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Quality of life of people with chronic wound
La calidad de vida de las personas con heridas crónicas
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AUTORES: Liliana Martins, Maria Rodrigues, Vanda Mesquita
Resumo
As Feridas crónicas têm sido um desafio para a enfermagem a nível da sua etiologia, evolução, tratamento e reabilitação, particularmente na pessoa idosa, onde a incidência e a prevalência é elevada, segundo os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística de Lisboa. O seu impacto físico, psíquico, social, e afetivo é enorme, tendo repercussões no dia a dia e na dinâmica familiar da pessoa com ferida crónica.
A realização deste estudo de investigação tem como ponto de partida a seguinte questão: “Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?”.
Objetivos: (1): Identificar a relação existente entre a funcionalidade familiar e a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica; (2): Avaliar e classificar a funcionalidade familiar da pessoa com ferida crónica; (3): Avaliar e classificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica; (4): Avaliar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica inserida numa família funcional.
Metodologia: Efetuado um estudo quantitativo, descritivo e transversal.
Resultados: A nossa amostra, segundo o género, é caracterizada por uma maioria do sexo feminino (52%) e o sexo masculino representa 48%. Relativamente ao grupo etário a nossa amostra é mais representada pelos grupos 60-70 e 70-80, com respectivamente 25% e 35%, enquanto que apenas 2% representa o grupo 20-30. No que diz respeito ao estado civil, a nossa amostra é composta maioritariamente por sujeitos casados (55%), seguindo-se os viúvos (23%) e os solteiros (15%). Minoritariamente temos os divorciados (7%). Quanto à composição do agregado familiar, verificamos que 40% da amostra vivem só com o cônjuge e apenas 17% vivem com os filhos. No total da amostra as habilitações literárias dos inquiridos encontram-se distribuídas de forma maioritária ao nível do 1º ciclo (90%) e apenas uma minoria na ordem dos 3% detêm um curso superior. Relativamente à localização anatómica da ferida, a maioria dos inquiridos (45%) são portadores de ferida na perna e 37% nas duas pernas. Enquanto que só 8% têm feridas no pé, apenas 3% tem ferida na região nadegueira e 2% na região inguinal.
Verificamos que a maioria da nossa amostra, 57%, insere-se numa família altamente funcional, embora 28% tenham obtido valores que os inserem numa família moderadamente disfuncional e 15% em famílias severamente disfuncionais. A qualidade de vida foi avaliada através do esquema de Cardiff, sendo os valores obtidos pelos sujeitos, relativamente ao bem-estar, sintomas físicos e vida diária (vivência/perturbação), vida social (vivência/perturbação), qualidade de vida em geral e satisfação com a qualidade de vida. Os valores da nossa amostra indicam níveis médios de satisfação em cada um dos parâmetros analisados.
Conclusão: Os enfermeiros proporcionam uma elevada contribuição na melhoria da qualidade de vida dos utentes com feridas cronicas. Os cuidados de enfermagem de excelência diminuem as recidivas, um maior envolvimento familiar, um aumento da funcionalidade bem como uma elevada satisfação quer do doente quer da família.
Palavras-chave: Qualidade de Vida; Funcionalidade Familiar; Ferida Crónica.
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Abstract
Chronic Wounds have been a challenge to nursing at the level of etiology, treatment and rehabilitation, particularly the elderly, where the incidence and the prevalence is taken according to data provided by National Statistical Institute (INE). Its impact physical, psychic, social and emotional is enormous, whit repercussions on the ever day life in family dynamics of persons with chronic wounds. This study research was as starting point the following question: “Does the family functionality influences the quality of life of people with chronic wound”.
Objectives: (1)Identify the relationship between family functioning and quality of life of people with chronic wounds, (2): Evaluate and classify the functionality person familiar with chronic wound, (3): Evaluate and rank the quality of life of people with chronic wound (4): Assessing the quality of life of people with chronic wound inserted in a functional family.
Methodology: A quantitative, descriptive and transversal study.
Results: In our sample, according the gender, is characterized by a mostly female (52%) and males represent 48%. With regard to the age group our sample is most represented by groups 60-70 and 70-80, with respectively 25% and 35%, whilst only 2% is the group 20-30. With regard to the status, our sample is mainly comprised of married subjects (55%), followed by widows (23%) and single (15%). Minority have divorced (7%). About household composition, found that 40% of sample live alone with their spouse and only 17% live with their children. In the total sample of qualifications respondents are distributed in a majority at the 1st cycle (90%) and only a minority of around 3% holds a university degree. For the anatomical location of the wound, the majority of respondents (45%) carry leg wound and 37% in both legs. While only 8% have wounds in the foot, only 3% are wound in the buttocks region and 2% in the inguinal region. We found that the majority of our sample, 57%, part of a highly functional family, while 28% have obtained values that fit into a moderately dysfunctional family and 15% in severely dysfunctional families. Quality of life was assessed using the Cardiff scheme, the values obtained by the subjects, for the well-being, physical symptoms and daily living (living / disorder), social life (living / disturbance), quality of life in general and satisfaction with the quality of life. The values of our sample show average levels of satisfaction in each of the parameters analyzed.
Conclusion: The nurses provide a large contribution to improving the quality of life of clients with chronic wounds. The nursing excellence decrease relapses, greater family involvement, increased functionality and a high satisfaction of either the patient or family.
Keywords: Quality of life; Chronic Wound; Family functionality
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Introdução
A qualidade de vida “é a percepção do indivíduo da sua posição de vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações” (grupo WHOQOL citado por Canavarro e Pereira 2004, p.1).
As feridas crónicas apresentam-se como um desafio à qualidade de vida das pessoas, à abordagem efectuada pelos profissionais de saúde e aos recursos dispendidos pelas instituições de saúde, no seu tratamento.
O tratamento de feridas crónicas representa nos dias de hoje, um problema para a pessoa, profissionais e instituições de saúde, mas o seu resultado “pode ser melhorado através de equipas multidisciplinares trabalhando em conjunto. Estes profissionais de saúde têm de ser portadores de conhecimentos apropriados e experiencia no manuseamento de feridas para satisfazerem as necessidades desta população de doentes vulnerável”. (Harker, 2006, p.23)
De acordo com Cerqueira (2005), a família é o primeiro grupo social no qual o homem está inserido, ou seja, é a rede inicial de relações de um indivíduo e funciona como matriz de identidade, e como tijolos de uma construção onde são satisfeitas as necessidades que são a base para a conservação, manutenção e recuperação da saúde. A família é encarregada da formação da personalidade, bem como de garantir a socialização e educação para a inserção na vida social.
Quando na família há um membro com ferida crónica, todos os outros estão sujeitos a sofrer de stress e ansiedade. Os membros da família preocupam-se com a gravidade da ferida, com o sofrimento, a morbilidade e a possível morte e, como consequência, podem experimentar diversos sentimentos entre eles o medo, o desamparo, a vulnerabilidade, a insegurança, a frustração e até mesmo a depressão.
A unidade familiar fica assim sujeita a ruturas no seu estilo de vida, desde aspetos relacionados com a privacidade individual até aspetos económicos.
Considerando a simultaneidade e a complexidade dos conceitos, ferida crónica, qualidade de vida e família, e, ao considerar a família como unidade de cuidados e reconhecendo a importância da estrutura e da funcionalidade familiar para a satisfação da pessoa, definimos como pergunta de partida: Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?
A evidência empírica da importância deste estudo surgiu a partir do contacto direto e diário de pessoas com ferida crónica, partilhando com estes os seus diversos sentimentos, na UCSP do Lumiar.
Definimos como objetivos:
- Aprofundar conhecimentos sobre ferida crónica, qualidade de vida e família;
- Identificar a relação existente entre a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica e funcionalidade familiar;
- Avaliar e classificar a funcionalidade das famílias com ferida crónica segundo scores do APGAR Familiar;
- Avaliar e classificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica segundo o esquema de Cardiff.
De acordo com os objetivos e a pergunta de partida, a metodologia será quantitativa segundo uma pesquisa descritiva. O instrumento de colheita de dados escolhido foi o questionário.
Perante tais factos, cabe-nos a nós, profissionais de saúde implicar a pessoa e sua família em todo o processo de tratamento.
Metodologia
Concordando com Fortin, Vissandjée e Côte (1999:48), qualquer investigação científica tem origem numa situação considerada como problemática, isto é, que causa mau estar, irritação, inquietação e que por consequência exige uma implicação, ou pelo menos uma melhor compreensão do fenómeno observado. Baseadas nestes pressupostos e em situações vivenciadas ao longo deste caminho pela UCSP do Lumiar, definimos como questão de investigação: Será que a funcionalidade familiar influencia a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica?
De acordo com a questão de investigação, temos como variável dependente a qualidade de vida e algumas variáveis independentes que são: funcionalidade familiar; género; idade; estado civil; agregado familiar; habilitações literárias e local anatómico da ferida.
Este trabalho assenta numa metodologia quantitativa segundo uma pesquisa descritiva, cuja população foi constituída por pessoas com ferida crónica, sendo a amostra a pessoa com ferida crónica da UCSP do Lumiar. Foram determinados como critérios de inclusão: a pessoa com ferida crónica dos 25 aos 90 anos que vivam com as suas famílias e estivessem em condições de responder ao questionário (saber ler, escrever; estar consciente e orientado).
Como instrumento de colheita de dados foi utilizado um questionário no qual está incluído a escala de APGAR familiar e esquema de Cardiff. O APGAR familiar, para caracterizar as famílias em funcionais ou disfuncionais e quantificar a perceção da pessoa com ferida crónica em relação ao funcionamento familiar. O esquema de Cardiff irá quantificar a qualidade de vida da pessoa com ferida crónica.
O tratamento de dados foi baseado em estatística descritiva, que segundo Fortin (1999), é o valor numérico ou observação que descreve um conjunto de dados numéricos (média, desvio padrão, coeficiente de correlação entre outros) e estatística inferencial que pela mesma autora é o valor numérico ou a operação que permite a generalização dos resultados obtidos junto de uma amostra à população da qual provém a mesma.
Ainda dentro da estatística inferencial, para testarmos as nossas hipóteses utilizamos testes paramétricos, nomeadamente ANova e Perason, tendo como apoio o programa informático denominado por Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para a construção da base de dados e cálculos quantitativos. Recorreu-se também ao Excel para a construção de gráficos e tabelas.
Resultados
Quadro 1 – Distribuição da amostra segundo o género e grupo etário
Quadro 2 – Distribuição da amostra segundo o estado civil, agregado familiar e habilitações literárias
Quadro 3 – Distribuição da amostra segundo a localização anatómica da ferida
Quadro 4 – Distribuição da amostra segundo o APGAR Familiar
Quadro 5 – Distribuição da amostra segundo a qualidade de vida
Discussão
Ao longo da nossa atividade profissional, acreditamos que a pessoa deve ser vista sempre numa visão holística e no seu contexto familiar para assim prestar cuidados de excelência, o que verificamos com este estudo, pois os indivíduos pertencentes a famílias altamente funcionais (57%) têm uma moderada qualidade de vida, uma vez que a pessoa com ferida crónica tem um suporte familiar moderado, ajudando-o a ultrapassar as dificuldades e na readaptação às suas atividades de vida diárias.
No que diz respeito ao sexo masculino este apresenta valores mais elevados de qualidade de vida do que o sexo feminino, devendo-se estas diferenças a fatores educacionais e culturais.
Para melhor compreensão, agrupou-se o grupo etário em dois subgrupos: dos 20 até 60 anos e mais de 60 anos. Verificou-se que a autonomia relaciona-se com a dependência assim, os mais novos são mais independentes e mais autónomos logo apresentam uma moderada qualidade de vida, relativamente aos mais idosos (> 60).
Relativamente ao estado civil, os casados apresentam valores mais elevados de qualidade de vida, pois coabitam no mesmo lar manisfestando e vivenciando os seus sentimentos imediatamente.
O agregado familiar envolve todos os elementos que apoiem a pessoa com ferida crónica, uma vez que viver no mesmo lar facilita a coesão familiar, assim concluímos que as pessoas que vivem com o conjugue e/ou filhos têm uma moderada qualidade de vida relativamente aos que vivem sozinhos.
Para uma melhor análise dos dados agrupamos a localização anatómica da ferida em três subgrupos: perna, perna bilateral e outros. As pessoas com feridas inseridas no subgrupo da perna bilateral apresentam valores mais baixos de qualidade de vida relativamente às inseridas no subgrupo da perna e outras localizações que apresentam valores mais elevados de qualidade de vida.
Relativamente à qualidade de vida os valores indicam níveis médios de satisfação com a sua qualidade de vida em cada um dos parâmetros analisados, uma vez que a qualidade de vida é influenciada por vários factores e pelas vivências do dia a dia.
Conclusão
A participação na Investigação com vista à melhoria da prática de Enfermagem deve ser encarada como uma função dos enfermeiros, função esta que não deve ser descurada. O enfermeiro deve possuir um espírito aberto que favoreça a dinamização de dispositivos de investigação – ação, investigação e formação – para que se dê corpo à apropriação dos saberes mobilizáveis no exercício da profissão de enfermagem.
Ao longo da nossa atividade profissional, acreditamos que a pessoa deve ser vista sempre numa visão holística e no seu contexto familiar para podermos prestar cuidados de excelência e envolver sempre a família em todo o seu processo. Pois se o objetivo é auxiliar a pessoa, não nos podemos restringir apenas a prestar cuidados de Enfermagem puramente técnicos ou especificamente à ferida, devemos ter sempre em conta os aspetos envolventes à qualidade de vida. Foi este facto que nos levou a querer estudar a qualidade de vida e a funcionalidade familiar nas pessoas com ferida crónica no sentido de melhorar a prestação dos cuidados de enfermagem, trazendo benefícios para a vida da pessoa com ferida crónica e dos seus familiares. A qualidade de vida é uma questão fundamental para cada pessoa e para uma melhor adequação dos cuidados de enfermagem.
Referencias Bibliográficas