O PAPEL DO ENFERMEIRO NA REABILITAÇÃO PSICOGERIÁTRICA

Jan 14, 2013

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ROLE OF NURSING IN PSYCHOGERIATRIC REHABILITATION

PAPEL DE LO ENFERMERO EN LA REHABILITACIÓN PSICOGERIÁTRICA

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AUTORES: Albano Ramos, César Fonseca, Vítor Santos

RESUMO:

A Clínica de Psicogeriatria Frei Júlio dos Santos é uma unidade de longo internamento da Casa de Saúde do Telhal, onde os enfermeiros assumem um papel importante na reabilitação dos doentes do foro mental e psiquiátrico. Aqui a tónica situa-se sobre a autonomização máxima possível dos doentes mentais, evitando ou desconstruindo a ocorrência hospitalismo, integrando sempre que possível a família e a comunidade numa acção concertada de reeducação, formação, socialização e profissionalização tendo a vista a reabilitação possível dos doentes mentais aqui internados.

Palavras-chave: Casa de Saúde do Telhal, Reabilitação, Enfermeiro, Hospitalismo

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ABSTRACT

The Clinic of Psychogeriatry Frei Julio dos Santos is a long term unit home from Telhal House of Health, where nurses play an important role in the rehabilitation of patients in psychiatric and mental forum. Here the emphasis lies on the maximum possible autonomy of the mentally ill, avoiding or deconstructing the occurrence hospitalism, where possible integrating family and community in a concerted action of rehabilitation, training, socialization and professionalization with the view to possible rehabilitation of the mentally ill interned here.

Keywords: Telhal House of Health, Rehabilitation Nurse, hospitalism

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A população da Unidade de Sto. António da Casa de Saúde do Telhal, agrupa-se de forma genérica, em adultos e alguns pacientes geriátricos. O primeiro grupo enquadra-se de forma semelhante ao descrito por FLAHERTY, DAVIS & JANICAK (1995:143) “heterogéneo de elementos em termos de patologia. Altamente lábeis e que exibem deficits cognitivos e uma baixa tolerância ao stress ou a estimulação. Necessitam principalmente de vidas estruturadas e de cuidados mínimos de enfermagem”. 5 (FLAHERTY, DAVIS & JANICAK, 1995: 143) Os segundos, enquadram-se em grupo muito idêntico ao definido pelo mesmo autor 5, como de “ex-pacientes mentais, que envelheceram (principalmente esquizofrénicos)” (FLAHERTY, DAVIS & JANICAK, 1995: 143) na instituição. 5

“O modelo preventivo da saúde pública identifica a prevenção terciária como a redução da deficiência relacionada a um episódio de doença,” (STUART & LARAIA, 2001:275) a prevenção terciária, é por conseguinte o conjunto de medidas para reduzir ao mínimo o prejuízo residual da doença “e reinserir os ex-doentes, no ambiente familiar, profissional e social.” (GAMEIRO, 1989; 179).

Na prevenção da deficiência em pessoas com doenças mentais serias e persistentes, a medicação correcta é importante na reabilitação na doença mental, contudo não é o suficiente, já que há que providenciar uma faixa completa de serviços voltados para a reabilitação, para a independência e para a melhor qualidade de vida à pessoa com doença mental. 4

Apesar de a reabilitação estar associada a qualquer episódio de doença, esta surge com uma importância impar em pessoas com doença mental crónica. A reabilitação propõe que as pessoas com doença mental crónica vivam, aprendam e trabalhem nas comunidades, assim a reabilitação psiquiatria é uma abordagem centrada na pessoa. 1,6

Tendo sempre em atenção que só um sistema de reabilitação “precoce e integral pode resolver os problemas relacionados com o hospitalismo” (GAMEIRO, 1989: 179) prevenindo-o, e que “a reabilitação dos doentes em muitos casos pode e deve começar antes mesmo do seu internamento, até mesmo a evitá-lo” (GAMEIRO, 1989:179). 6 É exigido dos enfermeiros, como agentes reabilitadores, que mantenham o seu foco em três elementos essenciais: o sujeito, a família e na comunidade e por conseguinte todas as medidas e intervenções terapêuticas devem ter em conta esta realidade. 4

Contudo quando por várias circunstâncias, isso não é possível, surgem instituições de caris hospitalares. Aqui a qualidade da assistência prestada é uma das preocupações do cuidar em Hospitalidade. A excelência profissional na prática tem muito a ver com a arte de saber cuidar, por conseguinte, devido ao princípio de beneficência um enfermeiro deve antes de mais cuidar em dignidade. 1 Assim é importante “evitar a segregação, segregação verbal, isolamento, (…) já que tudo isso significa a negação da reabilitação” (GAMEIRO, 1989:180) Contudo quando a segregação é impossível de ser contornada, há que limitá-la, “integrando doentes menos deteriorados e pessoal de reabilitação suficiente que os ajude e preencha as funções de figuras de identificação.”(GAMEIRO, 1989:180) medidas estas, que são procuradas, como filosofia da Unidade de Sto António.

Aqui o enfermeiro como agente reabilitador, deve ter em si o principio de que é um elemento, na reabilitação, ao ajudar a fornecer ao doente uma “ponte, para ele passar de uma dependência hospitalar, para uma independência e autonomia social, total ou pelo menos, parcial.” (GAMEIRO, 1989:188 e 189) Contudo os enfermeiros tradicionalmente não estão preparados para a tarefa de reabilitar, apesar de lhe serem indispensáveis, neste sentido uma formação teórica, apesar de importante, é secundária a uma formação que é mais eficaz quando adquirida e avaliada em contexto profissional. 6 Um outro grande problema que os enfermeiros incorrem, são o risco de por vezes se acostumarem “a trabalhar em esquemas que são possessivos em grande parte e por isso mesmo anti-reabilitadores” (GAMEIRO, 1989:186) já que o exercício dos cuidados na vida quotidiana é polvilhado por dificuldades muito distintas e porque cada ser humano requer cuidados concretos e personalizados isso impossibilita fórmulas e cuidados em série. 1,6

No nosso entendimento, o principal entrave ao processo reabilitador é o hospitalismo ou Institucionalismo (GAMEIRO, 1989:187) onde doentes de longos internamentos se tornaram excessivamente dependentes do hospital e incapazes principalmente por medo, de viverem na sociedade. 6 Para evitar o hospitalismo, tal como defendido por GAMEIRO (1989:187) a unidade de Sto António, tem em articulação entre vários profissionais e familiares dos doentes, ensaiado frequentemente licenças de fim-de-semana, licenças de curta e média duração do doente na família ou com outros cuidadores significativos e os doentes a nosso cargo, têm licença para passear e deambular fora dos limites físicos da unidade e fora dos portões casa de saúde do Telhal, 6 procurando salvaguardar claro, os esquemas terapêuticos vigentes sejam eles farmacológicos ou outros.

Reabilitar requer sensibilidade e técnica, porque cuidar de um ser humano constitui uma tarefa de grande complexidade com muitas variáveis a ter em conta. 1,6 A tarefa de cuidar o outro vulnerável, como uma pessoa com doença mental, deve ser contemplada, em si mesma, como uma acção positiva, contudo devemos ter cuidado com todas as formas de paternalismo que podem pôr em causa a liberdade da pessoa com doença mental, 1,6 e devemos sempre acreditar nas capacidades dos doentes reabilitados. 6 Tudo isto não é contudo, uma tarefa fácil, nem arbitrária, necessitando por parte do enfermeiro um grande poder criativo e organizativo, 6 porque o ser humano, é na sua profundidade, um mistério único. 2,6

O ser humano deve ser cuidado, especialmente quando atravessa uma situação vulnerável, como é o processo reabilitativo, mas deve ser cuidado de um modo adequado, 3 já que reabilitar de uma pessoa humana é cuidar de um sujeito único e singular com uma história única. 6

Reabilitar na nossa óptica vai de encontro à tónica de que não consiste em substituir, ocupar o lugar do doente ou reduzi-lo a nada, cada um tem o seu espaço natural e o cuidador deve promover o outro, na sua autonomia moral e em ultima análise na sua autenticidade, criticamos modelos de cuidar e reabilitar dominadores que reduzem o sujeito cuidado a um mero objecto. 1,6

O enfermeiro, deverá por conseguinte “adoptar medidas [reabilitadoras] de natureza (re) educativa, formativa, social e profissional”, (GAMEIRO, 1989:179) de modo a atingir o objectivo de reabilitação., já que “todos os doentes mentais são capazes de um certo grau óptimo de reabilitação de modo a permitir o máximo de independência pessoal” (GAMEIRO, 1989;179).

Procurando respeitar a estruturação mencionada por GAMEIRO (1989:179), na unidade de Sto. António – Casa Saúde do Telhal, como terapêuticas reeducativas procuramos a reeducação por parte dos doentes que perderam determinadas capacidades e habilidades, principalmente na aquisição hábitos de higiene pessoal, higiene oral, higiene das mãos, vestuário adequado e comportamentos de alimentação adequados.

Na temática da formação, passa principalmente em fomentar capacidades e habilidades em doentes não o demonstram essas mesmas capacidades, passando principalmente hábitos de vida saudáveis, hábitos de higiene pessoal e hábitos e comportamentos de alimentação adequados e a aquisição de hábitos de lazer, muito importantes na quebra do ciclo vicioso do hospitalismo 6.

Do ponto de vista de terapêuticas reabilitadoras socais, procuramos realizar reuniões de grupo, reuniões de unidade, actividades de lazer em grupo de modo a fomentar a interacção social entre os vários doentes ao nosso cargo fomentando regras básicas de cortesia e investimos bastante na integração da família nos cuidados. 1

Como medidas de natureza profissional, passa bastante pelo pela articulação e incentivo dos doentes para sua integração e manutenção em projectos que existem nesse sentido na própria Casa de Saúde do Telhal ou em instituições externas articuladas com a Casa de Saúde do Telhal para esse fim, contudo dentro da própria Unidade, procuramos fomentar nos doentes a realização de tarefas individuais ou em grupo para a manutenção e funcionamento da unidade, indo individualmente ao encontro das preferências e história pessoal do pessoa com doença mental. 1

Reabilitar será antecipar o potencial do outro e ajuda-lo a actualizar as suas potencialidades. Cada um de nós tem as suas potencialidades e os seus limites, cuidar é assim antecipar o poder de ser em cada um dos nossos doentes, e promover essas habilidades e capacidades que o doente é capaz agora e no futuro. Neste sentido o enfermeiro enquanto agente reabilitador, necessita de um enorme poder organizativo e criativo já que irá intervir no processo reabilitador numa uma tónica de antecipação, de pré-ocupação e de pré-visão sempre orientada para o outro e no outro (ROSELLÓ, 1999:162). 1

Neste sentido reabilitar é libertar o outro dos obstáculos que dificultam o seu processo de construção pessoal, capacitando-o de antecipar, prever e superar esses mesmos obstáculos, aqui a educação tem um papel importante já que cria essas capacidades antecipatórias, 6 contudo sem deixar que o doente, neste processo de transformação, se sinta sozinho, ajudando-o a viver o choque da readaptação, articulando-se e servindo de agente catalizador conjuntamente com os outros profissionais de saúde intervenientes em todo o processo e funcionando também como elo de ligação entre a pessoa com doença mental e a sua família.1,6


Referências Bibliográficas:

1. ROSELLÓ, Francesc Torralba; Humanización, pastoral y ética de la salud – Lo ineludiblemmente humano – Hacia una fundamentación de lá ética del cuidar in revista Labor Hospitalaria 3-99 n.º 253; 1999 Institut Borja de Bioètica

2. G. BRUCKZUNSKA, Moya J.; Nursing Care; Edward Arnolf, London; Melbourne, 1992

3. PHILLIPS, S; BENNER, P; The Crisis of care; Georgetown University; Washington, D.C.; 1994; p44.

4. STUART, Gail W; LARAIA, Michele T; Enfermagem Psiquiátrica – Principios e Prática; 6ª Edição; Artmed editora; 2001; Porto Alegre; ISBN: 85-7307-713-1

5. FLAHERTY, Josheph A.; DAVIS, Jonh M.; JANICAK, Philop G.; Psiquiatria, diagnóstico e tratamento; 2º Edição; Artes Médicas; 1995

6. GAMEIRO, Aires; Manual de Saúde Mental e Psicopatologia, 4ª Edição, Edições Salesianas; 1989; Porto; ISBN: 972-690-187-1

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CONTEXTO HISTÓRICO DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL

Jan 3, 2013

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HISTORICAL CONTEXT OF MENTAL HEALTH CARE

CONTEXTO HISTÓRICO DE LA ATENCIÓN EN SALUD MENTAL
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AUTORES: Albano Ramos, César Fonseca, Vitor Santos

RESUMO

A evolução terapêutica, na Casa de Saúde do Telhal, foi, desde cedo, marcada pela preocupação de reabilitar os doentes para a vida social através do trabalho. A par dos melhores hospitais estrangeiros similares, foram-se aperfeiçoando métodos terapêuticos reconhecidamente eficazes para a época de que são exemplo: a hidroterapia, a diatermia, a organoterapia, a soroterapia, a malarioterapia, a electroconvulsivoterapia, tal como a terapêutica convulsionante e a realização de lobotomias aos doentes internados. De todas estas formas de tratamento hoje pouco mais nos resta que a sua história, mas todas ela contribuíram para realçar e desenvolver o papel do enfermeiro em enfermagem psiquiátrica.

PALAVRAS-CHAVE: Evolução, cuidar, terapêutica, CST, enfermeiro

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ABSTRACT

The therapeutical evolution, in Casa de Saúde do Telhal, was, since early, characterized for the concern to rehabilitate the sick people for the social life through the work.Along with the best similar hospitals of the world, they had been perfecting efficient therapeutical methods admittedly for each time, of that they are example: the hidrotherapy, the diatermy, the organotherapy, the sorotherapy, the malariotherapy, the electroconvulsive therapy, as the convulsive therapeutical and the accomplishment of lobotomias to the interned patients. Of all these forms of treatment, today little more remain of what its history, but all it had contributed to enhance and to develop the paper of the nurse in psychiatric nursing.

KEY-WORDS: Evolution, to care, therapeutical, CST, nurse.

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São João de Deus não frequentou nenhum curso de medicina, de enfermagem ou de gestão hospitalar, mas deu cartas aos médicos, aos enfermeiros e aos gestores das obras assistenciais do seu tempo e de todos os tempos, provocando uma autêntica revolução hospitalar. A sua escola foi a escola da vida, dinamizada pela força do amor. Ele foi um verdadeiro inovador nos campos da medicina e da enfermagem. Essa glória é-lhe hoje reconhecida, quer em Portugal quer no estrangeiro.

A Casa de Saúde do Telhal (CST), consagrada desde a sua fundação em 1893 aos doentes mentais, soube captar o espírito de S. João de Deus, da Ordem Hospitaleira e do seu restaurador em Portugal.

Antes de mais, a sua fundação veio preencher em Portugal uma grande lacuna no campo da medicina psiquiátrica, onde foi pioneira.

Os cuidados prestados aos doentes internados na CST foram quase sempre marcados pela inovação e pela excelência. Daí que desde a fundação da CST até aos dias que correm, a evolução dos cuidados aí praticados nunca tenha estagnado. Esta evolução não divergiu muito da que ocorreu nos grandes e importantes Hospitais psiquiátricos nacionais e europeus.

Desde os primeiros tempos de existência da CST que o trabalho foi considerado como um dos meios mais valiosos, tendo em vista o tratamento e a reabilitação dos doentes. Chama-se ao trabalho executado com objectivos terapêuticos: trabalho terapêutico ou laborterapia, e, em função dos seus objectivos, terapia do trabalho, terapia activa ou, simplesmente, ergoterapia.

Assim, seleccionados previamente os enfermos, de harmonia com o estado físico, a idade e a educação, o trabalho agrícola e industrial constituiu na Casa de Saúde do Telhal um dos seus meios curativos mais valiosos.

Desta forma se esbateram muitos acessos de agitação psicomotora. É o próprio Dr. Luís Cebola, um dos Directores Clínicos da CST que refere em relação ao trabalho: “Os acessos de fúria quebram, as alucinações visuais se apagam, as vozes alucinatórias se emudecem e as ideias delirantes se extinguem; em muitos se esbatem sintomas importunos e perigosos”.

A hidroterapia foi o processo terapêutico mais utilizado durante os primeiros anos de existência da Casa de Saúde do Telhal. Como terapêutica sedativa normal, a Casa de Saúde do Telhal utilizava, sobretudo, dois tipos de banho:

- O banho de imersão

- O duche escocês.

No banho de imersão o doente era deitado e mantido numa banheira com água a 37/38ºC, atado a uma lona fixa à parte superior da banheira, mantendo apenas a cabeça de fora, que era molhada pelo enfermeiro com toalhas de água fria;

No duche escocês o doente, atado a uma estrutura de ferro no extremo de uma sala era atingido por fortes jactos de água quente lançados sobre os trajectos dos seus plexos nervosos. Quando a pele apresentava manchas vermelhas, passava-se um jacto de água fria sobre o doente que era, em seguida, levado para a cama. Este duche era usado em doentes deprimidos.

Além destes, eram ainda utilizados outros tipos de banhos:

  • Os banhos de chuva;
  • Duche de pressão ou de esguicho;
  • Duche circular;
  • Banho de assento.

A década de 30 do século XX corresponde a um período de profunda transformação da medicina e correspondeu, no Telhal, a um grande salto qualitativo.

Em 1931 os doentes internados eram agrupados em 4 categorias: os alcoólicos, os esquizofrénicos, os maníacos-depressivos e os paralíticos gerais.

Para os alcoólicos, o tratamento era simples: a abstenção do álcool, apoiada, de quando em vez, por 10 gramas de sulfato de sódio.

Para os esquizofrénicos agitados ou furiosos, usavam-se os meios de contenção em voga na época: a reclusão em celas e a utilização de coletes de forças. Para controlar os seus instintos de violência, os pacientes eram amarrados à cama com correias e lençóis. Aos gatistas era frequentemente dada a alternativa do cadeirão com um buraco ao centro, sobre um bacio, onde eram compulsivamente sentados, nus da cintura para baixo, e onde permaneciam longas horas.

Para os esquizofrénicos agitados ou furiosos, também se usava o leite como sedativo. Eram injectados ao doente cerca de 3 a 5 cc de leite, por via intramuscular, o que ia provocar febre alta, prostração e desidratação, aliviando assim a sua agitação porque este passava a “fixar-se” mais no sofrimento físico provocado pela febre e dor, causadas pela administração do produto e menos no seu sofrimento psicológico.

Por vezes também se utilizava a Terebentina, em injecção sub-cutânea profunda, que provocava no tecido celular sub-cutâneo uma enorme irritação e depois um abcesso. Mais uma vez era desviada a atenção do doente para o sofrimento físico, era a substituição da antiga chicotada. Este abcesso de fixação mantinha-se durante alguns dias e quando já se encontrava em plena maturação, abria-se e drenava-se. Não era raro que logo a seguir se procedesse a idêntica terapêutica na outra coxa.

Para os maníacos-depressivos e os esquizofrénicos calmos, a melhor terapêutica eram os passeios pelos parques, ao ar livre.

Para os paralíticos gerais, forma quaternária da sífilis, a terapêutica mais frequente, era a malarioterapia. Estávamos por volta do ano de 1935. Por essa altura havia muita malária em Portugal e criavam-se mosquitos anofelis em estações construídas para o efeito. Os irmãos de S. João de Deus, requisitavam os mosquitos na estação antipalúdica, nomeadamente em Pegões, que vinham em gaiolas de rede finas. Estas eram atadas com uma ligadura entre as coxas dos doentes. Como a rede era fina os mosquitos não podiam fugir mas podiam picar, infectando assim o doente e transmitindo-lhe a malária. Logo que se dava conta de o mosquito ter produzido efeito num doente, a gaiola era retirada àquele doente e colocada noutro. Quando o doente começava a ficar com temperaturas elevadas, era-lhe feito um gráfico e observada a temperatura regularmente para se poder definir o tipo de febre. O ideal era que o mosquito provocasse um tipo de temperatura que desse acessos febris de 3 em 3 dias (febre terça), pois os acessos febris diários, porque eram demasiado frequentes, provocavam muita desidratação no doente e os de 4 em 4 dias já se tornavam demasiados espaçados. Se a febre era terça, e só essa interessava, uma vez o doente infectado, podia transmitir-se a doença a outros doentes por colheitas de sangue dos doentes infectados. Faziam-se colheitas de sangue (cerca de 20 cc cada) de um doente infectado que era depois injectado noutro doente, produzindo-se assim a contaminação. Nessa altura a CST tinha cerca de 600 doentes, com 30 a 40 a fazerem malarioterapia. Depois de cerca de uma dezena de acessos, procedia-se à cura do paludismo, através do quinino. A CST foi pioneira na introdução desta terapia em Portugal.

Para muitos doentes, estas foram, até à década de 30, as únicas formas de acalmar temporariamente a agitação e a agressividade.

Estes métodos de tratamento eram, contudo, utilizados quando a agitação do doente não conseguia ser acalmada por processos menos dolorosos e invasivos.

Foi também na década de 30, por volta de 1933, que se começou a utilizar agentes convulsivos, no tratamento da esquizofrenia. Como exemplo temos o Cardiozol, extraído da cânfora, que injectado endovenosamente nos esquizofrénicos lhes provocava uma crise convulsiva muito forte e violenta que acabava por se traduzir em resultados muito benéficos para os doentes. Apesar dos benefícios a violência da convulsão fazia com que fossem necessários 4 enfermeiros para segurar no doente, não sendo coisa rara de se observar as luxações e fracturas. Foi muito utilizado durante vários anos na CST.

Além destes processos terapêuticos, a década de 30 assistiu ao nascimento e implementação de outros mais modernos e mais eficientes. Os principais foram:

- O choque-insulínico;

- O electro-choque;

- A leucotomia.

O CHOQUE-INSULÍNICO ou insulinoterapia:

O choque-insulínico foi muito utilizado na CST no tratamento das psicoses e do delírium tremens, desde a sua introdução em Portugal em 1936.

A insulinoterapia consistia na administração de doses progressivas de insulina ao doente (iniciava-se por 10 u até 60 u) em jejum, até atingir o coma, de que era depois despertado pela administração de um solução açucarada administrada por gavagem ou, quando o coma era já muito profundo ou a administração por gavagem não resultava tão célere como se previa, pela administração de 20 a 40 cc de soro glucosado hipertónico, por via endovenosa. Sempre que possível, a administração por gavagem era preferida à endovenosa por a primeira originar normalmente um acordar mais suave, apresentando também o doente uma melhor disposição ao acordar.

O ELECTRO-CHOQUE:

O electro-choque começou a ser utilizado em Roma em 1938, em doentes esquizofrénicos, no ano seguinte já se tinha tornado uma prática normal no Telhal.

Por vezes a terapêutica com a insulina e pelo electro-choque eram associadas, designando-se por terapêutica dupla: quando o doente entrava em coma insulínico era-lhe por vezes administrado um electro-choque.

A LEUCOTOMIA:

A leucotomia ou lobotomia pré-frontal consistia em seccionar na substância branca do cérebro feixes de associações com centros afectivos diencefálicos. Foi desenvolvida pelo Prof. Egas Moniz e valeu-lhe o Prémio Nobel.

Este deslocava-se frequentemente à CST, começou imediatamente a realizar aí as célebres intervenções. Só em 1936, quando a nova técnica ainda ensaiava os primeiros passos, realizou 9.

De todas estas formas de tratamento hoje pouco mais nos resta que a sua história, mas todas ela contribuíram para realçar e desenvolver o papel do enfermeiro em enfermagem psiquiátrica.

A CST acompanhou e contribuiu de maneira definitiva para a grande revolução psiquiátrica realizada em Portugal a partir de meados do século XX.

A década de 50 foi a grande viragem da psiquiatria, com a implementação maciça da quimioterapia, a que se refere o Dr. Pistacchini Galvão, clínico do Telhal: “ Entrámos na era da psicofarmacologia, dos neurolépticos ( 1952 ), dos antidepressivos ( a Imipramina data de 1957 ), dos ansiolíticos ou tranquilizantes, que vão progressivamente tomando o lugar ”, “ A eficácia, pelo menos sintomática, dos psicofármacos, atenuando rapidamente a sintomatologia psicótica, modifica o comportamento do doente, desalienando-o e permitindo uma relação terapêutica complementar no plano psicológico e sociológico ”.

1952 marca a entrada na CST do Serpasil e do Largatil, derivados da Fenotiazina. Daí para cá, não mais parou a utilização dos psicotrópicos, que permitem uma humanização cada vez maior dos tratamentos hospitalares dos doentes psicóticos.

Segundo o Dr. José Castelão, a CST em muito contribuiu para a investigação científico-farmacológica em Portugal, refere-nos em 1995 que:

“ … desde sempre o corpo clínico desta Casa se preocupou com os trabalhos de investigação, colaborando com os Laboratórios no ensaio de novos medicamentos psicotrópicos. ”

“ No ano de 1985, em colaboração com os colegas Silveira Nunes e Vasconcelos Rodrigues, tivemos oportunidade de ensaiar o Haldol Decanoato, que recentemente havia sido introduzido em Portugal, … ”

“ … em 1987, ensaiei um novo neuroléptico, o Risperidone, que ainda não se encontra comercializado entre nós e que foi o primeiro ensaio realizado em Portugal com esta molécula. ”

Para além desta evolução terapêutica, hoje em dia o doente da CST tem à sua disposição serviços e programas de reabilitação estruturados, para além de meios de distracção, cultura e desporto que lhe permitem atingir a reorganização do seu mundo interior e reencontrar a identidade consigo mesmo, lhe incute a consciência de ser uma pessoa entre as outras pessoas, lhe restitui dignidade e lhe franqueia a porta de regresso à sociedade quando possível e, se possível, ao trabalho que a doença obrigou a interromper.

Assim na CST desde sempre se pretendeu prestar uma assistência marcada pela inovação e vanguarda.

Esta pesquisa que realizei em muito se deve ao Irmão Enfermeiro Cândido Costa e aos seus testemunhos que ainda tive o prazer de ouvir dos seus próprios lábios nos poucos meses que o acompanhei em vida. É justo que enalteça o trabalho e a dedicação que ele sempre teve para com os doentes e para com a Enfermagem, sobretudo na Casa de Saúde do Telhal.

BIBLIOGRAFIA:

BOTELHO, José Rodrigues – História da enfermagem psiquiátrica em Portugal, Lisboa 1996, p. 42-46.
CORDO, Margarida – Casa de Saúde do Telhal, apresentação 1893 – 2003, Lisboa 2003, p. 3-11.
COSTA, Ir. Cândido da – Clínica escolar dos irmãos de S. João de Deus – Hospitalidade, nº 72, 1953, p. 402 – 404.
LAVAJO, Joaquim Chorão – Ordem Hospitaleira de São João de Deus em Portugal 1892 – 2002, Lisboa 2003, p. 185-205.

 

 

 

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Percepção do estado de saúde da pessoa idosa institucionalizada

Dez 28, 2011

Artigo Original

Percepção do estado de saúde da pessoa idosa institucionalizada

Perceived health status of institutionalized elderly

Autora: Zélia Ferreira

Zélia Ferreira: Licenciada em Enfermagem; Mestre em Saúde e Envelhecimento. Corresponding author: zeliapatricia@portugalmail.pt

RESUMO
Ao refletir sobre os fenómenos demográficos da população, emerge subtilmente a noção que a população tende a envelhecer, este fenómeno estende-se para além das fronteiras de um país (Portugal), e adquire uma dimensão europeia e mundial.
É perante esta realidade que todos os profissionais de saúde devem estar sensibilizados para prestar cuidados a pessoas neste estadio da vida, de tal modo que a sua intervenção seja global, humana e digna de resposta às necessidades destes indivíduos.
Neste artigo, é feita uma breve exposição de um estudo realizado com um grupo de idosos institucionalizados. Este estudo teve como principal objectivo: avaliar a percepção do estado de saúde da pessoa idosa institucionalizada. Foram recolhidos dados através de uma caracterização sócio-demográfica, através do Mini Mental State e através do Questionário de auto-avaliação da saúde e do bem-estar físico (de Fonseca e Paúl, 1999). Os dados obtidos foram trabalhados numa perspectiva de estatística descritiva e estatística inferencial.
A expetativa dos resultados alcançados num estudo, é o motor de motivação para quem o elabora, e neste trabalho foi uma constante. Os resultados obtidos permitem afirmar que: a maioria dos indivíduos que participaram no estudo designa a sua saúde em geral como “aceitável” ou “fraca” e relacionam a percepção do seu estado de saúde com a
saúde dos seus pares, nomeadamente quando se reportam aos itens relacionados com aspectos físicos.
Palavras-chave: percepção, saúde, idoso, institucionalização

INTRODUÇÃO

O investimento no estudo da “Saúde e Envelhecimento” faz todo o sentido quando, no início do século XXI, a sociedade se depara com uma população envelhecida.

O facto de um ser vivo envelhecer faz com que ocorram mudanças, ao longo do ciclo de vida e o ser humano não é excepção. Daí que ocorram alterações nas diversas dimensões que o compõem: biopsicossocioculturais.

Dada a caracterização actual da população mundial e nacional (portuguesa) e uma projecção, não muito longínqua, que indica um aumento considerável da população idosa, importa perceber a dinâmica e a concepção da pessoa idosa numa visão holística, onde a saúde ganha um lugar de destaque.

A saúde, não é só uma inquietude dos profissionais de saúde que trabalham com pessoas envelhecidas, mas é também um dos principais objectos de preocupação dos próprios idosos, uma vez que o aumento da sua fragilidade está marcado, existe uma diminuição da sua capacidade funcional e, por conseguinte, o aumento da sua dependência.

O cuidar ao ser humano fundamenta-se nos conhecimentos científicos sobre o processo de viver/envelhecer. Os conhecimentos que dão base ao cuidar das pessoas que envelhecem incluem o entendimento das necessidades, das adaptações e das mudanças que ocorrem ao longo do ciclo de vida. É importante e prioritário saber quais as necessidades sentidas em cuidados face à doença e às perdas de funcionalidade e autonomia, daí ser tão relevante escutar a palavra das próprias pessoas que possuem a vivência de estar institucionalizadas.

Na mesma linha de pensamento, é de extrema pertinência aprofundar os conhecimentos nesta área, uma vez que os profissionais de saúde têm um papel bastante importante para que as pessoas vivam a sua velhice de forma feliz, equilibrada e consistente. Isto não só nos momentos onde a doença está presente, mas também quando a prevenção é fundamental, independentemente do seu contexto ambiental. A percepção que a própria pessoa tem do seu estado de saúde, é um aspecto elementar a ter em conta na tomada de decisão no âmbito da intervenção em saúde. Isto quando se pretende ter uma melhoria da intervenção tendo em conta as características das pessoas, grupos, ou comunidade, não obstante os contextos onde estão inseridas e as suas necessidades.

Com a realização deste estudo espera-se contribuir para desmistificar o estereótipo de lar de idosos enquanto “gueto social” para pessoas idosas. Pretende-se também que os resultados deste estudo venham a contribuir para uma intervenção mais adequada dos profissionais de saúde que trabalham com as pessoas neste contexto, promovendo uma intervenção mais assertiva e congruente, no sentido de tornar a prestação de cuidados a pessoas idosas nas instituições mais individualizada e promotora da qualidade de vida.

É pertinente estudar os fenómenos relacionados com a saúde dentro deste tipo de instituições porque dada a expansão destes contextos sociais, em função das alterações demográficas e consequentes alterações sociais, é crucial reflectir e pensar nesta realidade como uma resposta aceitável e satisfatória para todos os intervenientes, quer para os próprios idosos, quer para a respectiva família e para a instituição.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo descritivo de nível I, correlacional, analítico, transversal e com uma abordagem metodológica quantitativa.

Foram enunciadas as seguintes hipóteses:
1. Existe relação entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas e os dados sócio – demográficos?
2. Existe relação entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas e a saúde dos seus pares (outras pessoas do mesmo género e da mesma idade)?
3. Existe relação entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas e os hábitos de vida, nomeadamente, hábitos alcoólicos e hábitos tabágicos?
4. Existe relação entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas e a presença de determinados colaboradores numa instituição, nomeadamente, Director Técnico,
Assistentes Operacionais, Enfermeiro, Médico, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Técnico de Nutrição e Animador Sócio–Cultural?

Tendo em conta o referencial teórico, e uma vez que estudou um fenómeno numa determinada população, com as suas características específicas, foram definidas as seguintes variáveis :
· Sócio - demográficas e profissionais: género; idade; estado civil; tempo de residência na instituição; habilitações literárias; actividade profissional (antes de situação de reforma) e motivo de institucionalização.
· Deterioração cognitiva – este parâmetro poderia ser utilizado como uma variável, no entanto foi unicamente utilizado para selecção mais precisa dos intervenientes do
estudo.
· Percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas: saúde física; actividade física e mental; condição física; sono; audição; visão; consumo de tabaco e consumo de álcool.

Foram recolhidos dados, utilizando os seguintes instrumentos:
· Caracterização da população – alvo: Com este instrumento, criado para o efeito, pretende-se conhecer as características sócio - demográficas de toda a população - alvo do estudo. Daqui obtêm-se informações relacionadas com a capacidade de lotação das instituições, a idade máxima e mínima dos residentes, divisão por género e por estado civil.
· Questionário de auto-avaliação da saúde e do bem-estar físico: A aplicação do Questionário de Auto-Avaliação da Saúde e do Bem-Estar Físico de Fonseca e Paul (1999) tem como objectivo avaliar os índices de saúde percebida em grupos de indivíduos com idade avançada, com competência associada ao processo de envelhecimento. Estudo piloto sobre envelhecimento, versando os seguintes indicadores relativos à saúde e ao estilo de vida: (i) Saúde física, (ii) Actividade física e mental, (iii) Condição física, (iv) Sono, (v) Audição, (vi) Visão, (vii) Consumo de tabaco, (viii) Consumo de álcool. (Fonseca e Paul, 2004).
O meio onde se desenvolverá este estudo será em instituições denominadas por “lares de idosos”, enquanto resposta social, em que os indivíduos idosos permanecem na instituição numa lógica de alojamento colectivo definitivo.

As instituições que deram alçadas a este estudo são aquelas que se enquadram nos seguintes requisitos:
· Conferir alojamento colectivo aos seus residentes, de cariz definitivo;
· Estar localizado no concelho de Santarém, independentemente do tipo de natureza jurídica. No concelho de Santarém existe uma instituição de carácter público, sete de carácter privado e três Institutos Privados de Solidariedade Social;
· Possuir alvará de funcionamento actualizado, segundo o Instituto da Segurança Social – Centro Distrital de Santarém.

A técnica de amostragem é inteiramente não probabílistica por conveniência.

A população passível de ser estudada pertence a 9 instituições distintas, deste conjunto 62 indivíduos fazem parte da instituição de cariz público, 155 indivíduos das instituições de cariz privado e 120 indivíduos de Instituições Privadas de Solidariedade Social.

No seu total esta população é constituída por 337 indivíduos, 234 são do sexo feminino e 103 são do sexo masculino.

A constituição da amostra passou por incluir as pessoas que residam em lares de idosos (anteriormente descritos) e que:
· Tenham mais de 65 anos;
· Aceitem participar no estudo deliberadamente (consentimento assinado);
· Residam na instituição há mais de 6 meses;
· Sem defeito cognitivo;

RESULTADOS

A amostra foi constituída por 75 indivíduos, com média de idades a rondar os 83,2 anos, em que 36% são do género masculino, 57,3% são viúvos e 25,3% são casados. Deste conjunto, 60% tem instrução primária. Da amostra 12,6% das pessoas estão institucionalizadas há 6 meses e a “dificuldade em auto-cuidar-se” é o principal motivo pelo qual foram para a instituição, e na sua maioria, foram para a instituição por iniciativa própria.

O tratamento dos dados foi feito através da análise dos dados obtidos pela estatística descritiva utilizando como suporte informático o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 17.0 para o Windows.

Uma vez que seria demasiado extensa toda a informação obtida, aqui apenas se faz alusão aos dados obtidos no Questionário de auto-avaliação da saúde e do bem-estar físico (Fonseca e Paúl, 1999), referente ao item “saúde física”, embora este tratamento tenha sido feito para todos os itens que a compõem. (Tabela nº 1)

Neste estudo, as hipóteses foram testadas por correlação bivariada (com o recurso ao coeficiente de correlação de Spearman).

A tabela nº 2 expõe as variáveis que se correlacionam entre si.

DISCUSSÃO

Em investigação nem sempre os resultados que são esperados são os que se obtêm efectivamente, porém há que perceber a realidade com base nos valores estatísticos obtidos, sustentada pelo referencial teórico.

O objectivo deste estudo foi avaliar a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas, tendo em conta os objectivos específicos é possível apresentar as seguintes conclusões:
· A grande maioria da amostra designa como “aceitável” ou “fraca” a sua percepção da saúde, em geral;
· Neste caso, os dados sócio–demográficos não têm relação com a percepção do estado de saúde destas pessoas, ao contrário do que nos é dito pelos autores, possivelmente este facto dever-se à homogeneidade que caracteriza a amostra, devido à institucionalização destas pessoas;
· Existe relação significativa entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas institucionalizadas e a saúde dos seus pares, essencialmente quando se abordam itens relacionados com aspectos físicos. Há que referir que os intervenientes do estudo quando se pronunciam sobre a própria saúde os resultados tendem para uma dimensão mais negativa, mas quando se compraram com outros (da mesma idade e do mesmo sexo) percepcionam-se numa medida mais positiva;
· No que concerne aos hábitos de vida, não existe relação entre a percepção do estado de saúde das pessoas idosas e os hábitos alcoólicos e os hábitos tabágicos;
· Não existe relação entre as instituições que participaram no estudo e a percepção da saúde das pessoas idosas institucionalizadas.

CONSIDERAÇÃO FINAL

É importante ter em conta que os idosos de hoje são diferentes dos idosos das gerações anteriores e os futuros idosos terão outras especificidades em comparação com os idosos actuais, e é com base neste raciocínio que faz sentido investigar e investir no conhecimento directamente relacionado com a Gerontologia.

REFERÊNCIAS

GUERREIRO et al - Avaliação breve do estado mental in Guerreiro, Garcia & Mendonça, Escalas e testes na demência. Grupo de Estudos de Envelhecimento Cerebral e Demência (2003);
FONSECA e PAUL - “Saúde percebida e passagem à reforma” in Psicologia, Saúde & Doenças, Vol. 5, Nº 1 (2004);
PAUL et al - “EXCELSA – Estudo piloto sobre o envelhecimento humano em Portugal” in Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, Vol. 2, Centro de Estudos em Educação e Psicologia, Universidade do Minho (2001);

TABELAS

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