doenças crônicas aumenta na população envelhecida e traz preocupações quanto à convivência com certos agravos e ao risco de perda da autonomia e da capacidade funcional, essenciais para qualidade de vida no envelhecimento19-21. Desta forma, existe um esforço por parte das políticas públicas e dos serviços de saúde no sentido de monitorar a saúde da população detectando situações de agravo que superem a demanda espontânea/livre que chega aos serviços.

A maior prevalência de doenças crônicas deve ser entendida como fator de risco para a disfagia. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)22, os idosos com 75 anos e mais, têm de conviver, em média, com 3,5 doenças crônicas. Somado a isso, as mudanças fisiológicas implicam em menor reserva funcional e equilíbrio instável, tornando o idoso mais vulnerável ao descontrole dessas doenças diante do estresse e das demandas orgânicas facilmente transponíveis em outras fases da vida23.

Assim, a prevalência da disfagia em idosos pode variar de acordo com a presença de doenças crônicas. Em pacientes com Esclerose Múltipla ela varia de 24% a 34% e pode chegar a 50% em idosos com Doença de Parkinson, já que este agravo tem seu início típico em indivíduos com 55 a 65 anos e tem sua incidência aumentada com a idade. Ela pode representar um sinal clínico como no caso da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), já que pode ser um dos primeiros sintomas em 10% dos casos24-26.

Outro agravo crescente decorrente das mudanças no perfil de saúde da população e que tem sua incidência aumentada com a idade é o AVE. Mann et al (2000)27 afirmam que a avaliação clínica e videofluoroscópica evidenciam a presença de desordens na deglutição em 51% de pacientes que sofreram este tipo de agravo e grande parte destes pacientes desenvolvem quadro de aspiração silente. Furkin (2001)28 também relata que a disfagia neurogênica está presente em aproximadamente 25% a 50% dos AVEs e chama a atenção para o fato da prevalência do AVE ser alta em indivíduos idosos, destacando que 45% dos pacientes apresentam alterações da deglutição na fase aguda do AVE, frequentemente com aspiração persistente.

Além da importância das doenças crônicas na população envelhecida, a mortalidade por causas externas, que já eram reconhecidamente uma das principais causas de morte na população jovem e adulta, tem merecido especial atenção na população idosa, principalmente quando se trata de acidentes e violência. Estes eventos são importantes devido à vulnerabilidade deste grupo populacional e podem representar aumento das taxas de morbidade e mortalidade hospitalares23. As quedas e os atropelamentos representam fatores de risco para esta população e devem fazer parte de intervenções preventivas nos serviços de saúde29.

 

Hospitalização e disfagia

As internações hospitalares representam um importante indicador da qualidade da atenção básica, pois apesar de a morbidade hospitalar não ser representativa da morbidade na população, ela pode refletir complicações e agravos que fogem do foco preventivo dos serviços de atenção primária30.

A convivência com doenças crônicas e múltiplas acabam configurando aumento do risco de internação nos idosos22. O modelo assistencial de saúde atual sugere que o panorama necessita ser modificado de acordo com os princípios de universalidade, equidade e integralidade que o Sistema Único de Saúde deseja atingir. O uso de serviços ambulatoriais e hospitalares pelos idosos ainda parece ser prevalente, as internações são mais freqüentes e prolongadas, representando aumento do risco de infecções e complicações, maior consumo de medicamentos, fatores que oneram os gastos referentes à atenção em saúde31. Os idosos utilizam de 30 a 40% dos serviços ambulatoriais e hospitalares e consomem 30% dos gastos em saúde32

 Garcia et al32 também relatam que a internação pode representar risco para a aumento da prevalência de disfagia em ambiente hospitalar. Eles avaliaram 440 pacientes internados e encontraram prevalência de disfagia menor no momento da internação comparada a um mês de hospitalização.

O ambiente hospitalar além de expor o idoso a complicações e a infecções, ainda representa fator de risco para a disfagia. Segundo dados de estudo, relatos de hospitalização uma ou mais vezes nos 12 meses que antecederam a entrevista representava fator de risco para internação repetida (RR:2,38;p=0,001)33. Conhecer os fatores de risco às admissões hospitalares pode representar uma forma de planejamento, avaliação e organização das ações.

Neste sentido, a Política Nacional de Internação Domiciliar34, a Estratégia de Saúde da Família (PSF)35 e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)36 representam ferramentas que tem buscado ampliar a abrangência das ações com intuito de atingir a integralidade da atenção, com foco nos setores primário e secundário, reduzindo riscos e complicações decorrentes da exposição ao ambiente hospitalar.

 

DISCUSSÃO

A disfagia representa um importante indicador de saúde da população idosa, pois além de se configurar em um dos sintomas de diversas morbidades prevalentes neste segmento populacional, ainda pode representar fator de risco para morbidade e mortalidade.

Apesar de ser um sintoma freqüente nos idosos, a disfagia raramente é uma queixa nesta população, não sendo relatada aos profissionais da saúde e às pessoas que lidam diretamente com eles. A idéia de que as dificuldades decorrentes do envelhecimento devem ser incorporadas e adequadas ao cotidiano do idoso, subestima o diagnóstico da mesma14. Neste contexto, foi desenvolvido um estudo com intuito de entender o que poderia justificar o fato de o idoso falar com o médico sobre a disfagia. Observou-se que dizer que o distúrbio o impede de comer fora ou de comer com outras pessoas e ainda o faz evitar certos alimentos apresentavam associação estatisticamente significante com estes relatos de disfagia em consultas médicas17.

Estimativas mostram que de 13% a 35% dos idosos que vivem de forma independente reportam sintomas disfágicos e a grande maioria deles não procura tratamento37.

Em estudos com idosos saudáveis ou sem queixa relativa à deglutição, aproximadamente 40% relataram disfagia em algum momento da vida17 e 60% apresentavam hipotonia da musculatura orofacial na avaliação funcional da deglutição, o que pode comprometer o mecanismo deglutitório38.  Com o uso de exames complementares para diagnóstico, foi possível detectar 63% de alterações mesmo sem presença de queixa relacionada à deglutição14.

O prolongamento da fase oral em idosos é reportado em vários estudos e como conseqüência pode-se observar menores volumes de deglutição, acúmulo de resíduos na cavidade oral e maior taxa de penetração laríngea39,40.

Os sintomas de alterações na deglutição do idoso podem ser mascarados. A percepção dos sinais sugestivos de disfagia durante e/ou após a alimentação é fundamental. Assim, avaliar a qualidade vocal após a alimentação, a presença de tosse, engasgos e pigarro durante e/ou após a alimentação, a demora no processo, a necessidade de múltiplas deglutições e a mudança na freqüência respiratória podem ser indicativos de alterações na deglutição.

Mediante o risco crescente de morbidade, o conhecimento dos profissionais de saúde na avaliação do idoso com ou em risco para disfagia representa um diferencial. Os custos decorrentes de cuidados em saúde poderiam ser minimizados com a redução de episódios admissionais e do tempo de internação decorrentes de agravos e complicações. A partir de uma anamnese incluindo presença de sinais e sintomas, status nutricional e uso de medicamentos é possível diagnosticar 80 a 85% de todos os problemas de deglutição31.

O impacto da detecção e/ou intervenção precoce da disfagia tem sido associado à melhores resultados, principalmente em pacientes com doenças crônicas que apresentam como complicação a disfagia. São medidas que representam a qualidade do cuidado.

Tendo em vista que a prevalência de disfagia em ambiente hospitalar é alta, a presença deste agravo em ambiente hospitalar pode ser considerada como indicador de qualidade do serviço.

A pneumonia é uma das principais causas de mortalidade entre idosos. Questões relacionadas ao aumento da idade como presença de doenças crônicas coexistentes, intervenções terapêuticas e diminuição do mecanismo de defesa podem explicar este fenômeno. A aspiração traqueal possivelmente representa o maior fator de risco para a pneumonia nesta população. A pneumonia é frequentemente causada por desordens inaparentes na deglutição que geram aspirações silentes do conteúdo gástrico.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mudanças no perfil etário e demográfico da população envolvem um novo espectro epidemiológico, com novas prioridades na saúde, gerando demandas assistenciais que necessitam ser substituídas por estratégias políticas a fim de se garantir enfoque preventivo e um envelhecimento saudável.

A disfagia se configura num desafio epidemiológico que ultrapassa a visão clínica fonoaudiológica. O grande desafio deste agravo dentro do espectro da saúde pública é garantir abrangência e efetividade de programas e políticas a fim de além promover qualidade de vida no envelhecimento, novas medidas que possam garantir capacidade funcional e autonomia, evitando ônus ao sistema de saúde e previdenciário.

 

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Nov 21, 2012

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Quality of life of people with chronic wound

La calidad de vida de las personas con heridas crónicas

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AUTORES: Liliana Martins, Maria Rodrigues, Vanda Mesquita

Resumo

As Feridas crónicas têm sido um desafio para a enfermagem a nível da sua etiologia, evolução, tratamento e reabilitação, particularmente na pessoa idosa, onde a incidência e a prevalência é elevada, segundo os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística de Lisboa. O seu impacto físico, psíquico, social, e afetivo é enorme, tendo repercussões no dia a dia e na dinâmica familiar da pessoa com ferida crónica.

A realização deste estudo de investigação tem como ponto de partida a seguinte questão: “Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?”.

Objetivos: (1): Identificar a relação existente entre a funcionalidade familiar e a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica; (2): Avaliar e classificar a funcionalidade familiar da pessoa com ferida crónica; (3): Avaliar e classificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica; (4): Avaliar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica inserida numa família funcional.

Metodologia: Efetuado um estudo quantitativo, descritivo e transversal.

Resultados: A nossa amostra, segundo o género, é caracterizada por uma maioria do sexo feminino (52%) e o sexo masculino representa 48%. Relativamente ao grupo etário a nossa amostra é mais representada pelos grupos 60-70 e 70-80, com respectivamente 25% e 35%, enquanto que apenas 2% representa o grupo 20-30. No que diz respeito ao estado civil, a nossa amostra é composta maioritariamente por sujeitos casados (55%), seguindo-se os viúvos (23%) e os solteiros (15%). Minoritariamente temos os divorciados (7%). Quanto à composição do agregado familiar, verificamos que 40% da amostra vivem só com o cônjuge e apenas 17% vivem com os filhos. No total da amostra as habilitações literárias dos inquiridos encontram-se distribuídas de forma maioritária ao nível do 1º ciclo (90%) e apenas uma minoria na ordem dos 3% detêm um curso superior. Relativamente à localização anatómica da ferida, a maioria dos inquiridos (45%) são portadores de ferida na perna e 37% nas duas pernas. Enquanto que só 8% têm feridas no pé, apenas 3% tem ferida na região nadegueira e 2% na região inguinal.

Verificamos que a maioria da nossa amostra, 57%, insere-se numa família altamente funcional, embora 28% tenham obtido valores que os inserem numa família moderadamente disfuncional e 15% em famílias severamente disfuncionais. A qualidade de vida foi avaliada através do esquema de Cardiff, sendo os valores obtidos pelos sujeitos, relativamente ao bem-estar, sintomas físicos e vida diária (vivência/perturbação), vida social (vivência/perturbação), qualidade de vida em geral e satisfação com a qualidade de vida. Os valores da nossa amostra indicam níveis médios de satisfação em cada um dos parâmetros analisados.

Conclusão: Os enfermeiros proporcionam uma elevada contribuição na melhoria da qualidade de vida dos utentes com feridas cronicas. Os cuidados de enfermagem de excelência diminuem as recidivas, um maior envolvimento familiar, um aumento da funcionalidade bem como uma elevada satisfação quer do doente quer da família.

Palavras-chave: Qualidade de Vida; Funcionalidade Familiar; Ferida Crónica.

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Abstract

Chronic Wounds have been a challenge to nursing at the level of etiology, treatment and rehabilitation, particularly the elderly, where the incidence and the prevalence is taken according to data provided by National Statistical Institute (INE). Its impact physical, psychic, social and emotional is enormous, whit repercussions on the ever day life in family dynamics of persons with chronic wounds. This study research was as starting point the following question: “Does the family functionality influences the quality of life of people with chronic wound”.

Objectives: (1)Identify the relationship between family functioning and quality of life of people with chronic wounds, (2): Evaluate and classify the functionality person familiar with chronic wound, (3): Evaluate and rank the quality of life of people with chronic wound (4): Assessing the quality of life of people with chronic wound inserted in a functional family.

Methodology: A quantitative, descriptive and transversal study.

Results: In our sample, according the gender, is characterized by a mostly female (52%) and males represent 48%. With regard to the age group our sample is most represented by groups 60-70 and 70-80, with respectively 25% and 35%, whilst only 2% is the group 20-30. With regard to the status, our sample is mainly comprised of married subjects (55%), followed by widows (23%) and single (15%). Minority have divorced (7%). About household composition, found that 40% of sample live alone with their spouse and only 17% live with their children. In the total sample of qualifications respondents are distributed in a majority at the 1st cycle (90%) and only a minority of around 3% holds a university degree. For the anatomical location of the wound, the majority of respondents (45%) carry leg wound and 37% in both legs. While only 8% have wounds in the foot, only 3% are wound in the buttocks region and 2% in the inguinal region. We found that the majority of our sample, 57%, part of a highly functional family, while 28% have obtained values that fit into a moderately dysfunctional family and 15% in severely dysfunctional families. Quality of life was assessed using the Cardiff scheme, the values obtained by the subjects, for the well-being, physical symptoms and daily living (living / disorder), social life (living / disturbance), quality of life in general and satisfaction with the quality of life. The values of our sample show average levels of satisfaction in each of the parameters analyzed.

Conclusion: The nurses provide a large contribution to improving the quality of life of clients with chronic wounds. The nursing excellence decrease relapses, greater family involvement, increased functionality and a high satisfaction of either the patient or family.

Keywords: Quality of life; Chronic Wound; Family functionality

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Introdução

A qualidade de vida “é a percepção do indivíduo da sua posição de vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações” (grupo WHOQOL citado por Canavarro e Pereira 2004, p.1).

As feridas crónicas apresentam-se como um desafio à qualidade de vida das pessoas, à abordagem efectuada pelos profissionais de saúde e aos recursos dispendidos pelas instituições de saúde, no seu tratamento.

O tratamento de feridas crónicas representa nos dias de hoje, um problema para a pessoa, profissionais e instituições de saúde, mas o seu resultado “pode ser melhorado através de equipas multidisciplinares trabalhando em conjunto. Estes profissionais de saúde têm de ser portadores de conhecimentos apropriados e experiencia no manuseamento de feridas para satisfazerem as necessidades desta população de doentes vulnerável”. (Harker, 2006, p.23)

De acordo com Cerqueira (2005), a família é o primeiro grupo social no qual o homem está inserido, ou seja, é a rede inicial de relações de um indivíduo e funciona como matriz de identidade, e como tijolos de uma construção onde são satisfeitas as necessidades que são a base para a conservação, manutenção e recuperação da saúde. A família é encarregada da formação da personalidade, bem como de garantir a socialização e educação para a inserção na vida social.

Quando na família há um membro com ferida crónica, todos os outros estão sujeitos a sofrer de stress e ansiedade. Os membros da família preocupam-se com a gravidade da ferida, com o sofrimento, a morbilidade e a possível morte e, como consequência, podem experimentar diversos sentimentos entre eles o medo, o desamparo, a vulnerabilidade, a insegurança, a frustração e até mesmo a depressão.

A unidade familiar fica assim sujeita a ruturas no seu estilo de vida, desde aspetos relacionados com a privacidade individual até aspetos económicos.

Considerando a simultaneidade e a complexidade dos conceitos, ferida crónica, qualidade de vida e família, e, ao considerar a família como unidade de cuidados e reconhecendo a importância da estrutura e da funcionalidade familiar para a satisfação da pessoa, definimos como pergunta de partida: Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?

A evidência empírica da importância deste estudo surgiu a partir do contacto direto e diário de pessoas com ferida crónica, partilhando com estes os seus diversos sentimentos, na UCSP do Lumiar.

Definimos como objetivos:

  • Aprofundar conhecimentos sobre ferida crónica, qualidade de vida e família;
  • Identificar a relação existente entre a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica e funcionalidade familiar;
  • Avaliar e classificar a funcionalidade das famílias com ferida crónica segundo scores do APGAR Familiar;
  • Avaliar e classificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica segundo o esquema de Cardiff.

De acordo com os objetivos e a pergunta de partida, a metodologia será quantitativa segundo uma pesquisa descritiva. O instrumento de colheita de dados escolhido foi o questionário.

Perante tais factos, cabe-nos a nós, profissionais de saúde implicar a pessoa e sua família em todo o processo de tratamento.

 Metodologia

Concordando com Fortin, Vissandjée e Côte (1999:48), qualquer investigação científica tem origem numa situação considerada como problemática, isto é, que causa mau estar, irritação, inquietação e que por consequência exige uma implicação, ou pelo menos uma melhor compreensão do fenómeno observado. Baseadas nestes pressupostos e em situações vivenciadas ao longo deste caminho pela UCSP do Lumiar, definimos como questão de investigação: Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?

De acordo com a questão de investigação, temos como variável dependente a qualidade de vida e algumas variáveis independentes que são: funcionalidade familiar; género; idade; estado civil; agregado familiar; habilitações literárias e local anatómico da ferida.

Este trabalho assenta numa metodologia quantitativa segundo uma pesquisa descritiva, cuja população foi constituída por pessoas com ferida crónica, sendo a amostra a pessoa com ferida crónica da UCSP do Lumiar. Foram determinados como critérios de inclusão: a pessoa com ferida crónica dos 25 aos 90 anos que vivam com as suas famílias e estivessem em condições de responder ao questionário (saber ler, escrever; estar consciente e orientado).

Como instrumento de colheita de dados foi utilizado um questionário no qual está incluído a escala de APGAR familiar e esquema de Cardiff. O APGAR familiar, para caracterizar as famílias em funcionais ou disfuncionais e quantificar a perceção da pessoa com ferida crónica em relação ao funcionamento familiar. O esquema de Cardiff irá quantificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica.

O tratamento de dados foi baseado em estatística descritiva, que segundo Fortin (1999), é o valor numérico ou observação que descreve um conjunto de dados numéricos (média, desvio padrão, coeficiente de correlação entre outros) e estatística inferencial que pela mesma autora é o valor numérico ou a operação que permite a generalização dos resultados obtidos junto de uma amostra à população da qual provém a mesma.

Ainda dentro da estatística inferencial, para testarmos as nossas hipóteses utilizamos testes paramétricos, nomeadamente ANova e Perason, tendo como apoio o programa informático denominado por Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para a construção da base de dados e cálculos quantitativos. Recorreu-se também ao Excel para a construção de gráficos e tabelas.

Resultados

Quadro 1 – Distribuição da amostra segundo o género e grupo etário

Quadro 2 – Distribuição da amostra segundo o estado civil, agregado familiar e habilitações literárias

Quadro 3 – Distribuição da amostra segundo a localização anatómica da ferida

Quadro 4 – Distribuição da amostra segundo o APGAR Familiar

Quadro 5 – Distribuição da amostra segundo a qualidade de vida

Discussão

Ao longo da nossa atividade profissional, acreditamos que a pessoa deve ser vista sempre numa visão holística e no seu contexto familiar para assim prestar cuidados de excelência, o que verificamos com este estudo, pois os indivíduos pertencentes a famílias altamente funcionais (57%) têm uma moderada qualidade de vida, uma vez que a pessoa com ferida crónica tem um suporte familiar moderado, ajudando-o a ultrapassar as dificuldades e na readaptação às suas atividades de vida diárias.

No que diz respeito ao sexo masculino este apresenta valores mais elevados de qualidade de vida do que o sexo feminino, devendo-se estas diferenças a fatores educacionais e culturais.

Para melhor compreensão, agrupou-se o grupo etário em dois subgrupos: dos 20 até 60 anos e mais de 60 anos. Verificou-se que a autonomia relaciona-se com a dependência assim, os mais novos são mais independentes e mais autónomos logo apresentam uma moderada qualidade de vida, relativamente aos mais idosos (> 60).

Relativamente ao estado civil, os casados apresentam valores mais elevados de qualidade de vida, pois coabitam no mesmo lar manisfestando e vivenciando os seus sentimentos imediatamente.

O agregado familiar envolve todos os elementos que apoiem a pessoa com ferida crónica, uma vez que viver no mesmo lar facilita a coesão familiar, assim concluímos que as pessoas que vivem com o conjugue e/ou filhos têm uma moderada qualidade de vida relativamente aos que vivem sozinhos.

Para uma melhor análise dos dados agrupamos a localização anatómica da ferida em três subgrupos: perna, perna bilateral e outros. As pessoas com feridas inseridas no subgrupo da perna bilateral apresentam valores mais baixos de qualidade de vida relativamente às inseridas no subgrupo da perna e outras localizações que apresentam valores mais elevados de qualidade de vida.

Relativamente à qualidade de vida os valores indicam níveis médios de satisfação com a sua qualidade de vida em cada um dos parâmetros analisados, uma vez que a qualidade de vida é influenciada por vários factores e pelas vivências do dia a dia.

Conclusão

A participação na Investigação com vista à melhoria da prática de Enfermagem deve ser encarada como uma função dos enfermeiros, função esta que não deve ser descurada. O enfermeiro deve possuir um espírito aberto que favoreça a dinamização de dispositivos de investigação – ação, investigação e formação – para que se dê corpo à apropriação dos saberes mobilizáveis no exercício da profissão de enfermagem.

Ao longo da nossa atividade profissional, acreditamos que a pessoa deve ser vista sempre numa visão holística e no seu contexto familiar para podermos prestar cuidados de excelência e envolver sempre a família em todo o seu processo. Pois se o objetivo é auxiliar a pessoa, não nos podemos restringir apenas a prestar cuidados de Enfermagem puramente técnicos ou especificamente à ferida, devemos ter sempre em conta os aspetos envolventes à qualidade de vida. Foi este facto que nos levou a querer estudar a qualidade de vida e a funcionalidade familiar nas pessoas com ferida crónica no sentido de melhorar a prestação dos cuidados de enfermagem, trazendo benefícios para a vida da pessoa com ferida crónica e dos seus familiares. A qualidade de vida é uma questão fundamental para cada pessoa e para uma melhor adequação dos cuidados de enfermagem.

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Ago 2, 2012

THE ELDERLY ABUSE WITHIN THE FAMILY CONTEXT

EL PROBLEMA DEL ABUSO EN LOS ANCIANOS EN EL CONTEXTO FAMILIAR

AUTORES: Helena Falcão, José Ali-Can

Resumo

O aumento previsível do número de idosos e a actualidade socioeconómica fazem com que o idoso, em especial em idades mais avançadas, e mais dependentes, possa ter de ir viver com familiares e onde pode vir a tornar-se vítima de situações de abuso.

Os laços existentes entre o idoso e o abusador, fazem com que a incidência e prevalência do abuso de idosos em contexto familiar seja difícil de detectar e existam escassos estudos sobre a temática. Os números conhecidos são já preocupantes. Na génese estão factores sociais, culturais, familiares, económicos mas também características individuais de abusadores e idosos.

A maioria das situações apenas consegue ser devidamente detectada e encaminhada quando o idoso recorre aos serviços de saúde. É essencial que os profissionais de saúde estejam atentos e preparados para detectar e sinalizar estas situações. Da mesma forma é essencial e fomentar o desenvolvimento de programas formativos e estruturas de apoio.

Com esta comunicação pretende-se reflectir sobre a problemática do abuso nos idosos em contexto familiar, consciencializar e estimular o interesse de todos os que trabalham com idosos, e da sociedade em geral, para esta temática com vista à detecção e encaminhamento de potenciais situações problema. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em bases de dados nacionais e internacionais.

A detecção, sinalização, diagnóstico, tratamento e protecção das vítimas são passos fundamentais para evitar ou minimizar as suas consequências físicas e psicossociais. É um problema complexo que requer a conjugação de vários profissionais e várias entidades.

Palavras-chave: idoso, maus tratos, profissionais de saúde

Abstract

The predictable increase of the elderly population and the socioeconomic activity make the elderly, especially in a more advanced age and the more dependant ones, may have to move in with family members and this may turn them into an abused victim.

The existing bonds between the elderly and the abuser make the occurrence and repetition of the abuse within the family context hard to detect, and few studies on the theme are being made. The known numbers are now a cause for concern. In its origin are social, cultural, family and economic factors but also individual characteristics of the abuser as well as the elderly.

Most of the situations can only be properly detected and addressed when the elderly requires healthcare. It is vital that the health professionals remain aware and prepared do identify these situations. It is also vital to encourage the development of training programs and support systems.

With this essay one aims to think about the problem regarding elderly abuse within the family context, to make awareness and stimulate the interest of all, who work with the elderly and society in general, towards detection and follow up of potential problem situations. The method used was bibliographical research on national and international databases.

Detection, diagnosis, treatment and protection of the victims are fundamental steps to avoid or minimize physical and psychosocial consequences. It is a complex problem that requires the conjugation of several professional and entities.

Key words: elderly, abuse, healthcare professionals

Introdução

A sociedade em geral presta o culto da beleza e juventude e demonstra aparente indiferença pelos mais velhos. Casos mais recentes vindos a público nos meios de comunicação social, colocam a descoberto a aparente incapacidade das estruturas governamentais e não governamentais no apoio à pessoa idosa.

O fenómeno do envelhecimento da população é cada vez mais um problema e Portugal não é excepção. Agravou-se o envelhecimento populacional na última década e actualmente 19% da população portuguesa tem 65 ou mais anos de idade, o que indica que “Portugal tem hoje uma população mais idosa que jovem” (Censos 2011, p. 14). A realidade socioeconómica actual faz com que o idoso (em especial nas idades mais avançadas e nos mais dependentes) possa ir ter de ir residir com familiares/cuidadores onde pode tornar-se vítima de situações de violência.

A violência sobre o idoso em contexto familiar é de difícil percepção por se tratar de um problema cuja realidade é desconhecida e um assunto encoberto pelos envolvidos. Estes aspectos associados à falha na detecção de situações problema e dos sistemas de protecção social fazem do idoso particularmente propenso a ser uma vítima silenciosa.

Este trabalho visa reflectir sobre a problemática do abuso nos idosos em contexto familiar, estimular o interesse por esta temática, alertar para este problema a todos os que directa ou indirectamente trabalham com o idoso de forma a detectar, sinalizar e encaminhar potenciais situações, bem como fomentar o desenvolvimento de programas formativos e estruturas de apoio.

Vítima Silenciosa

Em pessoas idosas, a violência pode ser categorizada em três dimensões: sociopolítica (desigualdade nas estruturas económicas e politicas); institucional (ocorre em instituições de saúde ou outras de apoio a idosos) e intrafamiliar (os agressores são familiares/cuidadores e é a face mais encoberta da violência contra idosos) (Faleiros 2007 citado por Araújo e Filho, 2009).

Ser idoso é ter uma história de vida vasta e interessante pelo que já experienciou ao longo das várias etapas da vida. Mas esta nova etapa é talvez a mais difícil. O processo fisiológico de envelhecimento causa limitações que estão na base de alguma fragilidade e que tornam o idoso numa vítima especialmente vulnerável, em razão “da sua idade avançada, do seu estado de saúde, ou do facto de o tipo, o grau e a duração da vitimização haver resultado em lesões com consequências graves no seu equilíbrio psicológico ou nas condições da sua integração social” (Lei nº 112/2009 de 16 de Setembro Capitulo I, Artigo 2º ponto b).

A realidade socioeconómica actual faz com que perante a perda do conjugue e/ou o aumento de dependência (em especial em idades mais avançadas), o idoso tenha, por vezes, de deixar a sua casa para ir viver com familiares. Um estudo realizado por Oliveira et al (2008) concluiu que a faixa etária de mais de 75 anos ou mais, apresentam 1,65 vezes mais possibilidades de serem dependentes funcionais quando comparados com o grupo etário 55-64 anos.

Associado ao risco de abuso aparece frequentemente associada a demência (Wiglesworth et al 2010; Bitencourt et al 2007). O Programa Nacional para a Saúde da Pessoa Idosa (Direcção Geral de Saúde, 2006) aponta para uma prevalência da demência que aumenta de 1% aos 65 anos para os 30% aos 85 e mais anos, duplicando em cada 5 anos entre os 60 e 90 anos. Torna-se penoso assistir à perda progressiva de memória, da capacidade de raciocínio, da autonomia e independência que transforma o ente querido em apenas uma face conhecida com comportamento imprevisível, perturbador e com défices comunicacionais. Isto pode gerar no cuidador ansiedade, depressão e stress (Figueiredo, 2007).

 A conjugação destes factores fazem do idoso uma pessoa vulnerável física e emocionalmente, aos mais variados tipos de abuso. Torna-se difícil conhecer a incidência e prevalência do problema, uma vez que a maioria dos casos acontece no meio familiar, e os laços que unem o idoso ao agressor fazem com que sobreviva em sofrimento e que não denuncie a situação. Muitas situações só são detectadas quando o idoso recorre ao hospital e os danos são irreparáveis. Os profissionais de saúde acabam por ser a última esperança de que o idoso seja respeitado na sua dignidade e individualidade.

Em geriatria, segundo a Action on Elder Abuse e a Internacional Network for the Prevencion on Elder Abuse, e adoptado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (2002, p. 126) à violência sobre o idoso denomina-se abuso, ou seja o “acto simples ou repetido ou a ausência de uma acção apropriada, que ocorre num qualquer relacionamento de confiança que prejudique ou provoque dano ou tensão numa pessoa idosa”. Ainda de acordo com a OMS (2002) são cinco os tipos de abuso sobre o idoso que raramente aparecem isolados:

  • Abuso físico – infligir dor ou lesão, coação física, ou domínio induzido pela força ou por drogas;
  • Abuso psicológico ou emocional – agressões verbais ou gestuais com o objectivo de aterrorizar, humilhar e restringir a liberdade do idoso;
  • Abuso financeiro ou material – uso ilegal ou inapropriado de fundos, propriedades ou bens do idoso;
  • Abuso sexual – contacto sexual não consensual, de qualquer tipo, com o idoso;
  • Negligência – recusa ou falha em desempenhar a obrigação de cuidar do idoso. Pode ou não ser intencional.

Em Portugal, os números reais deste problema são desconhecidos e difíceis de obter mas dados existentes são preocupantes. Segundo Ferreira – Alves e Sousa (2009) e Borralho et al (2010) concluíram que a negligência e o abuso emocional são os mais prevalentes e que mais de metade dos indivíduos estudados apresentou pelo menos um indicador de maus-tratos. Os dados sobre pessoas idosas vítimas de crime da APAV (2011) não contemplam a negligência como um dos tipos de crime, sendo os maus-tratos físicos (22,9%) e psíquicos (27,1%) os predominantes. Ainda de acordo com a APAV (2011), o maior problema reside na violência que ocorre no domicilio (86,9%), a vítima tipica tem entre os 65-75 anos, é do sexo feminino (82,2%) e o agressor tipico é o conjugue (33%) e filho/a (27%). Dados que vão de encontro à biliografia internacional consultada (Sanches et al, 2008; Usaola e Cantera, 2004; Gaioli e Rodrigues, 2008).

A origem do abuso é multicausal. Estão implicados factores sociais, culturais, familiares e também individuais (Borralho et al, 2010).

As evidências de abusos, são, na maioria, de abusos físicos por serem os mais fáceis de detectar, e ocorrem quando a situação atingiu proporções gravíssimas. Estas situações recorrem aos serviços de saúde mascaradas com as mais diversas histórias. O profissional de saúde, em especial o enfermeiro (pela relação de excelência que estabelece com o idoso), tem um papel privilegiado que lhe permite aperceber-se de pequenos indícios a nível do comportamento do idoso e/ou do cuidador, de que algo não está bem e actuar atempadamente. No entanto, o idoso que é vítima, quando confrontado, mantém o silêncio e muitas vezes nega a sua situação. Isto ocorre devido ao medo de perder o cuidador e ficar só, de ser institucionalizado, de perder a privacidade e as relações familiares, de sofrer recriminações por parte do abusador, da exposição pública, de ser desacreditado, de ser o responsável pelo abuso (Quinn e Tomita 1997 citados por Ferreira – Alves, 2009), por minorar a gravidade da situação, por vergonha e por vezes pela minimização das suas queixas pelos profissionais de saúde (Ferreira, Vieira, e Firmino 2006).

Sinais que de alerta, em especial para os profissionais de saúde (OMS, 2002; APAV, 2002) são a incoerência entre a história clínica e as lesões apresentadas, exames laboratoriais/imagiológicos inconsistentes com a história fornecida, a incoerência entre a história apresentada pelo idoso e pelo cuidador e a recorrência frequente aos serviços de saúde por doença crónica sem tratamento adequado apesar de ter ao dispor os meios necessários, maus cuidados higiene, desnutrição, desidratação, sentimento de medo e de culpa, recusa de apoio.

Além dos sinais de alerta, os indícios de abuso são auxílios preciosos dos profissionais que lidam com idosos, em especial se o abusador é um familiar próximo. Implica estar atento a características do cuidador/abusador mas também do idoso (Costa et al  2009; Minayo, 2003; Usaola e Cantera, 2004; Capezutti, 2011; Gaioli e Rodrigues, 2008):

  • Características individuais do abusador

 – Dependência de substâncias, comportamento desviante;

– Perturbações da saúde mental ou física;

– Famílias desestruturadas (relações disfuncionais, crises na vida familiar, emigração);

– Personalidade imatura e impulsiva, baixa tolerância a frustrações, baixa auto-estima;

– Antecedentes de ter sofrido no passado maus tratos por parte do idoso;

– Sobrecarga física e emocional e falta apoio familiar;

– Problemas sócio – económicos e dependência financeira do idoso;

– Intolerante, indiferente ou excessivamente ansioso face à vítima;

– Género masculino;

  • Características individuais da vítima

– Vulnerabilidade e dependência;

– Perturbações cognitivas e físicas;

– Personalidade e temperamento não adaptados ao abusador;

– Género feminino;

– Falta de suporte social/isolamento;

Reconhecer a existência destes indícios como suspeitos é o primeiro passo para ajudar o idoso. A presença de indícios não implica estar perante um abuso confirmado, mas deveria intervir-se de forma efectiva (Costa et al 2009) o que implica a monitorizar da situação, proceder e encaminhar atempadamente.

As barreiras que podem dificultar a intervenção dos profissionais prendem-se com a dificuldade em lidar com estas situações, falta de preparação técnica, ausência de protocolos para o apoio e encaminhamento, desconhecimento de redes de apoio, profissionais que atribuem as causas ao próprio envelhecimento (quedas, esquecimento na toma da medicação) ou às doenças subjacentes ao invés de consequências de abusos (Costa et al, 2009).

As questões relacionadas com o abuso ao idoso envolvem a família, os profissionais que prestam cuidados e em última instância o sistema de saúde e a sociedade em geral (Sanches et al, 2008). É um problema complexo que requer a conjugação de vários profissionais e várias entidades.

Em termos de saúde, as políticas para o envelhecimento saudável devem incidir em três vertentes: manutenção e aumento das competências para ultrapassar a dependência; expansão e melhoria das medidas de reabilitação de modo a voltar a ter uma vida independente e a resolução dos problemas dos idosos dependentes de outras pessoas (Tamer e Petriz, 2007). Ao mesmo tempo importa desenvolver programas de prevenção para a população em geral, formação específica a profissionais e voluntários. Os idosos devem também ser informados sobre a quem e como recorrer, bem como as redes de apoio que tem à sua disposição caso estejam a ser vítimas de algum tipo de abuso (Ferreira et al, 2006). Situações de negligência, que ocorrem por desconhecimento dos cuidados de saúde adequados à necessidade do idoso por parte dos cuidadores, podem necessitar de uma intervenção de saúde e social.

Os Enfermeiros são dos mais implicados neste processo. A sua actuação passa pela prevenção (formação à população em geral), detecção (é um dos principais agentes) e encaminhamento para vários níveis de intervenção em termos de saúde.

A detecção, sinalização, diagnóstico, tratamento e protecção das vítimas são passos fundamentais para evitar ou minimizar as suas consequências físicas e psicossociais. É um problema complexo que requer a conjugação de vários profissionais e várias entidades.

Considerações Finais

As sociedades actuais caminham a passos largos para o envelhecimento global da população, o que faz disparar os receios de abusos em especial no meio familiar onde o silêncio impera.

O profissional de saúde acaba por ser a última esperança para o idoso, vítima silenciosa de abusos, e das famílias à beira da ruptura e em risco de cair no abuso. O Enfermeiro tem um papel impar na detecção e encaminhamento de situações suspeitas. Implica o seu envolvimento na formação e reformulação de procedimentos, criação de articulação com várias entidades e estreitamento de redes de comunicação com os vários parceiros de saúde quer institucionais quer da comunidade, bem como agentes de segurança e de justiça.

A resolução da problemática do abuso nos idosos em contexto familiar, implica uma abordagem transdisciplinar e o desenvolvimento de canais de comunicação, protocolos e estratégias entre vários grupos profissionais e/ou instituições das várias áreas da saúde, segurança e justiça.

Tendo presente que no futuro o número de idosos suplantará o das classes mais jovens, urge a necessidade de rever políticas e procedimentos para a terceira idade, bem como as políticas de apoio e assistência a idosos e seus cuidadores.

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Jul 30, 2012

ADHERENCE TO THE THERAPEUTIC REGIME, ERRORS IN THE EXECUTION OF INHALATION THERAPY TECHNIQUE

LA ADHERENCIA AL RÉGIMEN TERAPÉUTICO Y LOS ERRORES EN LA APLICACIÓN DE LA TÉCNICA DE TERAPÉUTICA DE INHALACIÓN

AUTORES: Maria do Carmo Oliveira Cordeiro, Duarte Moura Mateus

RESUMO:

Desenho:

Revisão sistemática

Objectivos:

Descrever estudos empíricos de intervenção que conduzam a alteração na adesão á terapêutica e que simultaneamente descrevam os factores que condicionam a adesão ao regime terapêutico no adulto/idoso, identifiquem taxas de adesão e identificar os principais erros na execução da técnica da terapêutica inalatoria em pessoas já com ensino prévio.

 Metodologia:

Realizada revisão sistemática de literatura, e como ponto de partida, formula-mos a pergunta de investigação em formato PICOD. Consulta-mos no motor de busca Google, B-ON e EBSCO nas seguintes bases de dados: CINAHL- Plus with Full Text; SCIELO; MEDLINE – with Full Text; COCHRANE CENTRAL REGISTER OF CONTROLLED TRIALS; COCHRANE DATABASE OF SYSTEMATIC REVIEWS; DATABASE OF ABSTRACTS OF REVIEWS OF EFFECTS; MEDICLANTINA; CIENCIAS DA SAÚDE (PERIODICOS ON LINE).

Resultados:

Seleccionaram-se 10 artigos de uma amostra inicial de 17. Da revisão da literatura, foram encontrados factores que podem contribuir positiva ou negativamente, para adesão: características do regime terapêutico, comportamentos de saúde, efeitos secundários dos medicamentos, suporte social, depressão e função cognitiva a incapacidade física para auto-administrar os medicamentos, limitações económicas e diminuição intencional da dose prescrita. As dificuldades referidas, na administração da terapêutica inalatória, foram coordenação mão/pulmão, complexidade do dispositivo, não expirar de forma lenta antes de realizar a inalação, não suster a respiração após a inalação e não efectuar uma pausa de tempo suficiente antes de uma inalação posterior.

Conclusões:

As intervenções dos profissionais de saúde devem resultar de acções múltiplas e multidisciplinares e não apenas de um tipo de intervenção. Tornam-se necessárias intervenções que serão de âmbito educacional ou comportamental e em que se exige a estes profissionais de saúde se mantenham em constante actualização para um correcto ensino/educação/acompanhamento da pessoa.

Palavras-chave: adesão; medicamentos terapêutica; intervenções; adulto/idoso; inaloterapia; terapêutica inalatória; formação; erros.

ABSTRACT:

Objectives:
To analyse empirical studies of intervention leading to change in medication adherence; describe factors that influence treatment compliance in adults / elderly; identify rates of compliance; and to identify major errors in inhalation technique of therapy in patients who underwent previous teaching.

Methodology:
Systematic review of literature. Format PICOD was used to work the main research question. Several search engines were used: Google, B-ON and the following EBSCO databases: CINAHL- Plus with Full Text; SCIELO; MEDLINE – with Full Text; COCHRANE CENTRAL REGISTER OF CONTROLLED TRIALS; COCHRANE DATABASE OF SYSTEMATIC REVIEWS; DATABASE OF ABSTRACTS OF REVIEWS OF EFFECTS; MEDICLANTINA; CIENCIAS DA SAÚDE (PERIODICOS ON LINE).

Results:
Ten articles were selected out of 17. We found the following factors that can contribute positively or negatively for compliance: treatment regimen characteristics; health behavior; side effects of medications; social support; depression and cognitive function; physical impairment to self-administer medications. The difficulties mentioned in the administration of inhalation therapy, were hand coordination/lung; complexity of the device. Incorrect inhalation therapy is also described: absence of a slow expiration before performing the inhalation will; not hold the breath after inhaling; and not pause long enough before an inhalation later.

Conclusions:
The interventions of health professionals must result from multiple and multidisciplinary actions and not just one type of intervention. The interventions performed by experienced health carriers result in a better therapeutic adherence and reduction of errors in inhalation technique. Health professionals must keep updated for a proper education / education / monitoring of the person.

Keywords: compliance/adherance; drug therapy, interventions, adult / elderly; inhalation therapy, inhalation therapy, training, mistakes

0 – INTRODUÇÃO

Este artigo visa analisar uma problemática com base numa revisão sistemática da literatura.

Como objectivos deste trabalho estabelecemos: medidas de adesão e factores condicionantes á adesão ao regime terapêutico e os principais erros na execução da técnica da terapêutica inalatória após formação ensino.

Para a revisão sistemática de literatura consultámos a base de dados EBSCO, B-ON e Google.

Organizámos o trabalho em cinco tempos, no primeiro tempo faremos um breve enquadramento teórico da temática escolhida, no segundo tempo reserva-se à clarificação da metodologia utilizada, no terceiro tempo procederemos à análise dos artigos, o quarto tempo visa a discussão dos dados obtidos e no último tempo faremos a conclusão do trabalho.

1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO  

No que concerne à adesão terapêutica nos adultos/idosos (adherence or compliance), esta temática tem vindo cada vez mais a ocupar um lugar importante nas preocupações dos técnicos de saúde (entre os quais, dos enfermeiros), pois todos começam a tomar consciência das repercussões da não adesão em termos pessoais, sociais e económicos.

Dos vários estudos realizados sobre o tema, as expressões “cumprimento” (complieance) e “adesão terapêutica” (adherance), têm sido utilizados simultaneamente ao longo do tempo, por vezes, dento de cada estudo. Os estudos sobre a adesão á terapêutica têm vindo a aumentar desde a década de 1950, destacando-se como um dos marcos mais importantes e impulsionadores de muitos trabalhos seguintes o “First International Congresso n Patient Counselling”, com realização em Abril de 1976.

Encontramos frequentemente os dois termos distintos para adesão, compliance e adherence, muitas vezes utilizados indiferentemente, no entanto o primeiro tem uma conotação negativa, na medida em que sugere passividade e submissão da pessoa às prescrições, atribuindo todo o poder a quem prescreve enquanto o segundo sugere uma participação mais activa da pessoa no processo de decisão incorporando os conceitos de concordância, cooperação e parceria entre a pessoa e o prestador de cuidados de saúde (Myers & Midence, 1998; Vermeire & et al., 2001). Assim compliance, coaduna com a perspectiva do aconselhamento por parte dos técnicos de saúde face a um regime terapêutico, em que se preconiza que a pessoa siga todos os conselhos do técnico de saúde, o segundo termo, adherence, emerge daquilo que é consequência de decidir e poder optar de forma informada e responsável.

Existe uma estimativa de que 30 – 50% dos doentes, independentemente da doença, do tratamento e do prognóstico, não aderem ao regime terapêutico (Vermeire & et al., 2001). Um elevado número de estudos apontam para uma taxa de adesão, em pessoas com doenças crónicas, nos países desenvolvidos na ordem dos 50%, sendo a magnitude e impacto da não adesão ainda maior nos países mais pobres (WHO, 2003).

Dos vários estudos consultados, estes referem que as causas da não adesão terapêutica são várias e incluem o tipo de regime terapêutico (complexidade e custo), a envolvência da equipa de saúde e a atitude do doente, assim como as características individuais do mesmo (existência de patologias concomitantes, problemas psiquiátricos, etc.). A adesão terapêutica assume um papel importante nos doentes portadores de doenças crónicas, com enormes repercussões na incidência e prevalência de inúmeras patologias. O problema da adesão ao tratamento é um indicador central de avaliação de qualidade em qualquer sistema de saúde que se queira moderno e eficaz (Bogalho & Carneiro, 2004).

Dos muitos estudos publicados neste âmbito, estes mencionam a existência de elevada prevalência de erros realizados, pelos doentes e profissionais de saúde, no manuseamento dos dispositivos inalatórios e na execução da técnica de inalação (Morais et al, 2001; Sandrini et al, 2001; Sotomayor et al, 2001; Muchão et al, 2008).

Assim, é exigido que o próprio profissional de saúde esteja familiarizado com o uso correcto dos dispositivos inalatórios para poder ensinar e corrigir de forma adequada a técnica inalatória nos doentes com doenças respiratórias, ou seja, para que a terapêutica inalatória seja efectivamente uma terapêutica eficaz, é necessário que todos os profissionais de saúde responsáveis por doentes com patologia respiratória, tenham um conhecimento correcto sobre a terapêutica inalatória em questão e a técnica correcta da administração da mesma (Barreto, 2000).

2 – METODOLOGIA  

Critérios e estratégias de identificação dos estudos

Da pesquisa electrónica e manual de 1990-2010, em língua inglesa francesa, espanhola e portuguesa, nas principais bases de dados disponíveis, foram incluídos 10 estudos. Identificaram-se os participantes adultos/idosos, as intervenções que influenciam a adesão, compararam-se resultados (taxa de adesão, métodos de avaliação de adesão, resultados de saúde e factores de adesão quando possível), erros terapêuticos com os dispositivos inalatórios estudados após formação e definiu-se o tipo de estudo.

Critérios para considerar os estudos para esta revisão (PICOD)

Tipo de Participantes (Participants):

Adultos e Idosos a quem tenha sido prescrita medicação para uma ou varias patologias de qualquer medicamento e de qualquer fórmula, e pessoas com prescrição de terapêutica inalatória.

Tipo de Intervenção (Intervention):

Avaliação da adesão com identificação do método de avaliação, dos factores e das intervenções que de alguma forma contribuam para alteração da adesão, execução da técnica inalatória após formação/ensino.

Tipo de comparação (Comparisons):

Comparação das variáveis dos estudos

Tipo de resultados (Outcomes):

Caracterização dos adultos/idosos; factores de adesão; métodos de avaliação de adesão, taxas de adesão, tipo de intervenção e principais erros na administração da terapêutica inalatória.

Tipos de Estudo (Design):

Estudos controlados e aleatorizados (RCT- Randomized Control Trails), meta-analises de ensaios clínicos, revisões sistemáticas e normas de orientação (guidelines) e outros estudos.

Estratégia de busca para identificar os estudos

Para a revisão sistemática de literatura (realizada entre Dezembro de 2010 e Fevereiro de 2011), consultámos através dos motores de busca GOOGLE (académico – beta; Web; books), B-ON e EBSCO. A revisão sistemática foi restrita ao período de 1990-2010, uma vez que foram identificados revisões sistemáticas de 1991, sobre a temática em estudo. A pesquisa incidiu sobre as seguintes bases de dados:

CINAHL- Plus with Full Text; SCIELO; MEDLINE – with Full Text; COCHRANE CENTRAL REGISTER OF CONTROLLED TRIALS; COCHRANE DATABASE OF SYSTEMATIC REVIEWS; DATABASE OF ABSTRACTS OF REVIEWS OF EFFECTS; MEDICLANTINA; CIENCIAS DA SAÚDE (PERIODICOS ON LINE).

Foi também feita pesquisa nos catálogos das Escolas Superiores de Enfermagem, das Faculdades de Medicina e de Farmácia, Escola Nacional de Saúde Publica, Direcção Geral de Saúde, Instituto Nacional Estatística.

A estratégia da pesquisa nas bases de dados foi: patient adherence, patient compliance, elderly, adult / older people, medication adherence, treatment adherence, interventions nursing. 1. Patient adherence or compliance, 2.Patient and Compliance, 3.Patient and Adherence, 4.Treatment and adherence or compliance medication adherence or compliance, 5.Patient adherence or compliance and interventions nursing, 6.Inhalation therapy, 7. Errors in inhalation, 8. technique of inhalation therapeutic, 9. Metered dose inhalers, 10. technique of inhalation therapy after explanation, 11. Aérosols-doseurs.

Foram identificados vários tipos de artigos: transversais, ensaios clínicos aleatorizados randomized clinical trials – RCT, meta-analises de ensaios clínicos ou revisões sistemáticas e revisões.

Apenas foram considerados os estudos publicados em língua portuguesa, inglesa, espanhola ou francesa.

Das 9140 citações iniciais sem filtro (adherence and medication, inhalation therapy), reduziu-se a 46 artigos, com a aplicação de filtros (adulto, RCT, revisões sistemáticas, metaanalise, transversal e longitudinal e anos 1990-2010). Estes foram analisados através do título e resumo e foram reduzidos a 17; obtidas as publicações completas desses estudos para análise posterior.

Através da aplicação de critérios de validade, importância e aplicabilidade foram incluídos 10 nesta revisão. As fontes utilizadas nesta revisão foram fontes secundarias designadamente revisões sistemáticas e artigos de revisão. Estas fontes consideram como as fontes primárias (artigos e estudos) exclusivamente ensaios aleatorizados controlados e prospectivos, o que fazem sobre eles uma avaliação crítica baseada na estrutura metodológica, seleccionando apenas aquelas, que pela validade e importância para a prática apresenta evidência valida (níveis de evidencia 1 e 3).

Quadro 1- Critérios para a formulação da questão de investigação.

Quadro 2 – Critérios para a inclusão/exclusão de estudos/artigos.

3 – ANÁLISE DOS DADOS   

Segue-se a análise dos artigos que foram selecionados e considerados pertinentes para o estudo em causa.

Quadro 3 – Síntese dos estudos da literatura no âmbito da adesão à medicação e estratégias de intervenção

Quadro 4- Síntese dos estudos da literatura no âmbito da terapêutica inalatória.

4 – DISCUSSÃO

Construíram-se os quadros 3 e 4 com os estudos, para análise final e extracção dos dados: estudo (autores e ano), desenho, participantes, intervenções, métodos de avaliação da adesão, taxa de adesão e factores de adesão, tipos de erros na técnica de inaloterapia dos dispositivos estudados após ensino. Os estudos incluídos nesta analise não permitem fazer meta-analise já que não existe a possibilidade de constituir uma única amostra e fazer a sua analise estatística em conjunto, nomeadamente em termos de definição de adesão, medidas de adesão intervenções, factores de adesão e qual a principal origem dos erros identificados na técnica de administração da terapêutica inalatória.

Da análise do Quadro 3, a maioria dos estudos utiliza mais do que um método de medição de adesão e de intervenção, sendo possível identificar, na sua maioria um aumento de adesão, mas poucos com repercussões nos resultados terapêuticos e de saúde. Os estudos utilizam quase todos, como forma de medir adesão, o auto relato dos doentes e contagem de medicamentos e alguns sistemas electrónicos. O valor da adesão é apresentado em % e varia dos 40-80%.

A grade maioria dos estudos realizados utilizam mais do que um método de medição de adesão e de intervenção, sendo possível identificar, na sua maioria um aumento de adesão, mas poucos com repercussões nos resultados terapêuticos e de saúde (hospitalização e re- hospitalizações, reacções adversas, controlo hipertensão arterial e da glicemia capilar e qualidade de vida) (Haynes,R.B.,2006; Hughes,C.M.,2004; Schlenk,E.A.;Dunbar-Jacob,J; Engberg,S, 2004).

Os estudos utilizam quase todos, como forma de medir adesão, o auto relato dos doentes e contagem de medicamentos. Um deles Cooper, C. et al (2005), apenas utilizou auto-relatos. Foi ainda utilizado, em alguns estudos, o sistema se dispensa electrónica (MEMS- Medication-Events-Monitoring-System), bem como a avaliação da concentração sérica, e o registo de omissões ou registos farmacêuticos, noutros.

Os estudos encontram factores de adesão que podem contribuir positiva ou negativamente, para adesão: características do regime terapêutico, comportamentos de saúde, efeitos secundários dos medicamentos, suporte social depressão e função cognitiva (Schlenk,E.A.; Dunbar-Jacob,J; Engberg,S, 2004). A idade nem sempre e encontrada como factor de adesão. O isolamento e o estado civil, o nível cognitivo défice funcional, maior défice de funcionalidade em AVD (atividade de vida diária) e não ter revisões terapêuticas sistemáticas são factores negativos de adesão ou preditores de não adesão (Cooper, C. et al , 2005).

A não adesão intencional pode ser devida a esquecimentos não intencionais, regimes complexos, grande número de medicamentos que os adultos/idosos tem que tomar, deficit cognitivo, dificuldade em abrir os distribuidores/ embalagens dos medicação e problemas de memória. A não adesão intencional ocorre quando o doente conscientemente toma a decisão de não tomar os medicamentos prescritos, esta deve-se essencialmente a reacções adversas aos medicamentos, falhas de comunicação, poucas instruções ou a crerem que a medicação tem poucos benefícios.

Um estudo de Heneghan C. et al, (2006), avalia taxas de adesão, resultados de saúde e custos correlacionados com intervenções e formas de ajuda diversas que utilizam embalagens de medicamentos de diversas formas e com diferentes memorandos de ajuda (caixas de comprimidos divididas por dia da semana, com diversos compartimentos por dia que apenas comportam comprimidos ou cápsulas que não se alertem fora do blister, dispensadores mensais e calendário para 28 dias). Conclui que nalguns estudos e significativa a diferença nas taxas de adesão e noutros são inconclusivos os resultados.

Quanto aos resultados de saúde, só nalguns estudos se encontram valores significativos. Em relação a custos há poucos dados disponíveis para obter conclusões generalizáveis (Heneghan et al, 2004).

Da análise do Quadro 4, no que diz respeito, ao tipo de dispositivo verificou-se que os mais utilizados são os dispositivos MDI (com mais evidencia), câmara expansora e DPI,Rotahaler®,Turbohaler®, Diskaler®, Diskus® e Aerolizer®.

Os resultados apresentados não demonstram haver uma diferença evidente entre os dispositivos estudados no que diz respeito ao número de erros cometidos pelos utilizadores.

Para Morais et al (2001) o incorrecto uso dos dispositivos inalatórios, deve-se, não só à complexidade de alguns deles, mas também ao número de passos exigidos para a execução da técnica inalatória em alguns dos dispositivos, bem como à exigência de alguns desses passos.

A revisão da literatura documenta alguns dos erros mais frequentes, descritos por autores, durante o procedimento da técnica inalatória, quer por parte dos doentes quer por parte dos profissionais de saúde.

Relativamente aos inaladores pressurizados, Lavorini et al (2009) destacam como erro frequente por parte dos doentes, no que diz respeito aos MDI, a activação do inalador antes da inalação, ou no final da inalação. Os mesmos autores dizem-nos, que também os médicos, enfermeiros usam o MDI incorrectamente. Barreto (2003) aponta como erros comuns na utilização deste tipo de inaladores, o não aquecer a embalagem à temperatura ambiente; a não pré-agitação do inalador; e a não colocação do inalador na posição certa. De igual modo, Machado et al (2008) descrevem-nos no seu livro, como erros frequentes: o esquecer de retirar a tampa do dispositivo; o não agitar o inalador antes da inalação; inalar muito devagar e superficialmente, e o não realizar a pausa inspiratória. Pontes et al (2002), sublinham como erros, relacionados com a coordenação ente a activação do inalador e a inalação: activação do MDI antes ou no final da inspiração; activação do MDI durante a expiração; e activações múltiplas do MDI durante a inalação.

No que concerne aos dispositivos de pó seco (DPI), Lavorini et al (2009) fazem-nos referência a uma recente revisão sistemática que revelou, que 90% dos doentes não usa o seu DPI correctamente.

Morais et al (2001) realizaram um estudo numa população de 80 indivíduos, com média de idade entre os 45 anos, sem anterior contacto com inaladores. O estudo teve como objectivo investigar, o grau de dificuldade exigido na execução da técnica inalatória dos vários inaladores existentes em Portugal (do estudo fizeram parte 6 inaladores: MDI, DPI, Rotahaler, Turbohaler, Diskus, Diskhaler e Aerolizer). Numa primeira fase deste estudo, foram efectuadas instruções da técnica inalatória de todos os inaladores incluídos. Após a instrução sobre o inalador, os participantes disponham de 3 tentativas para executarem correctamente a técnica de cada um dos inaladores. Por último, e após as manobras inalatórias com os 6 inaladores, os participantes escolhiam qual deles é que tinha sido mais fácil de manusear e em caso de terem de efectuar terapêutica inalatória, qual deles escolheriam e qual deles rejeitariam. Neste estudo verificou-se uma grande diferença no manuseamento dos vários inaladores, o Turbohaler® foi considerado como o mais fácil de ser manuseado. Ao contrário do MDI que foi considerado o mais difícil, observando-se maior dificuldade na realização da técnica inalatória, 38 (47,5%) dos participantes não a conseguiram efectuar nas 3 tentativas dadas, só 2 (2,5%) dos participantes conseguiram inalar de forma correcta na 1ª tentativa. No que concerne aos erros, verificou-se, que o agitar inicial do inalador e principalmente a fase de coordenação mão-pulmão, foram os passos que mais contribuíram para o insucesso da técnica inalatória com o MDI.

Noutro estudo, da mesma natureza realizado por Sandrinii et al (2001) numa amostra que nunca tinham realizado terapêutica inalatória, foi ministrado ensino teórico – prático ao doente pelo Pneumologista no dia em que era prescrita a terapêutica inalatória, regressando o doente à consulta dez dias depois, para reavaliação da técnica inalatória. Registaram-se como erros mais frequentes: a introdução do dispositivo dentro da boca (28 doentes; 68%); inspirarem antes de accionar o jacto (7 doentes, 15%); inspiração rápida (5 doentes, 11%); inspiração pelo nariz em 4 doentes (9%). Contudo, os resultados deste estudo mostraram ainda que, após o ensino sobre a técnica inalatória, 48,4% dos doentes realizaram a técnica correcta, 16,2% usaram de forma totalmente errada o inalador, 19,3% apresentaram técnica pouco errada e 16,2% apresentavam um erro intermédio.

No estudo de Muchão et al (2008) foram avaliados os conhecimentos teórico-práticos dos Profissionais de Saúde na utilização do inalador pressurizado, numa amostra de conveniência de 146 profissionais (30 médicos residentes ou Estagiários de pediatria, 23 médicos assistentes, 29 fisioterapeutas, 33 enfermeiras e 31 auxiliares de enfermagem). Concluíram neste estudo, que o conhecimento sobre os inaladores pressurizados entre os profissionais de saúde é bastante insatisfatório, principalmente entre os enfermeiros e auxiliares de enfermagem, directamente envolvidos na aplicação prática destes inaladores.

Autores como Sotomayor et al (2001), Muchão et al (2008) referem que o ensino e a implementação de sessões educativas diminuem a percentagem de erros na execução da técnica inalatória, melhorando o desempenho dos doentes e dos Profissionais de Saúde.

Julgamos poder concluir que os resultados destes estudos, confirmam a importância de educar, reeducar e voltar a educar o doente. Os profissionais de Saúde devem demonstrar o correcto uso dos dispositivos prescrito ao doente, e solicitar ao doente a demonstração do seu uso.
5 – CONCLUSÃO

Na população adulta/idosa não há adesão total, apresentando os estudos valores de média de adesão de 50%, dependendo da definição de adesão e dos métodos de avaliação.

Os métodos mais utilizados para avaliar a adesão são os auto-relatos e a contagem de medicamentos (um bom método de avaliação de adesão no contexto de investigação e não no da pratica diária). São quase sempre referenciados factores relacionados com o doente, com a medicação e económicos. A maior limitação desta revisão é que a analise maioritariamente realizada a partir de revisões sistemáticas e não a partir de RCT. Estes tem uma evidencia ciência de nível superior as revisões sistemáticas. Assim os resultados analisados e considerados não atingem o nível mais elevado de evidência científica.

Os factores de adesão encontrados são múltiplos. Os estudos apresentados identificam alguns com significado estatístico mas outros devido ao tamanho da amostra e desenho do estudo não podem ser associados a adesão ou não adesão com elevada relevância. São quase sempre referenciados factores relacionados com o doente, com a medicação e económicos.

As intervenções devem resultar das acções múltiplas e multidisciplinares e não apenas de um tipo de intervenção. São utilizadas estratégias educacionais e comportamentais.

No que diz respeito à técnica inalatória dos diferentes tipos de dispositivos estudados, não existe informação que permita identificar as objectivas e reais dificuldades sentidas em contexto prático na utilização destes dispositivos inalatórios. A formação deverá ser realizada em cursos de especialização na área, com maior número de “horas”, integrando uma componente teórica e componente prática com treino e avaliação de competências adquiridas. No entanto também sabemos que, os conhecimentos adquiridos se vão “deteriorando” com o tempo e caindo no esquecimento, pelo fica a sugestão de dar continuidade a este trabalho, programando sessões de formação de actualização de conhecimentos práticos e teóricos mais frequentes sobre terapêutica inalatória.

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